Gente Nossa: ‘Zé Graveteiro’, pioneiro do futebol arcoense

José Cândido Filho, mais conhecido como ‘Zé Graveteiro’ foi um dos pioneiros dos ‘gramados’ arcoenses. Jogou no Ypiranga e na Associação. A ele é dedicado troféu do Campeonato Municipal de Arcos e entrevistado do CCO para a série Gente Nossa

Gente Nossa: ‘Zé Graveteiro’, pioneiro do futebol arcoense

José Cândido Filho, mais conhecido como ‘Zé Graveteiro’, foi entrevistado pelo CCO para a coluna ‘Gente Nossa’. 
Aos 95 anos, ele lembrou de que seus pais, Maria Joana e José Cândido Martins, vieram de Bom Despacho para trabalhar na ‘ferrovia’, a convite do coronel José Ribeiro. Ele nasceu em 21/07/1929 em Pains, mas foi registrado em Arcos, somente aos 16 anos. De três irmãos, ele foi o primeiro filho do casal, além de outros sete meios-irmãos que ele não conhece, por serem dos filhos do primeiro matrimônio de seu pai.

Casamento e família

‘Zé Graveteiro’ conta que se casou com Valdete Cândido Furlaneto, na igreja Matriz da Nossa Senhora do Carmo, em 1955, com quem teve sete filhos: José Ronaldo, Hamilton, Wilson, Neusa Aparecida, Maria Célia, Geraldo Lécio e Sônia – este foi seu único casamento formal ‘de papel passado’. Por fim, uniu-se à Lázara Laini (falecida há um ano, aproximadamente), ele diz: “Além de criar meus dois enteados, Gilberto e Giovani, dois filhos que ela já tinha (era viúva), tivemos nossa filha Luciana”. Fazendo a contagem dos netos, chegou à conclusão de que ele tem 23 netos de seus diversos filhos e enteados.

Da roça para a cidade

“Meu primeiro trabalho foi na roça. Eu estava com seis anos de idade e fiquei na fazenda do meu tio, irmão da minha mãe, de nome igual ao meu: José Cândido. Era lá na ‘Paineira”, num lugar chamado ‘Mata-boi’. Lá morava a família de meu tio, para onde eu fui, quando minha mãe se mudou para o Rio de Janeiro”. Ele disse que seu pai, por trabalhar na ferrovia, também foi transferido de Arcos.

Estudo e trabalho

Ele conta que fez até o terceiro ano primário no então Grupo Escolar Yolanda Jovino Vaz e em 1946, com 17 anos, Zé foi ‘fichado’ na primeira mineradora de calcáreo da cidade, a Icomi. Segundo ele, trabalhou com serração de madeira, extração de calcário e como motorista. “Eu tive de ir a Pains buscar minha certidão de batismo, voltar a Arcos para fazer o registro de nascimento e poder ser fichado na empresa”.

Futebol

Tido como um dos primeiros jogadores de futebol de Arcos e que, por isso, dá nome ao Campeonato Municipal, ‘Zé Graveteiro se recorda que uma de suas primeiras partidas foi em um jogo, por um time de Pains, em Bom Despacho. Lembra também de que outras quatro partidas, no início de sua carreira, foram jogando pelo ‘Social’. 

Ele fez parte da reunião de fundação do Ypiranga Esporte Clube, conforme consta do livro ‘História de Arcos’ (Lázaro Barreto, Lázara de Souza e Rita Zuquim). Segundo ele, no primeiro jogo do Ypiranga com o ‘Social’, o resultado foi de 3 a 0 para o Ypiranga, o que resultou no término do ‘Social’.Ele explicou que o time 'Social', no qual ele jogou, não se trata do atual Sociedade Esporte Clube. 

Do Ypiranga, ele foi para a Associação e jogou por muitos times de forma esporádica. Graveteiro jogou pelo Ypiranga e Associação, além de disputar jogos pelo ‘Social’, ‘Formiga’, Vila, União Itabirito, Esportivo (Congonhas), entre outros. “Até fiz teste para o América Mineiro, mas como não era maior de idade, não pude seguir em frente” – disse sorrindo, lembrando dos tempos da juventude. ‘Zé Graveteiro’ jogou tanto futebol que nem se recorda de quando parou.


‘Zé Graveteiro’

“Este apelido eu o ‘apanhei’ lá na roça”, disse para começar a história. Ele contou que, quando foi para a fazenda, com seis para sete anos de idade, lá havia um lugar chamado ‘Capetinga’, onde a família do seu tio plantava. Uma das tarefas dele era encher as cabaças de água na beira do brejo para matar a sede dos roceiros. “Um dos capinadores (Ananias) que trabalhavam na roça, ao mandar eu buscar água, me chamava de ‘cabojeiro’ [nome popular dado a um passarinho que existia por ali e fazia seu ninho de gravetos]. Para simplificar a pronúncia, os outros trabalhadores, passaram a me chamar de ‘Graveteiro’ e o apelido ficou”.

Ele diz que o apelido o acompanhou por toda a vida. Em todos os lugares onde esteve e em todas as empresas onde trabalhou.

José Cândido Filho, o ‘Zé Graveteiro’ é legitimamente um ‘Gente Nossa’ que aos 95 anos de idade, com sua simplicidade e simpatia, contou fatos que escreveram a história do futebol de Arcos.