'Zé da Laíde', o cantor das marchinhas de Carnaval, pintor, professor e organizador de eventos de Arcos

Zé da Laíde, desde cedo trabalhou muito e só parou de estudar para trabalhar mais. Foi ajudante de pedreiro, pintor, cantor, organizador de muitos eventos em Arcos. Por toda sua história de vida, que se confunde com a história de Arcos ele é Gente Nossa

'Zé da Laíde', o cantor das marchinhas de Carnaval, pintor, professor e organizador de eventos de Arcos

Se falarmos em José Roberto de Paulo, talvez nem todos reconheçam o ‘Zé da Alaíde’ ou ‘Zé da Laíde’, cantor de marchinhas de Carnaval e promotor de inúmeros eventos realizados em Arcos. Ele é o entrevistado do espaço Gente Nossa. A reportagem do Jornal CCO foi recebida pelo arcoense Zé da Laíde em sua casa, na rua Nossa Senhora do Carmo, com sua já tradicional simpatia.

Ele iniciou explicando o motivo de seu apelido recebido na juventude, ao jogar futebol: “Quando eu jogava futebol, tinha muito ‘Zé’ no time. Daí, pra diferenciar, era: ‘Zé do Toti’, o ‘Zé do Zé Ramos’, ‘Zé Geremia’ ou ‘Zé da Alaíde’. Daí, ficou...”.

Com 67 anos, ele nasceu em 2 de junho de 1956, filho de Nelson Ferreira de Paulo e de Alaíde Zacarias, ambos os dois já falecidos. Zé da Laíde casou-se, há 31 anos, com Mônica Castro Lima de Paulo na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo. O casal tem dois filhos e uma neta: José Roberto de Paulo Júnior (30) e Maria Laura Lima de Paulo (29) que tem uma neta, a Manoela (4). Com orgulho, Zé da Laíde diz: “Eu sou daqueles ‘hiper protetor’, todos debaixo do braço, graças a Deus”.

Ele iniciou os estudos com oito anos, na Escola Yolanda Jovino Vaz e, depois, passou pela Escola Estadual Dona Maricota Pinto, Escola Estadual Dona Berenice de Magalhães Pinto e pelo Colégio Dom Belchior até o 2º ano do 2º Grau, quando teve que interromper os estudos para trabalhar e contribuir no sustento da família. “Tinha que trabalhar para ajudar na despesa da casa da minha avó, com quem morávamos. Minha avó chamava-se Julieta Maria de Jesus e, com ela, moravam sete pessoas”.


Ele conta: “Naquela época, meu tio tinha uma ‘quitandaria’. Eu, com 11 anos, levantava cedo ia com ele, interrompia para ir à escola e voltava para vender quitanda de porta em porta e na estação de trem. A estação ficava, onde atualmente é a ‘trincheira’ [av. Governador Valadares]”. Ele conta que também trabalhava para a avó, vendendo biscoitos e sabão.

“Meu primeiro emprego foi para o ‘Dilo’ da funerária (Bom Pastor), como ajudante de pintor, na pintura da Igreja da Matriz Nossa Senhora do Carmo”.

Professor

“Depois disso, como eu já era conhecido por jogar futebol e handebol, fui chamado para dar aulas de educação física no Colégio Dom Belchior. Naquela época não precisava de formação”. Ele lembra que um ano depois, havia sido publicada uma lei que não mais poderia dar aula, porque não tinha formação. “Daí fui a Belo Horizonte fazer um curso de 45 dias que dava direito a dar aula de educação física, na Associação de Difusão de Educação Física (ADEFI). Eu fiz o curso e voltei e dei aulas no Dom Belchior e na Comunidade da Ilha por três anos”.

Na prefeitura

“Quando o Paulo Marques venceu a eleição para prefeito ele me deu uma comissão de festas.”. Na mesma época Zé da Laíde já cantava em bares, com 18 anos.

“Então, o Trio Arcos, criado pelo ‘Marquinhos’, que me chamou para cantar e eu ganhava, por apresentação. Daí, ficou um trio formado por quatro integrantes”. Depois ele cantou numa banda chamada ‘Notas e Pautas’ e com o Grupo Musical Halley, segundo ele, uma banda encorpada e estruturada e, com esse grupo, ele cantou em diversas cidades de Minas Gerais.

“Carnaval, eu cantei em todos os carnavais em Arcos e canto até hoje”.

'Trio Arcos', com Marquinho, Jadir (in memorian), Tade (in memorian) e Zé da Laíde

 
Após o período com Paulo Marques na prefeitura, Zé da Laíde lembra também de seu trabalho na campanha do prefeito Plácido Ribeiro Vaz. Ele lembra de que montava palanque, cantava, organizava comício e, com a vitória nas eleições, ele foi trabalhar na prefeitura Arcos. “Isso foi em 1983. Fichei e trabalhei por 36 anos na prefeitura. Fazia de tudo”. Ele lembra de ter organizado os Carnavais da Prefeitura, os campeonatos de futebol, as festas do Dia das Crianças, a Festa do Idoso.

Pintando em Ubatuba e São Paulo

Em 1986, depois de um desentendimento com o prefeito Plácido, sai da prefeitura e, desempregado, voltei a trabalhar como pintor, convidado por um amigo para trabalhar em Ubatuba. “Arrumei mais oito amigos, e mesmo sem conhecer São Paulo, fomos para Ubatuba”. Segundo ele, chegando lá as condições de trabalho não eram as combinadas e, quando estava pronto para retornar, apareceu outra oportunidade para pintar casas no ‘Recanto da Lagoinha’ (Ubatuba).

Diante de uma proposta de trabalho com melhores condições de trabalho e ótima remuneração, levou sua equipe para lá, continuando em Ubatuba. “Ele (Paulinho) me pagou três vezes a mais o preço que eu iria pedir pelo serviço, além de oferecer casa, cozinha, alimentação e melhores condições do que onde estávamos anteriormente”.

“Depois de um ano, eu subi para São Paulo, ainda a convite do Paulinho, para fazer um serviço de pintura em um galpão de dois andares, recém comprado pela empresa Monark [bicicletas]. Mas, não consegui terminar o serviço, porque tive que retornar para casa, em 1987, para cuidar de minha mãe”.

Retornando a Arcos, voltou à Prefeitura de Arcos que, então, estava com Hilda Borges de Andrade. “Fiquei trabalhando no ‘Poliesportivo’”.

Zé da Laíde cantando no Carnaval de Arcos 2024 (foto: arquivo pessoal)



Aposentadoria embalada pela música

“Desde minha aposentadoria, em 2016, continuo com a música somente por hobby, pois estou no grupo Seresta que não cobra por suas apresentações. Estou no Seresta faz uns 20 anos. Mas, agora, formamos um grupo de samba, o 191, o número do SAMU, por que é tudo ‘véio’”, explica com um sorriso bem-humorado. O grupo já fez shows em Piumhi e em Santo Antônio do Monte. Além da música, gosta de assistir futebol, torcendo para o Atlético Mineiro.

Zé da Laíde sentado em sua varanda observando o movimento e saudando quem passa

Valores

Zé da Laíde diz: “Gosto muito de pessoas humildes, sinceras e de sentar num barzinho e dar umas risadas. Não gosto de pessoas arrogantes, gente que fica postando nas redes sociais, se vangloriando de viagens, se autopromovendo”.

Ele também diz que, hoje, sua maior alegria é a neta e a maior tristeza, a perda de pessoas queridas, familiares e amigos. Zé da Laíde deixa uma mensagem aos jovens: “Vivam intensamente, mas com responsabilidade e respeito”.

Este é mais um arcoense que por sua história marcada em diversas atividades é Gente Nossa.