Desde 2005, a Sociedade Amigos de Arcos defende a causa animal

Desde 2005, a Sociedade Amigos de Arcos defende a causa animal

Muito se fala sobre cachorros soltos na cidade de Arcos. Eles estão à mercê da bondade de quem passa, mas, noutras circunstâncias, sofrem nas mãos de pessoas que, lamentavelmente, parecem ser desprovidas de sensibilidade. 

Para falar sobre o assunto, o CCO conversou com Marilene Soraggi, presidente da Sociedade Amigos de Arcos (SAArcos), que tem por objetivo geral “defender a fauna e a flora de Arcos”. A SAArcos foi criada em 2005, com sede na residência de Marilene, onde funciona até hoje.

Ela conta que tudo começou para acabar com o extermínio dos animais que eram recolhidos em Arcos pela ‘carrocinha’. “Se não fossem buscados por alguém em três ou cinco dias, eram sacrificados. Hoje, graças à legislação, o sacrifício foi proibido. É crime.” – enfatiza.

Marilene se declara uma pessoa corajosa e justifica, dizendo que em face a uma situação de maus-tratos e na ausência ou demora dos órgãos públicos, ela vai resolver. “Se esperar dias, o ‘bichinho’ já morreu. Então, pedindo um apoio daqui e outro dali, eu vou”. 

Além dos maus-tratos, Marilene explica que, quando há um animal doente na rua, ela tenta conseguir um ‘lar temporário’, que é uma casa de alguém que aceite cuidar e tratar do animal até que esteja curado e possa ser encaminhado à adoção. “Quando necessário, o lar temporário é a minha varanda, aqui na frente” – informa, sorridente. 

A propósito, ela afirma que só entrega para a adoção animais saudáveis e castrados, embora nem sempre estejam vacinados. “O custo das vacinas é muito elevado e a SAArcos não dispõe de recursos para a vacinação. Quando recebemos alguma doação e é possível, eu adquiro e aplico, mas não é o usual”. Não sendo possível, as pessoas interessadas que recebem os animais são orientadas sobre a vacinação.

A voluntária convive, atualmente, com oito cachorros, mas diz que já teve 20 animais ou mais. Ela conta que, além do acompanhamento veterinário, são todos alimentados com ração de boa qualidade que é doada por colaboradores. 

Recursos para manutenção 

Marilene diz que, quando alguém deseja doar algum recurso ou pagar por algum serviço que ela tenha feito em prol de algum animal, ela prefere que sejam doados medicamentos, inclusive porque ela nunca foi e nem quer ser remunerada para tratar dos animais. Mas, quando a pessoa deseja ajudar na manutenção da entidade e quer doar uma verba, pode fazê-lo por PIX. “Não recebemos nenhuma verba governamental, nem municipal, nem estadual, nem federal. Então, dependemos dessas doações que são empregadas somente no custeio dos gastos com os animais. “Nem faço ideia de quanto custa a manutenção de cada animal. Como a demanda de trabalho é intensa, não houve condições de manter os relatórios que eu fazia. Recebo muitos pedidos de ajuda. Além de virem aqui, pessoas também mandam pedidos de ajuda pelo meu perfil no Facebook”. Quem desejar informações, inclusive sobre doações, pode entrar em contato - (37) 3351-1382.

Marilene organiza a Feira do Melhor Amigo, para a doação dos animais, especialmente quando aumenta o número de animais em sua ‘casa-sede’. Como ela tem conseguido interessados, pela rede social, não tem realizado feiras ultimamente.

Doação com máxima atenção

Para receber um animal acolhido provisoriamente pela SAArcos, há um processo de adoção a ser cumprido pelo interessado. Depois que Marilene publica a oferta no Facebook (Marilene Soraggi), o primeiro passo é preencher uma ficha de cadastro. Depois, é feita uma triagem para avaliar a situação do candidato, que inclui uma visita à residência para conhecer a família e o ambiente.

Após a adoção, ela retorna à casa, envia mensagem, solicita fotos, até que tenha confiança nos donos. 

Castração

Marilene conta que ela foi a idealizadora do primeiro projeto de castração em Arcos, em 2013 e 2014, na gestão do ex-prefeito Dr. Roberto Alves, quando a castração ainda não era regulamentada por lei. O nome do projeto era “Cão Amigo”. Na época, a castração era feita por um veterinário pago pela Prefeitura. 

Ela conta que, à noite, eles percorriam os bairros e iam às residências onde havia cachorros soltos próximos às casas. Daí, questionavam se os animais poderiam ser levados para a castração e se a casa poderia ser um lar temporário após a castração. “Nós castrávamos, dávamos a medicação, ração e as orientações, quando trazíamos os cachorros após o procedimento”.

Ela conta que, quando entrou em vigor a Lei 13.426/17, estabelecendo a política de controle de natalidade de cães e gatos, a SAArcos encaminhou o projeto do ‘Castramóvel’ para que Arcos tivesse seu próprio veículo. No entanto, na época a Prefeitura assinou um convênio com o Castramóvel da Associação Regional de Proteção Ambiental (ARPA) de Divinópolis. Os procedimentos eram realizados no Poliesportivo de Arcos. A SAArcos cadastrava e coordenava a operação de castração. Atualmente, a castração é realizada pela Secretaria do Meio Ambiente.

Marilene Soraggi, arcoense, que tem dois filhos, Jonathan e Bruna, mais do que vendedora autônoma, é alguém que se diz apaixonada pelos animais e pela natureza. Intensa em todas as suas respostas e declarações, tece críticas à falta de participação dos poderes e órgãos públicos na causa de defesa da fauna e da flora arcoenses. 

Os donos e os ‘bichinhos’ de Arcos agradecem.

Texto e fotos: Nando Noronha

Matéria produzida na Redação do Jornal e Portal Correio Centro Oeste. Jornalistas e proprietários de veículos de comunicação que desejam reproduzir nosso conteúdo devem citar a fonte: jornalcco.com.br