Arcos: focos do Aedes em terrenos vagos e áreas de construção civil

Arcos: focos do Aedes em terrenos vagos e áreas de construção civil
Foto: Vigilância Epidemiológica de Arcos

Terrenos vagos cobertos pelo mato podem estar escondendo copos, latas e demais recipientes que acumulam água, atraindo o mosquito Aedes aegypti. Se as pessoas jogam lixo em praças e vias públicas, não estariam, também, descartando resíduos nesses lotes?

Daí a importância de se providenciar a limpeza dessas áreas, tantos as públicas quanto as privadas.  Na última quarta-feira (28), o CCO falou sobre essas questões com o coordenador e supervisor técnico de Endemias no Município, Geraldo Moura. Acreditamos que em muitos desses terrenos, dependendo da altura do mato, torna-se difícil o acesso para os agentes, além do risco de serem surpreendidos com cobras e outros animais peçonhentos.

Nas divulgações de levantamentos rápidos (LIRAa), sempre é relatado que a maioria dos focos do mosquito estão nas residências. Contudo, ao observarmos, parece humanamente impossível, para os agentes, vistoriarem todos os lotes da cidade, principalmente aqueles que estão com mato alto e/ou cercados.

Geraldo Moura disse ao CCO que essas observações são pertinentes. “O mato alto dificulta realmente a visualização dos profissionais. Ali, o risco de ter sacolinhas plásticas, copos descartáveis e outros criadouros é iminente”. Ele acrescentou que a possibilidade desses recipientes acumularem água é maior quando há uma constância de chuvas.

Esses focos não estão nas residências, mas próximos a elas. Segundo Geraldo Moura, a tendência de o Aedes estar mais nas casas é devido ao fato de o sol fazer evaporar águas que ficam em terrenos baldios. “Mas isso não evita a reprodução nesses locais”, pontuou, enfatizando a necessidade de capina e limpeza.  

Quanto aos imóveis e terrenos baldios fechados, ele disse que a maioria dos agentes procuram os proprietários e conseguem adentrar. “Mas isso traz uma dificuldade sim. A gente até orienta para que os proprietários procurem nosso setor para que a gente faça um agendamento. É totalmente pertinente, o risco é alto. Temos que entender também que o mato alto dentro da área urbana aumenta os riscos da presença de animais peçonhentos”.

Construção Civil e obras paradas também estão atraindo o mosquito

Durante a conversa com o CCO, Geraldo Moura alertou sobre a presença de focos em áreas de construção civil, principalmente em loteamentos novos. Ele afirmou que a construção civil está gerando muitos criadouros, muitos focos, principalmente nas obras paralisadas. “Ali eles deixam tambores com água, latas com água, caixas d’água descampadas, materiais espalhados. Fica um alerta pra esses profissionais da área colaborarem com a gente”.

Sem respostas do Governo Municipal sobre aplicação da Lei

No final de novembro/2023, o CCO produziu matéria relacionada ao mato nos lotes, informado que o Município notificou 29 proprietários, porém, a Redação não recebeu informações sobre o resultado da ação.  

Veja as perguntas que fizemos ao Governo Municipal, nos setores responsáveis, no dia 14 de novembro/2023: Quantos, dos 29 proprietários notificados, providenciaram a limpeza? Todos os demais já receberam o boleto para pagamento da multa? Qual o valor da multa, na data de hoje? A Prefeitura ficará responsável pela limpeza desses lotes cujos proprietários não limparam? Até então, 29 de fevereiro de 2024, o CCO continua aguardando as informações. Já se passaram mais de três meses.

Enquanto isso, os postos de saúde e o Pronto Atendimento São José estão lotados, com pessoas sentindo dores no corpo, além de outros desconfortos causados pela dengue. Muitas ficam em cadeiras para tomar soro, porque não há leitos suficientes. Há também os pacientes com covid, aumentando os riscos de contágio.  

Será que essa realidade é compatível com um Município que tem menos de 42 mil habitantes, arrecadou aproximadamente R$ 192 milhões em 2023 (mais do que o previsto) e a estimativa de arrecadação para 2024 é de 185,5 milhões? Melhorar a assistência à saúde não seria mais importante que os gastos com entretenimento feitos nos últimos anos e no Carnaval de 2024?  Será que a Administração Municipal está procurando um lote adequado para construir a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 24 horas? Estamos aguardando essa informação desde sexta-feira passada (23), uma vez que a Justiça suspendeu qualquer intervenção no terreno da avenida Dr. João Vaz Sobrinho.  

Quanto aos lotes sem capina, é importante lembrar que a Prefeitura de Arcos está autorizada a providenciar o serviço e cobrar do infrator.

Pessoas que adquirem terrenos como investimento e não cuidam da limpeza

No cenário atual, observamos uma tendência preocupante entre algumas pessoas que, munidas de poder aquisitivo, adquirem terrenos como investimento. No entanto, essa prática, muitas vezes, revela uma falta de humanidade alarmante, resultando no abandono desses imóveis e deixando moradores de bairros inteiros à mercê da sorte.