Discussões sobre CTI, bloco cirúrgico e reforma da enfermaria na Santa Casa

Veja o que foi debatido na Câmara na reunião de 1º de abril

Discussões sobre CTI, bloco cirúrgico e reforma da enfermaria na Santa Casa
Carlos Magno

O gestor administrativo e financeiro da Santa Casa de Arcos, Carlos Magno, que assumiu o cargo no início da fase de intervenção judicial, esteve na Câmara na reunião de segunda-feira, 1º de abril, quando falou sobre projetos que a diretoria pretende desenvolver na unidade, com recursos financeiros a serem disponibilizados pelo Município. São eles: implantação de CTI (Centro de Terapia Intensiva) em uma parte do imóvel do novo bloco cirúrgico; ampliação desse bloco cirúrgico justamente devido à perda de espaço para o CTI a ser implantado; reforma da enfermaria SUS (Sistema Único de Saúde).  

O prefeito concordou em contribuir e enviou para a Câmara, em 23 de fevereiro, o Projeto de Lei Complementar 004/24, solicitando a aprovação de abertura de crédito, no valor de R$1 milhão, para a Ampliação do Bloco Cirúrgico e Reforma da Enfermaria (SUS), sendo R$ 500 mil para cada uma dessas duas obras. A votação desse projeto estava prevista para a reunião dessa segunda-feira, 1º de abril.

Segundo Carlos Magno, outra necessidade é a revitalização da fachada da Santa Casa. Uma empresa parceira do hospital estimou que seriam necessários R$ 714 mil para custear a reforma da enfermaria e essa revitalização da fachada. Portanto, o valor previsto no Projeto de Lei Complementar do Executivo não é suficiente.

Diante do fato, a maioria dos vereadores entenderam que é desnecessário imediatismo na votação e preferiram solicitar que o Executivo Municipal aumente o valor do recurso a ser destinado a essas obras. O secretário municipal de Saúde, Tiago Carvalho, estava presente. 
O vereador João Paulo Ferreira (Joãozinho) argumentou: “[...] Estamos a seis meses de um período eleitoral. Fazer tudo às pressas só para mostrar que está iniciando, pra falar que está fazendo? Acho que tem que ser bem pensado”. Tiago discordou do comentário relacionado ao período eleitoral.

O vereador Carlos Antônio da Silva (Carlinhos) também comentou: “A ampliação do bloco cirúrgico depende da aprovação da Vigilância Sanitária, então, não somos nós que estamos atrasando”.

Com isso, na expectativa de que o Executivo faça a modificação no projeto, aumentado o valor, o mesmo poderá voltar a ser discutido na próxima reunião da Câmara.

É importante lembrar que a Santa Casa de Arcos continua sob intervenção judicial, desde 14 de setembro de 2022. Uma Comissão liderada pelo provedor Ivan Fontes (representante da Associação Comercial e Empresarial de Arcos) é responsável pela direção.  

Necessidade da ampliação do bloco cirúrgico devido à perda de espaço para o CTI 

O alerta é da equipe técnica da Santa Casa. A justificativa: com a proposta de implantação do CTI no local, perde-se espaço no novo bloco cirúrgico. A ideia é que a compensação do espaço seja construída em cima de uma laje atrás da Santa Casa, anexa ao bloco cirúrgico, para não interromper o funcionamento do bloco cirúrgico 100%. “Seria um desastre para o Município ficar sem bloco cirúrgico. [...] A gente construiria e depois iria abrir o acesso do bloco atual com esse novo espaço que atenderia à nossa necessidade”.

O projeto de ampliação do bloco está em fase de desenvolvimento da planta baixa, para aprovação na Vigilância Sanitária.  Carlos Magno explicou que tanto na proposta de ampliação do bloco quanto da reforma da enfermaria SUS, a forma correta seria a apresentação dos projetos (elétrico, arquitetônico, de gases medicinais, de hidráulica), para se ter noção mais próxima da realidade sobre o investimento necessário. No entanto, ele disse que isso teria um custo de aproximadamente R$ 40 mil “só para botar no papel”. “Como a Santa Casa vive passando por apertos financeiros, a gente ficava receoso de contratar, pagar e depois o projeto vir pra cá, vocês não concordarem ou o prefeito não enviar o recurso. Então, a gente não tem esse projeto arquitetônico pronto”, informou.

“Não adianta nada a gente ter um CTI maravilhoso, mas estrangular uma coisa que está indo bem” – disse Carlos Magno

(Foto: print da gravação da reunião da Câmara de Vereadores de Arcos)


Carlos Magno mostrou a planta aprovada para o CTI, relatando que o espaço circulado em vermelho (veja foto) é onde hoje está sendo utilizado para o bloco cirúrgico. Ele explicou: “Com a construção do CTI, vamos precisar, obrigatoriamente, ampliar nosso bloco cirúrgico, pra que não haja um downgrade (rebaixamento) nos atendimentos da Santa Casa. Não adianta nada a gente ter um CTI maravilhoso, mas estrangular uma coisa que está indo bem. O espaço todo em vermelho, hoje, é o bloco cirúrgico, pra cá está sendo utilizado como maternidade”. 

Para a ampliação do bloco, empresas parceiras da Santa Casa apresentaram uma estimativa de custo dentro do que é proposto: R$ 497 a 568 mil reais. Nesse projeto, estão contemplando justamente os sete espaços que serão “perdidos” com a implantação do CTI: uma sala de preparação de recém-nascido, uma sala cirúrgica, uma sala de parto normal, uma sala de pequenos procedimentos cirúrgicos, uma sala administrativa, uma sala de guarda de equipamentos médico-hospitalares e uma copa para a equipe multidisciplinar. O gestor da Santa Casa informou que a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) não permite que o bloco funcione se não tiver esses espaços adequados. Trata-se de uma regulamentação técnica proposta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para estabelecer, por exemplo, padrões de qualidade.

“Não adianta nada a gente montar o CTI se a gente ficar sem o bloco. [...] A gente precisa de celeridade tanto do poder Executivo quanto do Legislativo, pra fazer”.

Carlos Magno disse que, em Arcos, há muitos casos cirúrgicos na área de ortopedia, principalmente relacionados a fraturas em idosos. Segundo ele, muitas vezes esses pacientes não podem ser encaminhados para realização de cirurgia na Santa Casa de Arcos, uma vez que não há o suporte de CTI.

Nesse contexto, comentou que a implantação do CTI é um avanço para Arcos, mas enfatizou a necessidade de manter o bloco cirúrgico em atividade. A preocupação é pelo fato de que, com a implantação do CTI, como foi dito, sete espaços do bloco não irão mais acolher pacientes para cirurgias. “Eu não consigo fazer funcionar se a gente não conseguir avançar com a ampliação do bloco. [...] Então, fico muito preocupado com essa questão de a gente projetar isso bem direitinho, porque vai chegar a um ponto lá que, ao chegar uma paciente para parto normal [por exemplo], onde vou botar? Vou ficar com duas salas cirúrgicas lá. Aí, vai cair o atendimento, voltar a fila de eletivas, de cirurgias gerais, de ortopedia”, salientou. Em seguida, pediu a ajuda do secretário municipal de Saúde, Tiago Carvalho. “A gente tem que tratar a saúde com seriedade e fazer as coisas de forma que atendam à população, porque não adianta nada a gente montar o CTI se a gente ficar sem o bloco. [...] A gente precisa de celeridade tanto do poder Executivo quanto do Legislativo, pra fazer”.

Proposta da reforma da Enfermaria SUS, inclusive com climatização  

O gestor da Santa Casa também disse que “já passou da hora” de proporcionar mais conforto para os pacientes que são acolhidos na Ala SUS (Enfermarias). São necessárias obras civis como, por exemplo, nos banheiros, assim como readequação do piso e consertos nas portas. E ainda: readequação do projeto elétrico, climatização, estrutura para cortinas em cada leito (divisórias para garantia privacidade quando necessário). 


Leitor, fique atento! Outras matérias sobre a mesma reunião serão postadas.