Bairros de Arcos: Olaria, um bairro que recebeu muita gente ‘de fora’

Leia mais uma reportagem sobre os bairros de Arcos, um passeio pela cidade

Bairros de Arcos: Olaria, um bairro que recebeu muita gente ‘de fora’
Igreja Santa Terezinha no bairro Olaria (foto: Jornal CCO)

Na série Bairros de Arcos, o Jornal CCO chega ao ‘Olaria’. Para contar sobre esse bairro que fica a leste da cidade, conversamos com Altiva Ribeiro Gomes em seu boteco, onde também é sua casa. Ela estava acompanhada de duas filhas, Maria Aparecida e Márcia. Falamos também com Meire de Fátima, do Comercial Nossa Senhora do Carmo e, muito rapidamente, com seu pai João Ferreira da Silva.


Dona Altiva, há 25 anos no Olaria

Dona Altiva Gomes

Dona Altiva (87) mora no ‘Olaria’ faz 25 anos. Ela disse: “Morei no que era dos outros, até que Deus me deu minha casinha na Vila Boa Vista”. Da Boa Vista, ela veio para o Olaria por não se agradar mais da vizinhança. Daí, ela e o marido, Alexandre Gomes (falecido há cinco anos), construíram na avenida Progresso, logo após a esquina com a rua Rivalino Ananias. 

Antes de construir, o casal residiu por um ano no bairro Alvorada (bairro que faz o limite sul do bairro). Ela explicou que outro limite é a avenida João Vaz Sobrinho e, ao norte, é a avenida Progresso. “Aqui eu estou no céu. Ninguém me incomoda. Moro sozinha, graças Deus”, falou, com uma boa gargalhada. Ela conta que teve 14 filhos, dos quais só oito estão vivos: Maria Aparecida, Marcelo, José dos Reis, Kátia, Márcia, ‘Dedé’, Raquel e Mônica. 

Dona Altiva com suas filhas: Maria Aparecida e Márcia

Sua filha Maria Aparecida chegou antes ao Olaria e, quando morou no bairro, não havia luz e a água era obtida por cisterna. “No bairro, não havia mais do que quatro casas”. Aparecida mora há muito tempo na roça e ficou pouco tempo pelo bairro. Quando Altiva chegou ao Olaria, Aparecida já havia saído.

Altiva recorda: “A avenida Progresso não existia, era um caminho de chão batido, por onde só passava carroça e logo ali ficava o ‘Capão da Bexiga’ ”. Ela lembra que o marido, Alexandre, plantou as árvores ao longo da avenida Progresso. Quando Altiva chegou, já existia rede de água e luz. “Este terreno era do ‘Seu Adão’, ele vendeu a um sujeito que ficou devendo para ele. Daí esse sujeito vendeu o terreno para mim por R$ 2.500". Ela explicou que, como já trabalhava com comércio lá na Boa Vista, tinha economias, comprou o terreno e construiu a casa com um botequim. “Como minhas filhas já haviam casado e eu estava sozinha, não tinha como continuar com o armazém e passei a mexer com boteco. Vender pinga é mais fácil e dá dinheiro”.  

Ela contou que o bairro começou a crescer quando a prefeita Hilda Borges mandou construir e doou casas para muitas pessoas. “Veio gente de toda a banda”. Ela relatou que a população do Olaria é bem variada e muita gente veio de outros estados. Sua filha Márcia diz que há mais gente de fora do que naturais de Arcos. Altiva disse que se sente insegura, embora não tenha medo de morar ali; e afirmou que, pelo menos em sua percepção, há pouco policiamento. “A polícia passa porque é caminho para o ‘Cadeião’” – reclamou Aparecida.

Altiva falou que o recolhimento de lixo funciona, mas deve estar bem embalado, senão há risco de ser deixado sem recolher.

Ao encerrar a entrevista, Altiva, que passou por cirurgia recente, disse: “Só estou esperando melhorar das pernas para ir pro forró”. 

Dona Altiva com sua neta Ana Clara


Creche é uma necessidade

Meire de Fátima, que gerencia o mercado, Comercial Nossa Senhora do Carmo, também foi entrevistada pelo Jornal CCO.

Meire disse que, eventualmente, há falta de água e algumas vezes falta luz. Mas, a maior necessidade é a creche, que está em fase final de construção. Ela lembra: “Quando eu tinha os meus meninos, eu levava para a ‘Ana Lúcia Franco’, mas agora não tem vaga. Há muitas crianças e pouco lugar para elas ficarem”.

Meire de Fátima


Uma infância muito boa

Meire disse que é um bairro muito bom para morar. “Eu gosto muito de morar aqui. Nós morávamos na roça e, por volta de 25 anos atrás, viemos para cá, quando meu pai construiu o mercado”. 

Ela conta que estudou na escola municipal Professora Olinda Veloso. “A gente brincava na rua, não tinha medo [dos veículos], não tinha asfalto. Ainda passavam os carros de boi”. Ela disse que o pai, João, vinha da roça numa charrete, trazendo areia e pedras para construir o boteco que se transformou em armazém.

O CCO conversou com João Ferreira da Silva, pai de Meire. Seu João conta que morava na roça e construiu o armazém, para onde trazia leite e verduras para vender. Ele conta: “Mas, começou com um boteco. O pessoal foi construindo as casas e colocamos o armazém porque já tinha movimento”. Ele não se recorda bem, mas acredita que abriu o mercado há 28.

“Antes de vir para morar, eu plantava na roça e trazia os alimentos para vender aqui. Os alimentos eu trazia numa moto.” – ele lembra e conta que, neste mês, fez 73 anos de idade.

No bairro Olaria, há sete empresas e estabelecimentos comerciais de vários segmentos: venda de roupas, materiais de construção, barbearia, cabeleireiros, farmácia, padaria, açougue, etc. Enfim, o bairro é bem-servido em termos de serviços. Também há pontos de ônibus. 

Há templos evangélicos, tais como o Ágape e a igreja católica Santa Terezinha.

Olaria é mais um lugar da cidade apresentado por seus moradores.

Reportagem: Nando Noronha