Cansaço e impaciência: vitaminas e sais minerais podem ajudar  

A nutricionista Viviane Soares, que atende em Arcos, contribui com informações que podem transformar sua vida 

Cansaço e impaciência: vitaminas e sais minerais podem ajudar  
Foto: arquivo pessoal

Ter disposição para trabalhar, estudar, cuidar da família, praticar atividade física e se divertir não é um privilégio de todos. É cada vez mais comum, nas conversas do dia a dia, ouvirmos comentário do tipo: “O que mais gosto de fazer é dormir”, “Não tenho ânimo para sair de casa”, “Não tenho disposição para academia”, “Vivo estressado e mal-humorado”.

A exaustão, em consequência de uma vida com multitarefas, pode resultar em desânimo, impaciência e até mesmo doenças. Como cuidar disso sem ter que tomar medicamentos com bulas repletas de contraindicações e efeitos colaterais?  

Para garantir informações úteis aos nossos leitores, entrevistamos a nutricionista Viviane Soares, que é pós-graduada em Nutrição Funcional e atua na área há nove anos, com atendimentos em seu consultório na cidade de Arcos.

É importante lembrar que o trabalho dos nutricionistas não se limita a montar dietas alimentares para quem quer perder peso. “Muito além de propor dietas, nós, como nutricionistas, procuramos restabelecer o equilíbrio do organismo como um todo, com estratégias para manter os sistemas corporais em saúde ótima”, além de outras atuações.

Leia a entrevista na sequência:

Jornal CCO - Quais são as principais vitaminas e/ou sais minerais que contribuem na redução do cansaço e do estresse?


Viviane Soares: De fato, existem substâncias presentes em alimentos que promovem a modulação de hormônios como o cortisol, a serotonina e dopamina, reduzindo os níveis de estresse, ansiedade e depressão. Estamos falando dos alimentos ricos em polifenóis, vitaminas e minerais, tais como zinco, selênio, vitamina C, magnésio, ácido fólico e outras vitaminas do complexo B, triptofano, carboidratos, fibras e gorduras boas. Aqui estão contemplados os alimentos folhosos e verdes escuros (como couve, agrião, brócolis, rúcula), também aqueles que são fontes de carboidratos e fibras, como aveia, aipim, inhame, arroz e pães integrais, quinoa e as leguminosas em geral (como grão de bico, lentilha, feijão). Em tempo: o abacate e as castanhas, como nozes, amêndoas, semente de girassol e chia não ficam de fora dessa lista e, até mesmo, estimulam a produção de serotonina e dopamina, hormônios responsáveis pela sensação de felicidade e bem-estar.

Com relação à suplementação, é indicada sempre que percebemos que o paciente está vivendo sob estresse, o que conseguimos identificar durante a consulta. Obviamente, nesses casos, o histórico clínico é soberano e prevalece sobre os resultados de exames. Ou seja, a suplementação pode ser prescrita quando identificamos que o paciente está sob estresse, ainda que os exames estejam normais. Alguns indicadores são: baixa na imunidade, lapsos de memória, prevalência de irritação e sentimentos negativos ao longo do dia…entre outros. Já pensando em exames, um importante indicador é o hormônio cortisol, porém, mesmo que o cortisol esteja normal, se houver queixas do ponto de vista clínico, estas já podem justificar a suplementação, como disse anteriormente. O suplemento número um para combate ao estresse é o Magnésio. Vitamina B5 e Vitamina C costumam cair em quadros de forte estresse e a reposição destas também é indicada. Assim como a suplementação de Vitamina D e Vitamina K2. Basicamente é isso, mas o nutricionista, a partir da anamnese, irá identificar a melhor prescrição para o paciente, haja vista que esta é sempre individualizada.

Outra estratégia bastante utilizada pelos nutricionistas é a prescrição de probióticos, que têm sido cada vez mais vinculados à redução de sintomas de estresse, considerando que após a suplementação ocorre melhora da função de barreira epitelial; supressão do crescimento e ligação de bactérias patogênicas, além de efeito positivo na hipersensibilidade visceral e efeito imunomodulador.

E aqui cabe uma explicação, já que a relação entre intestino e estresse pode não parecer tão óbvia. Ocorre que o estresse não afeta somente o cérebro. Em meio a tantas reações possíveis no organismo que ele pode causar, o esgotamento físico e emocional é capaz até mesmo de comprometer o sistema imunológico e a microbiota intestinal faz parte desse contexto, já que o aparelho digestivo possui 70% das células neurais do corpo. Não à toa ele é até considerado um segundo cérebro. Por sua vez, a microbiota possui praticamente o mesmo número de células do nosso organismo e 100 vezes mais genes do que o genoma humano, participando ativamente do diálogo entre o intestino e cérebro.

Assim, mudanças no comportamento e de humor têm potencial de alterar a composição da microbiota intestinal.  Em consequência, pode ocorrer comprometimento da barreira intestinal, ativação de resposta imunológica e produção de mediadores inflamatórios.

É por isso que os probióticos são tão relevantes em casos de estresse. Vale ressaltar que o uso deles de forma geral tem forte associação com melhorias na atividade metabólica e nas condições físico-químicas do intestino, auxiliando o organismo como um todo.

Jornal CCO - Quais são as principais vitaminas e/ou sais minerais que contribuem para o aumento da imunidade, evitando que a pessoa adoeça com frequência?

Viviane Soares
: Para começar, é importante destacar que a alimentação adequada e saudável tem papel fundamental no bom funcionamento do sistema imunológico.  Por este motivo, a ingestão de vitaminas e minerais essenciais por meio da alimentação é primordial. Suplementos nutricionais podem ser prescritos para correção de deficiências nutricionais, conforme recomendação do nutricionista, sempre de forma individualizada e segura.

Os minerais ferro, selênio e zinco e as vitaminas A, C, D e E são os micronutrientes que apresentam maior relação com o sistema imune. Algumas boas fontes de zinco são: atum, azeite, salmão, chia, linhaça, gema de ovo, feijões, nozes, amêndoas, castanhas e semente de abóbora. Já o selênio está presente em carnes de modo geral, nos ovos, na aveia, castanha do Pará, no feijão e nas sementes de girassol. 
A vitamina A pode ser encontrada em alimentos como fígado, ovo e peixe e vegetais verdes e frutos amarelos/alaranjados, cenoura e tomate.
Sobre a vitamina C, esta é encontrada principalmente em frutas cítricas, tomates e pimentão verde, batata assada e verduras. É interessante notar que essa vitamina tem alta concentração nas células imunes, porém, na presença de infecções e distúrbios que elevam o nível de estresse, essa concentração tende a diminuir rapidamente.

Pensando agora na vitamina D, suas principais fontes são carnes, peixes, frutos do mar, ovos e cogumelos. Ela pode ser obtida pela síntese cutânea na presença de luz ultravioleta, quando o composto 7-deidrocolesterol passa a colecalciferol (D3). Vale destacar que a produção de vitamina D vem de duas fontes principais: da alimentação e da exposição ao sol, portanto, é recomendada essa exposição diária (antes das 10h ou após as 16h), cerca de 15 minutos por dia.

Sobre a vitamina E: é essencial para proteger o corpo do estresse oxidativo e do envelhecimento precoce das células; pode ser encontrada em amêndoas, no azeite, tomate seco, amendoim, pistache e nas azeitonas.


Jornal CCO – Comente sobre a importância dos exames bioquímicos e boa avaliação clínica do paciente

Viviane Soares: Os exames laboratoriais são ferramentas importantes, pois evidenciam dados valiosos não apenas para confirmar diagnósticos, mas sobretudo para prevenção, avaliação de doenças subclínicas, definição de prognóstico e monitoramento nutricional.

Identificar alterações bioquímicas de maneira precoce dá chance para o tratamento imediato e evita complicações na grande maioria das vezes.  
Não tenho dúvidas de que os exames são cruciais para que o acompanhamento nutricional seja concluído com excelência.

Vale lembrar que a avaliação nutricional como um todo vai além dos exames e tem como base parâmetros antropométricos (para avaliar tamanho, proporções e composição corporal), clínicos (análise das condições de saúde atuais e passadas do paciente, incluindo doenças crônicas, alergias alimentares, intolerâncias), dietéticos (hábitos alimentares e qualidade da alimentação, atitudes em relação aos alimentos, preferências e aversões) e bioquímicos (exames). Tudo isso é bastante relevante, pois esses elementos combinados fornecem informações para que o nutricionista consiga pensar nas estratégias mais eficazes e assertivas para cada pessoa.

Jornal CCO – Vitaminas e sais minerais podem ocasionar efeitos colaterais graves?

Viviane Soares
: Antes de iniciar a utilização de suplementos alimentares, é fundamental consultar um médico ou nutricionista. Esses profissionais poderão avaliar as necessidades nutricionais específicas de cada paciente, identificando possíveis deficiências, além de estarem aptos a fornecer orientações sobre os suplementos mais adequados para cada caso, de forma a chegar no tratamento mais eficaz possível.

Mas não só: esses profissionais são habilitados a fornecer informações sobre as doses corretas, a forma de uso e possíveis interações medicamentosas, minimizando assim os riscos e efeitos colaterais associados ao consumo de suplementos alimentares.

Vitaminas e minerais desempenham papéis de extrema importância para o bom funcionamento do organismo, com impactos nos diversos processos metabólicos e fisiológicos.

Os riscos associados ao uso de suplementos alimentares são a sobredosagem e as interações com medicações, o que pode ocorrer quando há o consumo de uma quantidade maior do que a recomendada de um determinado nutriente. A toxicidade pode variar de acordo com o tipo de suplemento, sendo que algumas vitaminas e minerais possuem um limite máximo de segurança bem estabelecido.

Por tudo isso, reforço que é muito importante que a pessoa só faça uso de suplementos mediante recomendação do profissional de saúde. É preciso que a população entenda que existem inúmeros benefícios associados à suplementação e quando esta é realizada da maneira correta. Este é, inclusive, um dos pilares da Nutrição Funcional, que trabalha com dietas específicas e suplementação nutricional visando melhorias na qualidade de vida do paciente, bem como a prevenção e o tratamento de doenças.

A nutricionista Viviane Soares atende em seu consultório na cidade de Arcos/MG. Consultas presenciais e online (atendendo todo Brasil). Telefone para contato: 37. 9.9192-2147 (ligações e WhatsApp). Instagram: @nutrivivi_psoares. Em breve, ela será colunista do Jornal CCO.