Incêndios em lotes vagos somam 85 ocorrências desde o início do ano em Arcos
O número de incêndios em lotes vagos de Arcos aumentou significativamente: foram 85 ocorrências de janeiro a junho, contra 37 no primeiro semestre do ano passado. Os números foram obtidos junto ao Corpo de Bombeiros Militar de Formiga, ao qual o Posto Avançado de Arcos está ligado. Além dos dados, o CCO conversou com o Capitão Mateus Campos Cunha, comandante da 4ª Cia BM, na manhã desta segunda-feira, 08/07.
Período de maior incidência
O período que é tradicionalmente mais expressivo é de maio a setembro, meses que, historicamente, apresentam clima mais seco, com destaque para os meses de maio e junho.
Em maio 2023, foram registrados 13 incêndios, enquanto que, neste ano para o mesmo mês, foram 36, um aumento de quase 200%. Em junho, embora em percentual menor, o aumento também foi expressivo, passando de 18 ocorrências em 2023, para 25 incêndios em lotes vagos, neste ano.
O Cap Cunha confirma o aumento, mas esclarece que não é possível afirmar com certeza sobre os fatores que contribuíram para o aumento. “Contudo, estima-se que o principal fator influenciador seja o climático. Empiricamente, observamos que este outono/inverno está com temperaturas mais elevadas até o momento, além disso, o último período chuvoso foi generoso, contribuindo para o aumento da vegetação”. Segundo o oficial bombeiro, esses fatores favorecem o aumento do número de incêndios até o momento.
Incluindo na avaliação das causas, o militar envolve as áreas rurais: “Pelo que observamos, nos locais das ocorrências através dos relatos dos solicitantes e testemunhas, grande parte dos incêndios em vegetação possui causa/origem humana”. O Cap Cunha detalha, informando que o problema inicia com a falta de manutenção do local e prossegue com a ação humana através das queimadas, descarte de bitucas de cigarros, fogueiras e queima de pastos para renovação da vegetação, entre outras situações.
O militar avalia que se pode generalizar, uma vez que há situações que resultam de acidente. Mas, em alguns casos há indicações de participação humana, tanto dolosa, quanto culposa, o que, se provado, caracterizaria prática de crime.
São muitos prejuízos
O comandante afirma que os prejuízos dos incêndios em vegetação em áreas urbanas e rurais são extensos e afetam tanto o meio ambiente quanto a sociedade. Ele elenca alguns dos impactos mais importantes.
Impactos Ambientais
A destruição de habitats naturais resulta na morte ou migração de espécies animais e vegetais, o que pode levar à extinção de espécies e à redução da biodiversidade.
A liberação de gases do efeito estufa, tais como o dióxido de carbono, contribui para o aquecimento global e o agravamento das mudanças climáticas.
O solo perde a capacidade de reter água, levando à erosão e ao assoreamento de rios e nascentes, reduzindo a qualidade e a quantidade de água disponível.
A redução da capacidade da vegetação de absorver e reter água pode levar a uma maior incidência de enchentes, deslizamentos de terra e secas, intensificando a ocorrência de desastres naturais.
Impactos Socioeconômicos
A fumaça das queimadas pode conter substâncias tóxicas que afetam a saúde respiratória, especialmente em crianças e idosos, e podem agravar doenças cardiovasculares.
Destaque-se que esta situação foi apontada pela Dra. Daniella Ribeiro, diretora Clínica do Hospital São José, em recente entrevista ao CCO, indicou os incêndios em lotes vagos e queimadas como os principais responsáveis pelo aumento significativo das doenças respiratórias, desde maio (mesmo mês em que foi regsitrado o aumento dos incêndios e queimadas em Arcos).
Prejuízos na produção agrícola e patrimoniais
Além desses fatores, segundo o comandante, as queimadas podem afetar a produção agrícola, gerando prejuízos para a pecuária e reduzindo a qualidade e a quantidade de recursos hídricos disponíveis para a indústria e a população. Ele aponta ainda os prejuízos materiais: “As comunidades que vivem em áreas afetadas pelas queimadas podem ter suas casas, plantações e recursos naturais destruídos pelo fogo”.
Providências
“Atualmente realizamos operações de vistorias em lotes vagos anteriormente aos períodos de estiagem. Nessas operações fazemos vistorias em locais que historicamente, ocorrem eventos de incêndio e encaminhamos os registros dessas vistorias para o setor responsável da Prefeitura. Este ano já realizamos essa operação”.
No que se refere ao Boletim de Ocorrência referente aos combates a incêndios, é necessário que tenha um arcabouço jurídico com a previsão de uso deste documento para a finalidade de notificar/multar os proprietários e/ou responsáveis, na medida que a municipalidade tenha interesse em usar tal documento, com esta finalidade.
Prevenção
A medidas de prevenção são simples, segundo o oficial. “Manutenção de suas propriedades limpas, providenciar cercamento/muros; em áreas rurais, providenciar aceiros, evitar a prática de queimadas”.