A importância das plantas para o equilíbrio do clima onde vivemos

A importância das plantas para o equilíbrio do clima onde vivemos
Figura 1: Tom Bojarczuk. Disponível em arvoresertecnologico.tumblr.com/post/148150122882/os-rios-voadores-ligam-os-ventos-al%C3%ADsios

Desde os primórdios da humanidade, as plantas são utilizadas de várias madeiras, e embora, atualmente vivamos em uma era tecnológica, com sociedades industrializadas, continuamos a depender dos vegetais no nosso dia a dia. Consumidas como alimento, transformadas em roupas, abrigos e utensílios, as plantas também são fontes de combustível para produção de calor, matéria prima para extração de medicamentos, entre inúmeras utilidades. 

Figura 1: Tom Bojarczuk. Disponível em arvoresertecnologico.tumblr.com/post/148150122882/os-rios-voadores-ligam-os-ventos-al%C3%ADsios

Plantas são capazes de influenciar o clima em diferentes escalas do espaço, por exemplo, algumas árvores, reunidas em ruas e praças, produzem sombra e assim contribuem para amenizar a sensação térmica nas cidades. No entanto, bilhões de árvores reunidas na Floresta Amazônica são capazes de mudar o clima em extensas faixas de terra da América do Sul. Por meio da realimentação de imensos rios voadores ou rios aéreos (Figura 1), formados por vapor de água vindo do oceano Atlântico, que se precipita sob a forma de chuva na Amazônia, onde as árvores devolvem as águas para a atmosfera, através de um fenômeno denominado evapotranspiração. Árvores “bombeiam” água dezenas de metros de altura, das raízes até os estômatos, “buraquinhos que abrem e fecham” localizados na “pele” das folhas, por onde as plantas “respiram” em “suam”. Estes rios de nuvens seguem até os Andes, onde encontram a muralha rochosa presente nessa região, que os faz desviar e flutuar sobre a Bolívia, o Paraguai e os estados brasileiros de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo; às vezes alcançando até o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 

Ao contrário de algumas samambaias, que preferem os lugares mais frescos das varandas, com luz difusa, cebolinhas e salsinhas, crescem melhor em pleno sol, naquelas partes mais quentes e iluminadas do quintal. A taioba, por sua vez, adora solos encharcados, na beira de córregos e lagoas, enquanto a rosa-do-deserto prefere solo bem drenado, para não acumular água em suas raízes. E o que dizer da maioria das orquídeas? Plantas epífitas, que crescem sobre outras plantas, utilizando os galhos apenas como suporte, para alcançar a luz no dossel da floresta. Diferente das orquídeas, há ainda plantas parasitas, como as ervas-de-passarinho, que literalmente “sugam a seiva” dos outros vegetais, por meio de um órgão que pode ser genericamente denominado haustório, responsável pela conexão entre parasita e hospedeira. Orquídeas não possuem haustório, para se hidratarem, dependem da umidade do ar, que é absorvida pelo velame, uma camada modificada de epiderme que reveste suas raízes.

Assim, na natureza, as plantas e animais se adaptaram à deferentes condições ambientais. Coexistindo em condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem, resultando em uma diversidade de flora e fauna própria de cada bioma. O Brasil apresenta seis biomas: Amazônia, com cerca de 50% do território nacional, na região noroeste; o Cerrado, com aproximadamente 24% do país, região centro-oeste; a Mata Atlântica, presente em cerca de 13% do país, nas regiões Sul e Sudeste; a Caatinga,  presente em mais ou menos 10% do país, na região Nordeste; o Pampa, que ocupa cerca de 2% do país, na região sul; e o Pantanal, com extensão de mais ou menos 2% do país, na região Centro-Oeste (Figura 2).

Ilustração 2 - https://www.todamateria.com.br/biomas-brasileiros/

O município de Arcos está localizado na zona de transição entre dois importantes biomas brasileiros, o Cerrado e a Mata Atlântica. Ao logo dos próximos textos sobre a vegetação, iremos demonstrar que vegetação constitui a síntese da paisagem. Reflete o clima, a natureza do solo, a disponibilidade de água e nutrientes, bem como fatores de intervenção humana (antrópicos) e interação com animais, fungos e outros seres vivos (bióticos). 

Pablo Hendrigo Alves de Melo

pablopains@yahoo.com.br

Biólogo - Doutor em Botânica.