Calçamento da cidade, investimentos em escolas e outras importantes iniciativas

Antes da gestão de Edgar Faria, não havia calçamentos nas ruas de Arcos – informação da Revista Flash Minas de 1961 

Calçamento da cidade, investimentos em escolas e outras importantes iniciativas

Edgar Faria Gontijo nasceu em 12 de fevereiro de 1920 e faleceu em 1991, aos 71 anos. Foi casado com Juracy Guimarães de Faria (in memoriam) e o casal teve seis filhos biológicos: Fernando (in memoriam), Olívio (“Zizo” – que também foi prefeito de Arcos /in memoriam), Maria da Glória (in memoriam), Fausto (in memoriam), Solange e Evaristo (Lilito). Kênia é filha adotiva.

Edgar foi prefeito de Arcos em duas gestões. Na primeira (1º/02/1959 a 31/01/1963), teve ao lado o vice-prefeito José Bernardes Sobrinho (Juca Militão). O prefeito anterior era o médico João Vaz Sobrinho (que cumpriu seu quarto e último mandato). Na primeira gestão, Edgar Faria foi sucedido por Albertino da Cunha Amorim e retornou para cumprir a gestão 1º/2/1967 a 31/01/1971, tendo como vice, Colotário Alves. José Rezende foi o próximo prefeito de Arcos, apoiado por ele.


A Revista Flash de Minas (ano 1961) publicou reportagem sobre a gestão de Edgar Faria Gontijo, com o título: Um administrador capaz e sobretudo bem-intencionado. O CCO teve acesso a uma cópia da edição, cedida pelo Museu do Enéias. O texto, assinado por A.C. Cunha, começa assim:

“Boa estatura, cabeça começando a grisalhar, calado e sistemático, assim é o prefeito da progressista cidade de Arcos, Sr. Edgar Faria Gontijo. Com 41 anos de idade, o chefe do Executivo arcoense é um pacato cidadão que não mede esforços e nem sacrifícios para dar ao povo da sua comuna um melhor nível de vida. Sem fazer alarde e governando com prudência, o Sr. Edgar Faria Gontijo tem feito obras de grande vulto e há muito reclamadas pela população. Avesso à publicidade e a elogios, não deseja continuar na vida pública após o término do seu mandado.

Homem de posses e bastante estimado em toda a região Oeste, poderia se eleger facilmente, caso quisesse, deputado à Assembleia Legislativa ou até mesmo à Câmara Federal. Quando alguém lhe pergunta se não tem outras pretensões políticas, invariavelmente responde: - Felizmente, não. Assim que deixar a Prefeitura, quero voltar a me dedicar inteiramente a negócios particulares, que estão meio paralisados desde que tomei posse”. Edgar Faria era fazendeiro.

Na mesma reportagem, é relatado que ele foi eleito pelo PSD (Partido Social Democrático) e sempre contou com a maioria na Câmara de Vereadores. Apesar das “naturais intrigas políticas”, até então estava conseguindo realizar seus projetos administrativos, com apoio o Legislativo Municipal.

A.C. Cunha continua a reportagem com descrições de Edgar Faria: “Fala mansa, conduta ilibada e peculiarmente sincero, o Sr. Edgar Faria Gontijo tem contado até agora também com o decidido apoio do povo local, que vê nele a figura de um administrador capaz e, sobretudo, bem-intencionado. Sem inimigos particulares, apesar disso conta com elevado número de adversários políticos. Estes, sem elementos capazes de incompatibilizá-lo com a opinião pública, outra coisa não fazem senão ficar silenciosos; e em consequência disso, a cidade passou a viver num clima de completa paz política. Neutralizando os adversários mais ferrenhos, sem, contudo, hostilizá-los, conseguiu, em virtude disso, voltar os olhos exclusivamente para os inúmeros problemas de sua administração e, aos poucos, vai dando as necessárias soluções a todos eles”.
 
“O primeiro superávit da Prefeitura de Arcos”

Em entrevista à Revista Flash de Minas (edição de 1961), Edgar Faria disse que no exercício daquele ano, Arcos teria seu primeiro superávit. “Felizmente, neste ano, vamos conhecer ‘superávit’, se Deus quiser. Ao que tudo indica, a previsão que fizemos vai dar quase que exatamente certo, pois para uma arrecadação de Cr$ 4.956.704,60, vamos ter uma despesa já evidentemente orçada em Cr$4.262.856,00. [...] O superávit será da ordem de Cr$693.848,60.

Conforme relatou o então prefeito, o Município não recebia recursos do Governo do Estado, dificultando os investimentos necessários. “A única esperança que temos agora é que o eminente governador Magalhães Pinto, com sua peculiar inteligência e o seu reconhecido desejo de amparar eficazmente os municípios, venha a voltar os olhos para esta cidade que o viu crescer e que já lhe deu inúmeras provas de gratidão e estima”.

Na época, o então Prefeito informou ao jornalista da Flash Minas que a Prefeitura de Arcos mantinha 20 escolas rurais e que o número era insuficiente para atender a todas as crianças em idade escolar. Além das escolas municipais, Arcos contava apenas com um “grupo escolar estadual” [que provavelmente era a escola “Iolanda Jovino Vaz”] e com a Escola Comercial Arcoense [“Colégio Dom Belchior”], para “estudo de grau médio”, que mantinha certo número de alunos bolsistas. “Para amenizar um pouco a situação da falta de grupos escolares, pretendo solicitar ao secretário Oscar Dias Corrêa que inclua Arcos na relação de cidades a serem beneficiadas com novas unidades educacionais primárias”, disse ao jornalista. Ele se empenhava para conseguir, junto à Secretaria de Educação do Estado, a construção rápida de um novo grupo escolar com capacidade para atender pelo menos 1.200 crianças.

Início do calçamento da rua Getúlio Vargas, em Arcos 

Obras

A Revista Flash Minas noticiou as seguintes obras realizadas na gestão de Edgar Faria [até 1961]: “o calçamento das principais ruas, o restabelecimento da iluminação pública, a construção de um novo matadouro e de várias pontes, a instalação da Prefeitura em prédio mais amplo, a captação de um volume maior de água e, finalmente, a melhoria e conservação das estradas municipais que estavam em lastimável estado”. O prefeito informou, na ocasião, que a energia elétrica fornecida pelas duas usinas de propriedade da Prefeitura era insuficiente para o consumo e, portanto, havia a expectativa da celebração de um convênio com a Cemig, para fornecimento de energia gerada em Gafanhoto.

No livro História de Arcos, de Lázaro Barreto (1992), são relatadas as obras das duas gestões de Edgar Faria. Na primeira gestão, as principais realizações foram as seguintes: calçamento de várias ruas e praças; asfaltamento da avenida Governador Valadares; canalização de água potável do Córrego das Almas, em tubos galvanizados; construção de várias escolas na cidade e na zona rural; eletrificação de muitas partes da cidade, inclusive do bairro Bela Vista. Na segunda gestão: calçamento de ruas do centro e dos bairros; convênios para construção de escolas estaduais; construção de escolas municipais; empossamento do imóvel onde funcionava a Prefeitura (prédio antigo); melhoramento em ruas, praças e estradas rurais e outras.

Edgar Faria começou a vida trabalhando em um engenho

Em 2020, o CCO conversou com Solange Maria Guimarães de Faria, filha de Edgar Faria. Ela nos cedeu relatos sobre o pai. Edgar era filho de Maria da Conceição Álvares Gontijo e José Vieira de Faria. Passou a maior parte da sua infância e juventude na Fazenda do Engenheiro, em Calciolândia, onde trabalhou em um engenho, fabricando aguardente para ser vendida na região. Fez o curso primário no antigo Grupo Escolar de Arcos e também estudou em Calciolândia. Aos 18 anos, fez o Tiro de Guerra. Participou da Diretoria de vários partidos políticos, sendo eleito presidente da Aliança Renovadora Nacional. Também foi membro das diretorias do PSD e do PFL (Partido da Frente Liberal).

Solange contou que o pai era bem-humorado e amável. “Estava sempre com a gente, com a família. Ele sempre me pegava no colo, mesmo quando eu já estava grande. Eu o acompanhava nas inaugurações, quando ele era prefeito. Sinto-me muito orgulhosa diante do que meu pai fez pela cidade. Eu era pequena na primeira gestão, mas lembro de tudo. Sinto muita saudade dele e da minha mãe”. Apesar de sua grande contribuição para o Município, Edgar Faria não nomeia nenhuma rua ou instituição em Arcos, lamentou a filha.

Arcos em 1961: desenvolvimento comercial e industrial

Arcos é descrita na Revista Flash Minas [Edição de 1961] como uma cidade riquíssima, já naquela época, devido seu solo ter grandes reservas de calcário, além de inúmeros minérios preciosos. A cidade também possuía um dos maiores rebanhos de bovinos, suínos e equinos e estava com uma agricultura em grande desenvolvimento, produzindo abundantemente milho, arroz, feijão e mandioca e – em menor escala – café, cana de açúcar, algodão, abacaxi e batatas, ocupando lugar de destaque na pecuária mineira.

A partir de 1955, as atividades comerciais arcoenses tiveram maior desenvolvimento, assim como o setor de construção civil. No setor industrial, Arcos já contava com várias fábricas importantes, a exemplo da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Icominas e a Companhia de Cimento Portland Itaú, do Grupo Votorantim. Com maior destaque na revista estão as empresas Samigue – que produzia leite em pó e manteiga – e a Comice, que produzia cimento.

De acordo com o recenseamento realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 1960, Arcos contava com 17.213 habitantes.

Matéria publicada pelo Jornal CCO impresso em 25/07/2020 - Edição 2061