Casarão construído em 1924 pertenceu ao coronel que providenciou a emancipação de Arcos

Um dos poucos casarões antigos que ainda restam em Arcos está localizado na rua Sagrado Coração de Jesus, com acesso pela avenida Dr. Olinto Fonseca.
Pertenceu ao primeiro prefeito de Arcos, coronel José Ribeiro do Vale (gestão 28/12/1938 a 06/1939). Assista ao vídeo gravado pelo Portal CCO Arcos com um dos bisnetos dele, Júlio César Ribeiro de Oliveira, na varanda da casa, na última terça-feira, 5 de novembro. Ele é filho de Leopoldina Ribeiro de Oliveira e Paulo Marques de Oliveira.
A obra da casa foi concluída em 1924, há um século. Naquele ano, quando o Brasil estava no regime político oligárquico, o Município de Arcos ainda não havia sido criado e a região estava vinculada a Formiga, mas já existiam, aqui, as seguintes atividades econômicas: curtume (tratamento do couro de animais), engenhos de aguardente e rapadura, caieira (forno para calcinação de cal), moinho e engenho de serra - conforme consta no livro História de Arcos, de Lázaro Barreto (1992).
De acordo com informações obtidas pelo Portal CCO na Secretaria Municipal de Cultura (Semcelt), a residência a que se refere esta reportagem pertenceu primeiramente a Modesto Hermeto, que na época patrocinava uma casa de jogos que era usada também como salão de dança. Em seguida, o proprietário passou a ser o coronel José Ribeiro. Depois de alguns anos, a residência foi passada para a neta do coronel, Leopoldina Ribeiro de Oliveira (Dona Zita), esposa de Paulo Marques de Oliveira, que foi prefeito de Arcos por aproximadamente seis anos (gestão 1º/02/1977 a 31/01/1983).
Cel. José Ribeiro do Vale ficou à frente do Município por aproximadamente seis meses. Segundo os registros do livro História de Arcos, a principal atuação dele foi estabelecer relações políticas e administrativas na fase emancipatória. Ainda de acordo com informações do livro de Lázaro Barreto, José Ribeiro era descendente do conde Ribeiro do Vale, figura de destaque do império.
Memórias
Em entrevista ao CCO em maio de 2017, o engenheiro e comerciante Antônio Victor Ribeiro de Oliveira, filho de Dona Leopoldina e de Paulo Marques, falou sobre as contribuições que a família dele deu ao Município. Ele contou que seu bisavô, Cel. José Ribeiro do Vale, financiou a emancipação política e administrativa de Arcos: “Tinha que pagar uma quantia para o governo do estado e foi ele quem deu o dinheiro para elevar a cidade a uma condição de Município. Essa informação me foi passada pela madrinha Corina Ribeiro do Vale, filha do Cel. José Ribeiro do Vale”. A emancipação aconteceu em 17 de dezembro de 1938.
Sobre Dona Leopoldina, Antônio Victor relatou: "Minha mãe foi professora e também bibliotecária na escola estadual Yolanda Jovino Vaz. Junto ao meu pai, como Primeira Dama, ela colaborou muito e resgatou muitas festas, como o Congado e a primeira festa de aniversário da cidade, realizada por eles em 1977. A importância do meu pai, Paulo Marques de Oliveira, na história da cidade de Arcos, foi a organização administrativa da Prefeitura e o saneamento financeiro. Ele colocou a casa em ordem. Fez obras até então inéditas com o dinheiro de Arcos. Não teve ajuda de ninguém e saneou a morbidez administrativa que imperava até então", relembrou.
Antônio Victor morou no casarão com a família durante 40 anos. Ele, os pais e os quatro irmãos - Marco Túlio, Paulina, Júlio César e Isabela - viveram momentos especiais na residência. "Eu nasci naquela casa e fui criado lá. A cidade era muito menor e nós brincávamos na rua e na horta da casa, que é muito grande", lembrou.
Atualmente, quem mora na residência é Júlio César, a esposa e os filhos. Paulo Marques morreu em 2013 e Dona Zita, no dia 14 de setembro de 2024.
Essa reportagem foi produzida na Redação do Jornal CCO e já foi publicada, há alguns anos, em nosso antigo site, que está inativo. Para resgatar a memória, decidimos republicá-la.
Coronel José Ribeiro do Vale