Quatro pessoas são atacadas por pitbulls no bairro Floresta
Proprietário diz que foi acidente, mas que assume a responsabilidade.

No final da manhã do feriado, 1º de maio, três cães da raça pitbull e dois cachorros de raça não identificada atacaram quatro pessoas na rua prefeito Zizo, nº 41, do bairro Floresta.
O boletim de ocorrência
Conforme o Boletim de Ocorrência lavrado pela 241ª Cia PM, em Arcos, às 13h35min do dia 1º de maio de 2023, os policiais militares compareceram ao Hospital Municipal São José, onde Ana Lúcia Rodrigues (52) declarou aos policiais que estava andando com sua neta de quatro anos pela calçada da avenida Zizo, quando três cães da raça pitbull e outro dois de raça que não soube identificar saíram pelo portão de uma residência. Ela contou que se colocou entre os cães e a menina, ao mesmo tempo em que dois homens tentaram socorrê-las. Porém, os animais investiram contra eles também. Todos sofreram várias lesões, sem que o proprietário sequer aparecesse para controlar os animais.
Foram vitimados, além de Ana Lúcia e sua neta, João Matias Campos (62) e Alessandro Nunes da Silva (49).
Ainda conforme o BO, Ana Lúcia declarou que se não fosse a ajuda das pessoas que passavam por ali, o resultado teria sido bem pior com lesões mais graves. Ela relatou quer outras pessoas tentaram espantar os cães acelerando seus veículos e fazendo barulho para afugentá-los.
Depois da ocorrência, conforme também consta do boletim, os policiais estiveram na casa de Jefferson Didier Macedo (36), proprietário dos animais. Jefferson registrou no histórico da ocorrência que tem um filho autista e que ao sair de casa, solicitou ao jovem que ele fechasse o portão. No entanto, diz Jefferson, que o ele apenas o encostou, favorecendo a saída dos cães. Também consta: “Jefferson se responsabilizou, imediatamente, pelo ocorrido [...]”, então foi levado ao quartel da PM para a lavratura do BO. O histórico finaliza informando que as vítimas passavam bem e que haviam recebido o atendimento necessário.
As vítimas
Ana Lúcia e Matias estiveram na sede do CCO para denunciar o ocorrido ao jornal. Segundo informações que obtiveram com terceiros e em mensagens que apresentaram ao jornal, os cães já atacaram outras pessoas, porque o portão já permaneceu aberto noutras ocasiões, permitindo a saída dos animais.
Ana Lúcia conta que quando estavam subindo pela avenida Zizo, os cachorros empurraram o portão de uma casa, saíram e atacaram ela e sua neta. “Eu defendi minha do jeito que pude e gritei por socorro. Ninguém veio, até que João e Alessandro que apareceram para ajudar e também foram feridos”.
João Matias conta: “Logo que passei a ponte, avistei a Ana Lúcia, com a criança lutando com os cachorros e pedindo por socorro. Chamei outra pessoa (Alessandro) para ajudar e, para chamar atenção dos cachorros, joguei uma pedra na direção deles e todos se voltaram para atacá-lo, deixando a mulher e a menina livres. “Tentei subir em um poste e continuei sendo atacado, até que consegui pular para dentro de uma camionete que havia chegado”. Então, ele contou que chegaram uns motociclistas. Esses jovens ameaçaram os cães com suas motos, afugentando finalmente os animais.
João Matias afirma: “Minha única certeza é de que salvei a criança. Evitei que os cães pegassem a menina”.
Ressarcimento
Ana Lúcia e João alegam que Jefferson vem ligando e afirmando que irá pagar suas despesas com medicamentos, mas que, até agora não o fez. Seu João acrescentou que está impedido de trabalhar fazendo seus serviços ’por conta própria’ e quer que o proprietário dos cães acerte com ele pelos dias em que teve que ficar parado, sem poder trabalhar por causa dos ferimentos.
O proprietário
Jefferson Didier Macedo, proprietário dos animais, por conta de estar em seu trabalho, não pode se deslocar ao jornal, enviando um áudio por aplicativo de mensagens, falando sobre o assunto.
Jefferson relata que quando sua esposa saiu de casa e não encontrou o controle, pediu para seu menino fechar o portão. “Na hora de fechar, um dos meus meninos que é autista, só encostou o portão. Ficou uma frestinha e ele não viu”. Garantindo que seus cães são dóceis, disse que passeia com os cachorros pela avenida Sanitária com eles e que nunca avançaram em nenhuma pessoa, nem em outros cachorros que ficam soltos na avenida. Afirmou também que os animais são vacinados.
Jefferson disse que não tira a razão de Ana Lúcia e supõe que ela tenha se assustado com os animais e, assustada, reagiu. Ele acredita que uma cadela tenha se sentido ameaçada, que Ana tenha chutado e por isso as mordidas nas pernas. Ele afirma que não está justificando a atitude do animal, mas sua reação natural. Na sequência, afirma: “Daí chegou ‘Seu João’ para ajudar, mas, chegou dando uma ‘pedrada’. Daí a cadela largou a senhora e foi pra cima do João”.
Jefferson volta a afirmar que em momento algum negou a propriedade dos cães. “Depois do boletim, eu fui ao hospital, mas já não estavam mais lá”. Ele diz que foi ao encontro de João e, depois, de Ana. Da terceira vítima (Alessandro) conseguiu o telefone, mas, não estava em casa. “Expliquei a situação para o João, pedi desculpas para ele”.
“O que estiver ao meu alcance vou fazer por ela, pelo João e pelo Alessandro. Arcarei com as consequências. Os cachorros são meus”. Ele afirma que o Alessandro passou a receita dos medicamentos e já foi pago por Jefferson. Porém, João não quis entregar a receita, dizendo que depois enviaria. Ana, segundo ele, se negou a dar a receita e disse que já havia comprado.
Concluiu dizendo que não vai fugir de suas responsabilidades e fará todo o possível, dentro de suas possibilidades. “Não tenho condições de abraçar o mundo” – finalizou.