Pantanal mineiro: sucuris do São Francisco

Pantanal mineiro: sucuris do São Francisco
Sucuri-verde registrada em Arcos. (foto: Pedro Rocha, abril/2023)

Aqueles que moram em Arcos e região, com certeza, já ouviram casos de sucuris enormes, principalmente de fazendeiros e pescadores que frequentam o Velho Chico. Apesar disso, sem registros confiáveis, tudo acaba sendo desconsiderado como “caso de pescador”.

Apesar de alguns relatos de origem duvidosa, a região do Alto São Francisco realmente abriga sucuris-verdes (Eunectes murinus), serpente semiaquática que habita toda a América do Sul, sendo mais comum pelo Pantanal e Amazônia.

A sucuri-verde pode chegar a ter  mais de 6 metros, sendo a fêmea notoriamente maior que os machos. É considerada a maior serpente do Brasil e uma das maiores do mundo, levando o apelido de “anaconda” na cultura popular.

Registros recentes indicam que a espécie pode ser mais comum na região do que se imagina, fortalecendo os indícios de que Minas Gerais abriga um pequeno pantanal ao longo do Rio São Francisco.

Em Lagoa da Prata, moradores e aventureiros relatam frequentemente a ocorrência de sucuris gigantes. Em 2022, uma fêmea de mais de 5 metros pôde ser observada por meses, inclusive com ótimos registros terrestres e aéreos feitos pela equipe do Aventura Doc, canal de aventuras no Youtube apresentado por Bobby Teófilo e dirigido por Patrício Gontijo. O grupo de observadores de fauna da região também esteve no local e teve a oportunidade de ver e registrar a grande serpente. Já na semana passada, o autor deste texto observou de perto um jovem indivíduo da espécie, no território de Arcos.

Cabe ressaltar que essa espécie não é uma ameaça às populações humanas, não havendo relatos confiáveis de sucuris que engoliram pessoas. Abatem suas presas através da constrição e não são peçonhentas.

Embora se envolvam em incidentes com galinhas e bezerros em fazendas, o melhor a fazer ao se deparar com essa ou qualquer outra serpente é entrar em contato com as autoridades, como Polícia Ambiental e o Corpo de Bombeiros, para a remoção e soltura do animal em área apropriada. Assim como todos os animais silvestres do Brasil, as serpentes são protegidas pela lei e a perseguição injusta causa o desequilíbrio ecológico dessas espécies, responsáveis por garantir o controle de muitas pragas, como ratazanas e outras espécies abundantes.

Fêmea de sucuri registrada em Lagoa da Prata. Registro cedido pelo Aventura Doc. (Bobby Teófilo e Patrício Gontijo, novembro/2022)

Pedro Augusto da Rocha Silva

Biólogo/ fotógrafo

pedroaugusto159@hotmail.com