BR-354: lixo, ruído e poeira no dia-a-dia de quem trabalha ao longo do trecho urbano
Dando continuidade à pauta da travessia urbana da rodovia BR-354, no trecho de três quilômetros (das proximidades do Parque de Exposições até a confluência com a avenida Laura Andrade), o CCO foi novamente até o trecho na terça-feira, 21, para, nesta matéria, abordar outros aspectos da estrada.
Trabalhar ao longo da travessia urbana da BR-354 em Arcos, não é fácil. É diferente de exercer suas atividades profissionais no interior da zona urbana, tal como no Centro ou noutros bairros da cidade. O intenso movimento de veículos resulta na concentração de gases provenientes da queima dos combustíveis. Além disso, a poeira se espalha das faixas de terra e dos acostamentos deteriorados, na passagem dos veículos de grande porte. Esses dois aspectos configuram, possivelmente, um ambiente adverso à respiração de todos aqueles que ali trabalham.
Ponto crítico
Há quem se confunda ao falar da rodovia, acreditando que ela possa ser uma rodovia estadual. No entanto, trata-se de uma rodovia federal, sob a responsabilidade direta do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT). Embora o movimento seja intenso ao logo do trecho urbano, a confluência da BR-354, avenida Governador Valadares e estrada da Boca da Mata, certamente é o ponto de maior movimento.
Fábio Lopes Carvalho (‘Fabinho’) é comerciante localizado neste ponto crítico e diz que manter seu armazém, às margens da BR-354, tem seus problemas e, possivelmente o maior é seu armazém limpo da poeira. Ele conta: “tirar o pó é um trabalho que se repete. A gente olha e, ao perceber que apareceu poeira, já passamos o espanador”. Não escondendo a satisfação por seu empenho, recordou que pessoas já elogiaram seu estabelecimento pela limpeza, comparando com outros que não sofrem tanta interferência externa quanto ali, às margens da rodovia. Ainda insatisfeito com os resultados, ele anuncia que está verificando a possibilidade de instalar cortinas de ar nas entradas, para impedir a entrada da poeira vinda da estrada.
Limpeza da rodovia e lixo são outros problemas
O comerciante relata que a rodovia não recebe limpeza por quem quer que seja. “Quando a varrição é necessária, contratamos alguém e dividimos a despesa. Já falamos com a Prefeitura Municipal, mas eles alegam que a rodovia é da União” – reclama. Ele diz que, tempos atrás, tentaram uma parceria com a prefeitura, pela qual os empresários cobririam os custos de um operador e do combustível para a operação de uma máquina apropriada à varrição de vias. “Parece que a máquina foi adquirida. Mas, a proposta ficou na conversa” – lamentou.
Outro problema é o recolhimento de lixo que, segundo ele não é feito. “Caminhão de recolhimento de lixo não passa por aqui. Quando precisamos descartar nosso lixo, é necessário observar o caminhão da coleta chegar na avenida e ‘correr’ até ele com os sacos”.
Solitário conserto
Apesar de única na travessia urbana, foi registrada uma equipe de empresa contratada pelo Departamento Nacional de Transportes Terrestres (DNIT), realizando um reparo pontual no cruzamento da rodovia com a avenida Governador Valadares. Questionando um dos trabalhadores, ele confirmou que se tratava de um conserto pontual, mas que estavam trabalhando ao longo de todo a rodovia.
Negócios voltados ao transporte e manutenção
Como resultado da intensa movimentação de veículos de carga, o trecho urbano da rodovia é marcado pelos setores do transporte, comércio de autopeças e serviços de manutenção veicular. Na verdade, embora de uma maneira nem tão organizada e disciplinada, a travessia, especialmente neste trecho, pode ser entendida como um grande centro automotivo. Ali, caminhões de todos os portes podem encontrar peças e serviços necessários ao motorista e seu veículo: autopeças, pneus, borracharia, molas, eletricidade veicular, serviços especializados para motores a diesel, lubrificantes, radiadores, troca de óleo, peças para tratores, postos de combustíveis, freios, mangueiras, lanternagem e pintura. Ligados diretamente ao transporte de cargas, a rodovia conta, ainda com mais de uma dezena empresas de logística, agências de cargas e transportadoras e geral.
Motoristas, além da população local, podem usufruir de uma variedade de ofertas gastronômicas, em lanchonetes, restaurantes, lanches, churrascarias, além de hotel, para quem quiser ou necessitar permanecer na cidade.
A propósito, destaque-se que, também ao longo deste trecho da rodovia, estão as instalações da Pontifícia Universidade Católica (PUC/Minas – Arcos), do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG-Arcos) e o acesso a uma das instalações da Lhoist (Belocal), CSN, Cimeto Nacional entre outras empresar mineradoras.
Outros serviços
Quase como uma via lateral à rodovia, há a Marginal I no Distrito Industrial. Nesta via urbana (avenida), embora junto à estrada, a variedade de negócios é outra, não voltadas ao fluxo da ‘BR’, embora haja serviços de eletricidade veicular. No trecho, além do Parque de Exposições, são encontrados serviços de marmoraria, jardinagem, piscina, estruturas metálicas e de maquinário para a construção civil.
Enfim, apesar de não haver registro, é possível afirmar que centenas de pessoas trabalham na Travessia Urbana das rodovia BR-354 em Arcos e estão, diariamente sujeitas às condições encontradas, sem sequer tentar mensurar a quantidade de motoristas que passam pelo trecho, uma vez que também não há dados nos órgãos oficiais.
Reportagem: Nando Noronha
Matéria produzida na Redação do Jornal e Portal Correio Centro Oeste. Jornalistas e proprietários de veículos de comunicação que desejam reproduzir nosso conteúdo devem citar a fonte: jornalcco.com.br