Mãe de jovem arcoense tetraplégico publica mensagem relatando que ele “terá que ressarcir todos que ele lesou”

Leia, na íntegra, a postagem feita no Facebook nessa quarta-feira, dia 9 de outubro, por Angélica Magna Ferreira:

Pessoal, meu nome é Angélica, sou mãe do Pedro Henrique. Ontem, dia 08/10, fiquei sabendo dessa publicação pedindo doações [veja abaixo]. Realmente ele é tetraplégico, porém, ele está usando a deficiência para agir de má fé com as pessoas. Ele está pedindo doações falando que é para comprar cadeira e fazer tratamentos, porém, isso não é verdade. Com indignação, quando fiquei sabendo do que estava acontecendo, peguei o celular dele e vi que ele recebeu várias doações e apostou tudo em jogos online. Como dá para ver na foto, ele tem um suporte na parede onde ele consegue mexer no celular com o auxílio de uma caneta. Eu e minha família somos pessoas honestas e não compactuamos com essa situação. Achamos uma falta de respeito se aproveitar da bondade das pessoas que trabalham para conseguir o dinheiro. Muitos tiram de dentro de casa para ajudar. Fico muito triste com tudo que aconteceu, e peço minhas sinceras desculpas pelo ocorrido. E podem ter certeza que ele terá que ressarcir todos que ele lesou. Eu também estarei tomando minhas providências, estarei procurando a Promotoria para me orientar o que devo fazer. E aconselho quem foi lesado estar procurando a Delegacia e denunciando, pois isso não pode ficar impune. Mais uma vez, peço as minhas mais sinceras desculpas a todos.
Na postagem, ela referiu-se à publicação abaixo, na qual está um pedido de ajuda ao prefeito e aos vereadores de Arcos, informando, inclusive, o endereço do Pedro:

Pedido de ajuda

Portal CCO falou com o jovem e a mãe dele, no dia 1º de outubro 

Ao receber a mensagem do jovem Pedro Henrique, em setembro, o Portal CCO Arcos entrou em contato com ele, inicialmente em conversa pelo WhatsApp, no dia 27 de setembro, quando ele falou do Pix Solidário para comprar a cadeira de rodas elétrica e relatou toda sua história, explicando como ficou tetraplégico, há quatro anos.

Na manhã de 1º de outubro, atendemos à ligação dele pelo WhatsApp, momento em que também falamos com a mãe dele, Angélica Magna Ferreira. Durante a conversa, agendamos a visita para aquele mesmo dia à tarde. Informamos a ela sobre nossa intenção em gravar um relato do Pedro por vídeo e produzir a reportagem relatando a campanha que ele havia iniciado para a compra da cadeira (custo de R$ 4 mil).  Por telefone, ela disse que naquela tarde estaria em um estágio e que não poderia acompanhar a entrevista.

Mesmo assim, permitiu nossa visita e gravação das imagens, considerando, ainda, que Pedro é lúcido.  
Ainda durante a conversa por telefone, Angélica falou de outras necessidades do filho: “consulta com ortopedista, atendimento regular de fisioterapeuta, consulta com neurologista, atendimento de nutricionista e home care (atendimento domiciliar) diário pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”. 

Todas essas necessidades poderiam ser atendidas pelo poder público, ou seja, Angélica não solicitou doações em dinheiro para isso. Ela também disse ao CCO que Pedro tem uma úlcera causada por bactéria multirresistente, adquirida em UTI. Pedro comentou que costuma ter febre. 

O jovem tem 24 anos e está tetraplégico desde outubro de 2020. Não consegue movimentar as pernas; movimenta um pouco o braço esquerdo. 

Ainda no dia 1º de outubro, o CCO relatou ao secretário municipal de Saúde, Tiago Carvalho, todas as necessidades de atendimentos do jovem. No entanto, ainda não tivemos retorno sobre as solicitações. 

A matéria do CCO com todas essas informações foi publicada dia 2 de outubro. No mesmo dia, à noite, Pedro nos enviou um áudio agradecendo e informando que somente naquele dia havia arrecadado mais de 850 reais. 
Diante do relato da mãe, optamos por excluir a matéria e os vídeos com pedidos de doações. 

“Jamais ia passar pela nossa cabeça que ele ia fazer uma coisa dessas”, diz Luciana Costa   

O Portal CCO recebeu um áudio ontem à noite, dia 10 de outubro, da dona de casa Luciana Costa, moradora do bairro Brasília. Ela disse que Pedro foi criado no bairro Brasília e mudou quando ficou tetraplégico. Ao receber ligações e mensagens dele, decidiu ajudá-lo. “Ele começou a mandar as fotos dele, vídeo [...]. Como que a gente não se sensibiliza com uma situação dessas? [...] Inclusive, eu fiz um Pix pra ele no valor de R$ 100,00”. 

Em seguida, ela conversou com a amiga Kely Simões e fizeram um grupo de WhatsApp no último dia 5 de outubro, relatando a história.

A campanha teve resultado e as pessoas começaram a enviar Pix para ele. No entanto, disse Luciana, ela foi informada, depois, que ele estava usando o dinheiro com outra finalidade. “Segundo o que a gente sabe, ele pega esse dinheiro pra investir em ‘joguinho do tigrinho’. Então, eu e a Kelly pedimos desculpas à população por termos feito esse grupo, mas nós fizemos tudo com uma intenção só: de ajudar o próximo. Jamais ia passar pela nossa cabeça que ele ia fazer uma coisa dessas”.  

Em outro áudio enviado ao CCO, ela disse que a mãe dele “é uma sofredora, trabalhadeira e sempre lutou pra fazer o melhor para os filhos”.