‘Arcoense’ nascida em BH cria vestido diferenciado para sua formatura em Psicologia na UFMG

Maria Fernanda nasceu em Belo Horizonte mas residiu em Arcos, até 2016, quando se mudou para a capital para concluir o ensino médio.

‘Arcoense’ nascida em BH cria vestido diferenciado para sua formatura em Psicologia na UFMG
Antônio Luiz (avô), Idesina (avó), Maria Fernanda, Maria Paula (irmã), José (pai) e Ana Beatriz (mãe)

Maria Fernanda de Macêdo Costa Rabello é nascida em Belo Horizonte, mas viveu sua infância e boa parte da adolescência em Arcos. Ela é filha de Ana Beatriz Serra de Macêdo Costa e José Rabello de Oliveira Júnior, e tem como irmã Maria Paula de Macêdo Costa Rabello.

Maria Fernanda entre os pais


‘Nandinha’ como é conhecida por seus colegas e amigos aqui em Arcos, estudou até 5º ano do ensino Fundamental na Escola Nossa Senhora do Carmo e, depois, até o segundo ano do ensino Médio, no Colégio Losango de Arcos, quando ainda se chamava Colégio Anglo. Ela concluiu o ‘Médio’ no Colégio Bernoulli, em Belo Horizonte.

Agora, com 23 anos, ela lembra de seu tempo em Arcos: “Me marcaram muito as apresentações que aconteciam na Casa de Cultura, fossem os teatros da escola, as apresentações de dança com a ‘Noara’. Sinto que vivenciar essas experiências também foi fundamental para que eu me apaixonasse pela Psicologia Histórico-Cultural que confere à arte um lugar central no psiquismo humano”

Maria Fernanda, que se gradou em Psicologia, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na capital mineira, em 23 de janeiro passado, celebrou o momento de maneira diferente e se destacou, inclusive nas redes sociais, pelo vestido criado por ela, especialmente para a cerimônia.


Assinatura da ata de colação de grau


Homenagem

“Meus avós, pais irmã, amigos e pacientes foram cruciais em todo o processo da minha formação, quis que isso fosse simbolizado de alguma forma na formatura e o vestido foi a ferramenta. Foram muitos meses, encontros e conversas para que ele ficasse pronto.” – disse a jovem psicóloga que já vem atendendo crianças e adolescentes na clínica “Link”, em Belo Horizonte.

... com o avô, Antônio Luiz 


Segundo ela, o processo também serviu para fazer uma retrospectiva de sua formação. “Tudo que está ali escrito e desenhado tem um significado muito profundo para o meu entendimento do que é ser psicóloga. Amo a letra e a escrita do meu vô, amo ver minha vó bordando e acompanhar desenhos que dizem tanto sobre desenvolvimento serem feitos. Foi tudo muito especial” – diz a psicóloga, avaliando todo o trabalho.

... com a avó, Idesina


Ela detalha que o avô, Antônio Luiz, foi professor de filosofia, metodologia da pesquisa, francês e coordenador do desenvolvimento de uma experiência educacional revolucionária no interior do Maranhão escreveu a frase de Lev Vigotski (psicólogo russo proponente da psicologia histórico-cultural).

Ela conta que a avó, Idesina, bordou o vestido e a frase marcante é “Através dos outros, nos tornamos nós mesmos”. Nandinha diz que os avós ficaram bem animados com o processo de confecção do vestido e felizes ao participar.

Maria Fernanda com o namorado Gabriel Rodrigues (arcoense), estudante de Madicina na UEMG


Escolha profissional

Sobre sua decisão pela psicologia, Maria Fernanda afirma: “Pra mim foi uma escolha muito acertada, não só pelo curso em si, mas por todos as relações que pude construir durante a faculdade. Relações que foram fundamentais também na construção da minha visão de mundo e, consequentemente, sobre a psicologia que desejo construir, que é crítica às perspectivas hegemônicas de saúde e adoecimento e comprometida socialmente em transformar a realidade”.

Mestrado

Em março, a psicóloga iniciará o curso de mestrado em Psicologia Social na UFMG. Ela justifica a escolha: “Eu estudo e trabalho a partir da psicologia histórico-cultural, que é uma abordagem da Psicologia que nasce na URSS com Vigotski. Este tem sido um momento histórico no Brasil em que essa psicologia está sendo resgatada e desenvolvida como enfrentamento ao processo de censura”.  

Ela detalha: “Minha pesquisa se propõe a investigar sobre despatologização na escolarização, através da mediação da participação política estudantil, a partir da Psicologia Histórico-Cultural como parte desse movimento” – ela finaliza esclarecendo que o tema tem inspiração no trabalho desenvolvido pelo avô como professor, no qual a participação política estudantil era prioridade”.