Implantes hormonais e "chip da beleza". Um alerta!
Confira este novo artigo do Dr. Tarcísio Silva, em sua coluna de Saúde, abordando implantes hormonais e 'chips da beleza'
O que são esses implantes?
São dispositivos feitos de material absorvível (derivados de silicone), de formato cilíndrico medindo de 3-5 cm, capazes de armazenar e liberar vários hormônios. São implantados debaixo da pele no abdome, braços ou coxas. Seu efeito pode durar de 6 meses a alguns anos.
Para que estão sendo indicados?
Dependendo dos hormônios colocados dentro do dispositivo (gestrinona, testosterona, estradiol, levonorgestrel, etc), podem ter inúmeros efeitos possivelmente benéficos. Prometem ajudar na perda de gordura corporal, ganho de musculatura, melhora da libido, redução de cólicas menstruais, redução de sintomas da menopausa, tratamento da endometriose, efeito antienvelhecimento, dentre outros. Por esses efeitos, os implantes são erroneamente comercializados como os famosos “chips da beleza”.
Quais as vantagens em relação aos hormônios via oral, adesivos e injetáveis?
São bastante toleráveis (menos efeitos indesejados gastrointestinais), têm efeito duradouro, e não necessitam procedimento de retirada já que são absorvíveis. Permitem associar diferentes hormônios para tratar diferentes condições metabólicas e hormonais.
Mas por que são tão polêmicos?
O primeiro ponto é a falta de segurança quanto à qualidade do produto. Precisamos de mais estudos de longo prazo para avaliar corretamente benefícios e riscos. Inclusive, os implantes disponíveis hoje no mercado nem vêm com bula, não garantindo portanto uma composição de hormônios correta e de qualidade confiável.
Em segundo, existe preocupação com efeitos colaterais caso a dosagem não seja a correta para o quadro do paciente ou caso o dispositivo falhe em liberar os hormônios na velocidade correta. As complicações mais frequentes são acne, queda de cabelo, masculinização da voz e do clitóris, aumento de glicose e de triglicérides, aumento do risco de trombose, dentre outros. Um detalhe: depois de implantados, pode ser muito difícil a retirada dependendo do material utilizado e local onde foram colocados.
Por fim, outra grande questão é o suporte profissional aos usuários. Geralmente não são médicos especialistas em tratamento hormonal que divulgam esses implantes (endocrinologistas, urologistas, ginecologistas), mas profissionais sem formação adequada. Caso surja algum problema com os implantes, esses profissionais não saberão identificar e lidar com complicações como infertilidade, sangramentos, tumores, diabetes e problemas cardiovasculares, por exemplo. Por mais que esses profissionais tenham boas intenções, suas condutas se baseiam em experiência própria ou em estudos científicos de baixa qualidade técnica. Associações médicas especializadas como Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM), FEBRASGO (a federação brasileira dos ginecologistas), sociedades americanas de endocrinologia e de menopausa (Endocrine Society – NAMS) não dão respaldo para o uso desses implantes.
Num futuro próximo, quem sabe?
Muitos verdadeiros especialistas na área de tratamento hormonal estão batalhando para tornar os implantes um tratamento seguro e com baixos riscos. Mas, no momento, não é recomendado o uso desses dispositivos, principalmente se o objetivo for puramente estético.