Diagnósticos errados de dengue podem ocultar outras doenças

Hoje é possível fazer o teste rápido, NS1, que permite o diagnóstico já no primeiro dia de sintomas

Diagnósticos errados de dengue podem ocultar outras doenças

Febre, dor de cabeça, náuseas e dores musculares são alguns dos sinais de dengue, mas podem aparecer, também, em outras doenças. Em lugares onde há casos suspeitos da doença, ao sentirmos esses sintomas geralmente “concluímos” que estamos com essa virose, descartando outras possibilidades.

}Mas existe o risco de que outras doenças, talvez mais graves, sejam confundidas com dengue. Para evitar diagnósticos errados, é importante evitar a automedicação, procurar um médico e fazer os exames necessários.

O médico clínico e endocrinologista Tarcísio Silva orienta e esclarece. Leia na sequência. 

Sintomas de outras doenças parecidos com os de dengue – Dr. Tarcísio Silva alerta que várias infecções virais e bacterianas podem levar a quadros muito parecidos com os da dengue e passarem despercebidas. É comum serem confundidas com a dengue doenças como a gripe, viroses intestinais, salmoneloses (infecção causada por bactéria do gênero salmonella), sarampo, rubéola, citomegalovirose (vírus da família do herpes), malária, pneumonia, infecção urinária, reações a medicamentos, hepatites, dentre outras.

Por isso, o médico alerta que “todo paciente deve ser avaliado com cuidado e, em alguns pacientes, uma pequena bateria de exames pode ser necessária para que outras doenças sejam descartadas, bem como para se descartar maior risco de hemorragias (dengue hemorrágica) ou de desidratação grave”.

Segundo Dr. Tarcísio, hoje é possível fazer o teste rápido, chamado NS1, que permite o diagnóstico já no primeiro dia de sintomas. Na quinta-feira (25), o CCO foi informado, no Setor de Vigilância em Saúde, que esse teste está disponível no Hospital Municipal São José. 


‘[...] Queda de plaquetas pode se dever a várias outras viroses, leucemias, esquistossomose, cirrose, efeito de medicações, bem como pode ser normal em algumas famílias sem significar doenças’, alerta.

Geralmente, quando o médico suspeita que o paciente está com dengue, é solicitado um exame de sangue para verificar se houve diminuição no número de plaquetas. Dr. Tarcísio explica: “As plaquetas são células sanguíneas responsáveis por estancar feridas, impedindo hemorragias. São produzidas na medula dos ossos e várias doenças, principalmente viroses, podem atrapalhar sua produção durante alguns dias, voltando tudo ao normal depois que a infecção é controlada. O nível normal de plaquetas no sangue é entre 150.000 e 400.000 plaquetas/mm³; níveis abaixo de 150.000 já levantam suspeita, caso esteja ocorrendo uma epidemia de dengue”.

De acordo com Dr. Tarcísio, quanto mais baixo o nível de plaquetas, maior a chance de hemorragia (abaixo de 50.000 geralmente é considerado de alto risco). O médico também alerta: “No entanto, queda de plaquetas pode se dever a várias outras viroses, leucemias, esquistossomose, cirrose, efeito de medicações, bem como pode ser normal em algumas famílias sem significar doenças”.

Ainda de acordo com o médico, esse é um exame apenas inicial na avaliação do paciente. E ressalta: “Plaquetas normais não descartam dengue, assim como plaqueta baixa nem sempre é dengue [...].

“Todo caso suspeito deve ser acompanhado e tratado (hidratação, acompanhar plaquetas e outros exames conforme sintomas do paciente, acompanhar possíveis hemorragias, analgésicos e antitérmicos apropriados, etc)”, informa o médico.


Segundo o médico, hoje, durante um surto ou epidemia de dengue, os pacientes são classificados em quatro grupos, de acordo com a gravidade (A, B, C, D), sendo A o mais leve e D o mais grave. Cada grupo recebe uma atenção diferente, como necessidade de internação e transfusão de plaquetas.

Crianças e Idosos – Crianças e idosos necessitam de cuidado redobrado no caso de dengue. É importante confirmar com o médico assistente se parte das medicações do paciente deverá ser suspensa (alguns medicamentos podem piorar o quadro, a exemplo de AAS, diuréticos, etc). “Esses pacientes têm maior tendência à desidratação e choque; muitos vão precisar de hidratação endovenosa; as reavaliações desses pacientes podem ser necessárias todos os dias até a melhora clínica”, orienta o médico.

Vacina contra a dengue

Já será usada pelo SUS, a partir de fevereiro, em adolescentes entre 10-14 anos. Chama-se QDENGA e é feita com vírus vivos atenuados. O fabricante é japonês.