Edgar Allan Poe. Nunca Mais ...
Mística Literária
Que rufem os tambores para a exposição de mais um talentoso autor, poeta, editor e crítico literário: EDGAR ALLAN POE (1809-1849), um dos primeiros escritores americanos de contos góticos. Esse grande escritor é muito citado na famosa série da Netflix – Wandinha – que vale muito a pena ser assistida.
“Suas histórias quase sempre tratam de temas relacionados à psicologia humana, e não raro sob a forma de contrastes: racional versus irracional; humano versus animal; sanidade versus loucura; amor versus ódio; bem versus mal; e também do poder da obsessão e da culpa”.
“Em muitas de suas obras, Poe está interessado na fronteira entre os opostos e como esta pode ser cruzada. A capacidade para a violência está dentro de cada um de nós, por mais dóceis e humanas que nossas disposições possam parecer”. (FAGUNDES; PINHO, 2018, p. 01). Isso nos remete à história do Médico e o Monstro, por causa da natureza dual do homem que pode ser bom ou ruim.
“O corvo é a obra mais famosa de Edgar Allan Poe, e considerado um dos poemas mais perfeitos já escritos por sua estrutura estética e literária. O enredo versa sobre os delírios de um homem após a morte de sua amada, Leonora, e trata sobre a dor da perda a falta de esperança e a angústia da existência. O narrador sem nome está folheando um livro antigo em uma noite escura de dezembro quando ouve uma batida. Quando abre a janela, um misterioso corvo pousa sobre o busto de Atena, e o narrador começa a indagar-lhe sobre vários assuntos, sempre obtendo a mesma resposta”. (FAGUNDES; PINHO, 2018, p. 01). O corvo sempre responde “NUNCA MAIS”. Veja-se a seguinte estrofe (POE; 2018, p. 19):
E assim o pássaro de ébano desenhou um sorriso
em meu rosto triste,
Pelo decoro solene e severo de semblante em riste.
“Embora tenhas a crista curta e aparada”, disse eu,
“certamente de covarde não tens nada.
Então, diga, velho corvo mal-humorado, que da noite
escura e sombria vaga,
Que nome levas, por estas bandas ou trevas?”
Disse o Corvo: “Nunca mais”.
Além desse poema icônico escrito em 1845, Poe tem inúmeros contos muito intrigantes. Inclusive, o meu conto favorito do renomado autor é LIGEIA (1838). É um conto que também trata sobre o imenso sofrimento pela perda da mulher amada, a majestosa Lady Ligeia, que é acometida por uma grave doença que provoca sua morte. Antes de morrer, a bela dama pede para que seu marido (o narrador) leia alguns versos de um poema que ela mesma havia composto. Portanto, aborda a morte de maneira extremamente poética.
Após essa tragédia, o narrador entrega-se à loucura e passa a consumir ópio. Posteriormente, mesmo não sentindo amor, casa-se com Lady Rowena que também adoece e fica entre a vida e a morte. Então, no leito de morte de Rowena, o viúvo passa a enxergar que aquele corpo era de Lady Ligeia. É um conto muito intrigante, pois fica o mistério sobre a primeira esposa provocar a morte da segunda ou se seria apenas alucinação do narrador por causa do ópio.
Interessante que o autor também trata da oposição no mencionado conto, tendo em vista que a aparência física das duas mulheres é oposta. Enquanto Ligeia tem cabelos e olhos pretos, Rowena é loira e tem olhos azuis.
Ante o exposto, convido você a ler o poema e o conto apresentado, bem como a conhecer outras obras viciantes de Edgar Allan Poe.
Referências:
POE, Edgar Allan. O corvo e outros contos. Tradução Marta Fagundes;
Fátima Pinho – 1. Ed. – São Paulo: Pandorga, 2018.
POE, Edgar Allan. O gato preto e outras histórias extraordinárias. Tradução
Marta Fagundes; Fátima Pinho – 1. Ed. – São Paulo: Pandorga, 2018.