'Bairros de Arcos': na ‘Boa Vista’ faltam água, iluminação, limpeza urbana; e as crianças vão à escola por um caminho de terra

Eliel Alves, caminhoneiro, tem 44 anos e é casado com Wilza Carla (41), ambos são nascidos na comunidade Boa Vista. Ele esteve fora da comunidade, mas retornou há aproximadamente 10 anos. O casal tem dois filhos e reside próximo à escola municipal ‘Sebastião Teixeira Borges’.

Ele diz que a comunidade não recebe a atenção que deveria: “Há anos que ‘pelejamos’ e a Prefeitura nunca deu atenção. Para a ‘Ilha’ [comunidade], eles fazem de tudo: poço artesiano novo, quadra e é tudo arrumadinho. Na Boa Vista, que tem bastante morador também, eles ‘não estão nem aí’”.

Eliel procurou a Redação do Jornal CCO para denunciar a situação que ele classifica como ‘abandono’, contando que já foi presidente da associação da comunidade. “De quatro em quatro anos, trocam os políticos na Prefeitura e nada é feito. A comunidade não recebe investimento”.

Comunidade existe há mais de 80 anos

O caminhoneiro conta que não tem certeza de quando a comunidade surgiu, mas, considerando os mais idosos, que nasceram e sempre viveram na Boa Vista, a comunidade ultrapassa 80 anos de surgimento.

A comunidade Boa Vista está localizada a 15 quilômetros de Arcos e chega-se até ela pela rodovia MG-170 (no sentido de Lagoa da Prata) e pela estrada da antiga Química Barra do Piraí (depois Imerys, que está extinta em Arcos). É por esse caminho que se chega à comunidade da Boa Vista. Conforme Eliel, é um lugar tranquilo, com cerca de 700 moradores.

Crianças caminham no barro

Eliel diz que a estrada que leva até a entrada da escola é um caminho de terra e poeira (no clima seco) e de barro, durante o período chuvoso. “As crianças precisam ir descalças e lavar os pés ao chegar na escola, para colocar o calçado”. Ele também diz que é uma extensão entre 200 e 300 metros da comunidade até a escola municipal ‘Sebastião Teixeira Borges’. “Dias atrás, até colocaram um pouco de cascalho, que já sumiu quase todo. Fora isso, nada” – conta.

Poço artesiano é insuficiente

Eliel afirma que outro problema grave é a falta de água. Ele conta que há somente um poço artesiano. Segundo ele, a bomba do poço fica ligada 24 horas e a caixa d’água se divide para atender os moradores da parte alta e da parte baixa da comunidade: “Há dias que tem água para o pessoal da ‘baixada’, daí precisa fechar a água para mandar pro pessoal de cima”. Com isso, ele avalia que o poço não dá conta e afirma que precisaria de outro poço.
Ele diz que já foi à Prefeitura muitas vezes e conseguiu trazer a reportagem da TV Alterosa. “Nada resolve, nada acontece”.

Iluminação é precária e o lixo se acumula

“A iluminação pública é precária e você precisa ver a sujeira na entrada da rodovia: é lixo. É complicado, estamos abandonados” – ele lamenta.

Eliel diz que a escola é boa e bem-arrumada, mas as crianças não têm área de lazer, pois a quadra é fechada fora dos horários de aula.

Campo de futebol abandonado

“O campo de futebol, que era a alternativa para a criançada se divertir, está tomado pelo matagal. Os vestiários, que estavam destruídos, acabaram sendo demolidos recentemente. Há pouco, numa das pontas do campo, foi instalado um parquinho e uma academia ao ar livre”.

Sem Posto de Saúde 

Também não há posto de saúde na Boa Vista. O PSF mais próximo fica a cinco quilômetros de distância, na comunidade da Ilha. Quem não pode caminhar até a Ilha, precisa arrumar uma moto ou bicicleta para se deslocar ou buscar atendimento de saúde na área urbana de Arcos, usando o transporte público.

Prioridades

Eliel diz que a prioridade é um caminho melhor e iluminado para as crianças irem à escola: as aulas são somente durante o dia, mas algumas vezes há festas na escola.

 

Na sequência, na opinião dele, a necessidade é instalar mais um poço artesiano para que todos possam ter água durante todo o dia.

Enfim, a comunidade da Boa Vista está carente de ações efetivas, no sentido dos serviços básicos.

Governo Municipal
 
Na manhã de ontem (14), o Jornal CCO enviou pedido de informações à Prefeitura Municipal, mas, até o fechamento desta matéria, não recebeu retorno. Quando as informações forem enviadas à Redação, serão publicadas.