Mulheres apresentam suas jornadas inspiradoras no "Segunda 18 Horas"

Mulheres apresentam suas jornadas inspiradoras no "Segunda 18 Horas"

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf) e com apoio da Superintendência de Gestão de Pessoas, promoveu na segunda-feira, 11 de março, em Belo Horizonte, uma edição especial "Dia da Mulher" do projeto Segunda 18 Horas. O encontro apresentou o tema Jornadas inspiradoras: compartilhando histórias.

O projeto Segunda 18 Horas tem como objetivo trazer, periodicamente, grandes nomes de relevância contemporânea para discutir temas da atualidade, nas mais variadas áreas do conhecimento.

Na abertura do encontro, que foi transmitido ao vivo pela TV MP, a diretora do Ceaf, procuradora Justiça Élida de Freitas Rezende, convidou o público a uma reflexão sobre as questões de gênero. "As distinções de tratamento podem aparecer até mesmo de forma sútil e ser mais frequentes do que o desejado. Temos muito a celebrar, mas também temos muito a refletir", disse.

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Além das palestrantes e da diretora do Ceaf, compuseram a mesa a superintendente de Gestão de Pessoas, Ana Rachel Brandão Ladeira, e a diretora-geral da Procuradoria-Geral de Justiça, Clarissa Duarte Belloni.

Educação

A Educadora do Distrito Federal, autora e executora do Projeto "Mulheres Inspiradoras", Gina Vieira Ponte de Albuquerque, foi a primeira palestrante. Filha de pai e mãe analfabetos, Gina cresceu na favela da Ceilândia, em Brasília. Seu pai, que vivia da venda de biscoitos, sempre a incentivou a estudar. "Eu tive a sorte de nascer em uma família que valorizava a educação. Meus pais me falavam da escola como algo que me daria superpoderes", disse.

Na sala de aula, Gina descobriu os obstáculos impostos pelo racismo e terminou o 1º ano do Ensino Fundamental sem saber ler nem escrever. Foi uma professora com fama de brava que acolheu e auxiliou Gina na alfabetização. Ela conta que o apoio da professora Creuza ressignificou a sua vida e a inspirou a querer ser educadora.

Tornou-se professora e descobriu no dia a dia da profissão que os jovens não gostavam da escola. Na tentativa de envolver mais os alunos nas atividades da sala de aula, ela criou o projeto "Mulheres Inspiradoras", que propõe o estudo da biografia de mulheres brasileiras e estrangeiras, como Malala, Carolina Maria de Jesus, Anne Frank. Nesse projeto, os estudantes também entrevistaram mulheres com histórias inspiradoras da comunidade e de suas vidas.

Todo esse trabalho resultou no lançamento de um livro. Além de mais engajamento dos jovens no processo pedagógico, Gina e seus alunos também conquistaram diversos prêmios, inclusive um internacional. O reconhecimento fez com que a ideia se disseminasse em mais escolas e, em 2021, o projeto foi institucionalizado no Distrito Federal, está presente em escolas do Mato Grosso do Sul e até em Moçambique, na África.

Bombeiras

A subcomandante-geral e chefe do Estado Maior do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, Daniela Lopes Rocha da Costa, contou a história das bombeiras militares, que completou 30 anos. Em 1993, uma lei estadual estabeleceu que até 5% do efetivo dos bombeiros seria composto por mulheres. A partir daí, foi organizado um concurso, Daniela foi aprovada e integrou o primeiro grupo feminino da corporação.

Durante sua apresentação, ela comentou algumas das dificuldades enfrentadas pela equipe, como o alojamento improvisado, logística precária, o fardamento e equipamentos que eram feitos para os homens. "O fardamento distribuído pelo Estado era o que tinha sobrado na corporação, pois não servia em ninguém. Ou era muito grande ou muito pequeno. A gente teve que usar assim mesmo. Botas e capacetes enormes, calças curtas", relembra.

Depois de certo tempo na capital, algumas mulheres foram alocadas no interior. "Daí, a gente precisou começar tudo de novo. Provar que é capaz, conquistar espaço, se reafirmar", recordou. As bombeiras ainda enfrentaram barreiras legais, com a revisão de algumas normas, como a Instrução Técnica Operacional 09, de 2007, que desqualificava as profissionais.

Atualmente, o concurso para os bombeiros é de ampla concorrência, com mulheres e homens disputando as mesmas vagas. Elas também ocupam 25% dos cargos de alto comando do Corpo de Bombeiros, chefiam batalhões em todo o Estado. Na legislação, já conquistaram outras evoluções, como a possibilidade de estender a licença maternidade e condições para poder amamentar seus filhos.

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Associativismo

A promotora de Justiça Larissa Rodrigues Amaral, natural de Teófilo Otoni, é presidente da Associação Mineira do Ministério Público (AMMP), que é a 2ª maior associação de classe do país. Ela comentou que a sua escolha pela área do Direito não foi induzida pela família. "Meus pais e outros parentes próximos eram bancários. Eu vivia em um universo mais matemático, racional. Só que eu sempre me interessei por Português, História, Literatura", contou, relembrando que chegou a escrever um livro aos sete anos, chamado "Adriana e o Azulão", que ganhou um prêmio na escola.

Ao finalizar o curso de Direito na UFMG, se interessou pelas atividades do Ministério Público influenciada por um professor. Prestou concurso e, aos 23 anos, tomou posse como promotora de Justiça em Minas. Passou pelas comarcas de São Francisco, Pompéu, Curvelo, Vespasiano e Belo Horizonte. "Essa experiência aprimorou o exercício de ouvir, de observar. de dialogar", avaliou.

Em 2016, integrou uma chapa da AMMP e assumiu o cargo de vice-presidente e diretora cultural. Ela era a única mulher entre nove homens na diretoria. "Fazer parte da AMMP despertou em mim o sentimento associativo que eu lia nos livros. O que era teoria se tornou prática", comentou.

Na história da Associação, 51 mulheres já passaram pela diretoria. As promotoras de Justiça associadas ainda são minoria, apenas 39%. Atualmente, 55% dos colaboradores da AMMP são mulheres. Para ela, entre os grandes desafios estão na inteligência artificial, no estímulo a líderes mais jovens. Larissa disse que não se pode ter medo de inovar. "O medo tem que existir pelo lado bom, para agirmos com prudência na tomada de decisões", concluiu.

Confira as imagens do encontro.

Segunda 18h - Jornadas inspiradoras - compartilhando histo?rias

Fotos: Camila Soares Inácio/MPMG

Fonte: Ministério Publico MG