Trajano Faria: professor, contador, diretor de escola, político e comerciante

Trajano Faria: professor, contador, diretor de escola, político e comerciante

Trajano Vieira de Faria nasceu em 2 de maio de 1914, filho caçula do casal Felisbina Vieira de Faria e Modesto Faria, que era fazendeiro e um cidadão atuante nas demandas de Arcos.

Modesto Faria participou de um dos primeiros diretórios para a emancipação do Município. Foi nomeado delegado de polícia, recebendo, depois, o título de Capitão Modesto Faria.

Em vez da prática agropecuária, que era a tradição da família, Trajano se dedicou às ciências contábeis, ao magistério, à gestão escolar, ao comércio e à política. Casado com Nemir Rocha de Faria, eles tiveram os filhos: Janer Faria, Jeanete de Faria Maia e Jurema Faria Alves.
Em entrevista ao Jornal CCO (em outubro de 2020), Janer disse que essa influência para os estudos veio do irmão de Trajano, Joaquim Vieira de Faria, que era empresário em Belo Horizonte.  "Era um homem refinado, culto, que gostava de viajar, inclusive para a Europa e os Estados Unidos; ele fez questão que meu pai estudasse".  

Trajano fez um curso em Juiz de Fora, tornando-se Contador, e investiu no comércio em Arcos. Era o proprietário da Casa Trajano Faria, onde vendiam-se chapéus, tecidos, calçados e outros itens.  

Foi um dos sócios fundadores da Santa Casa de Arcos e também tesoureiro da instituição; um dos fundadores e professor na Escola Comercial Arcoense por aproximadamente 10 anos  (que depois recebeu o nome Colégio Dom Belchior); foi Conselheiro Fiscal e um dos fundadores da Companhia Telefônica de Arcos, criada em 1961; foi presidente do Ypiranga por aproximadamente quatro gestões; presidente do Rotary Club de Arcos; fundador e presidente do Arcos Recreativo Clube (o primeiro clube social de Arcos); um dos fundadores da Sociedade que criou o Arcos Clube (assim como seu filho, Janer Faria); um dos fundadores do Clube Campestre de Arcos (Lagoinha).

Sobre a participação dele na diretoria da Santa Casa, a filha Jeanete contou: "Dona Rita, que doou o terreno para a construção do hospital, só aceitava o meu pai como tesoureiro, para tomar conta das finanças, pela honestidade dele e porque ele era formado".

Vereador, vice-prefeito e prefeito (sem honorários)

Trajano foi vereador no período de 1947 a 1950 - primeira gestão, no Município, de vereadores eleitos pelo povo. Antes disso, eram nomeados. Era filiado à UDN (União Democrática Nacional), mesmo partido do médico João Vaz Sobrinho, ex-prefeito de Arcos.

Foi eleito vice-prefeito de Arcos para o mandado 1951 a 1954, pela UDN. O prefeito era José Vilela, de outro partido. Na época, os eleitores votavam separadamente para prefeito e vice-prefeito (dois votos). José Vilela e Trajano, embora fossem prefeito e vice-prefeito em uma mesma gestão, eram adversários políticos. Quando José Vilela precisou ficar temporariamente afastado, Trajano assumiu a Prefeitura, no período de 21.07.1952 a 25.11.1952.

Na época, prefeitos, vice-prefeitos e vereadores não tinham remuneração.  Trabalhavam voluntariamente, para o desenvolvimento da cidade. "Era uma época de pessoas honestas, apaixonadas por Arcos. Queriam melhorar Arcos para os filhos. Hoje, sentimos falta de lideranças como daquela época", comentou Jeanete (em outubro de 2020).

Desfile Cívico da Escola Estadual "Dona Berenice de Magalhães Pinto"

Professor e diretor escolar - Trajano trabalhou na então Escola Comercial de Arcos, ao longo de 10 anos, sem cobrar seus honorários. Ele lecionava disciplinas técnicas do curso de Contabilidade. Foi a contribuição dele para a manutenção da escola.

Foi o primeiro diretor do então ginásio estadual “Dona Berenice de Magalhães Pinto”, que depois se tornou a escola estadual “Dona Berenice de Magalhães Pinto”. Permaneceu no cargo ao longo de 20 anos (de 1965 a 1985).

Foi uma época marcante no ginásio, com disciplina rígida, mas com afeto. "Naquela época, o uniforme tinha gravata. Se um aluno chegasse sem gravata, não entrava na escola, mas meu pai era muito educado e os alunos eram apaixonados por ele. Ele era um confidente dos alunos. A escola funcionou muito bem dentro desses padrões", relembrou a filha Jeanete. Ela também contou que o pai era um entusiasta dos desfiles cívicos e foi o criador da fanfarra do ginásio, que recebeu o nome dele. As festas juninas eram frequentadas por um grande número de pessoas, com a finalidade de arrecadar dinheiro para investir na escola.

Trajano e sua esposa Nemir Rocha de Faria

Trajano com a família

Trajano fez questão que seus filhos estudassem em colégios internos católicos. Todos estudaram línguas (latim, francês, inglês e espanhol) e um pouco de música. Os três seguiram carreira no Magistério e Jurema também estudou piano. Foi um homem culto e, ao mesmo tempo, humilde. Ele optava por investir em educação e cultura. Faleceu em 1993, deixando contribuições para os arcoenses.

Matéria publicada pelo Jornal CCO impresso em 17/10/2020 - Edição 2073