Autônoma cria fórmula de sabão em pó e sonha com empresa ecologicamente correta

Por meio de uma máquina de triturar legumes, a ex-cozinheira Nair Silva Arantes, 65 anos, consegue transformar  em minúsculos grãos, as barras de sabão que ela produz com óleo de cozinha. Em seguida, o produto é embalado manualmente e vendido como sabão em pó para uso doméstico.

 Dona Nair trabalhava como cozinheira, fornecendo marmitas, mas teve que deixar a profissão devido a um problema de saúde. Um choque térmico teria provocado o encolhimento de um dos seus braços. Mas isso não foi motivo para que ela adiantasse a aposentadoria, já que faltam apenas três anos para essa conquista.  

Idealista, a autônoma começou a pensar em uma nova alternativa de trabalho: a produção de um sabão em pó ambientalmente correto, que reutiliza óleo e garrafas pet.  Colocando a ideia em prática, começou a fabricar e estocar a mercadoria na garagem que ela aluga, ao lado da casa dela. 

‘Sabão Naná’

Com espírito empreendedor e notável entusiasmo, fatores que impulsionam os grandes negócios, Nair Arantes deu nome ao produto: “Sabão Naná” (Naná é o nome pelo qual Dona Nair é conhecida).  

Segundo a pequena empresária, o resultado mal sucedido do primeiro teste para saber se conseguiria transformar as barras em sabão em pó não foi motivo para desânimo. Determinada, ela conseguiu adaptar a máquina de maneira que o sabão adquirisse o resultado satisfatório. “Acabei comprando a máquina, mesmo sabendo que não tinha condições, mas tinha o sonho,” relata. 

Além da máquina de moer legumes adaptada, dona Nair idealizou outra máquina, para misturar o sabão. Ela explicou a um artesão como deveria ser, e ele deu formas à sua criação. “Do jeito que eu pedi, ele fez”, comenta e aponta para a máquina, que parece uma batedeira de bolo gigante

Químico avalia: “O pH do ‘Sabão Naná’ é perfeito”

O químico Juscélio Ferreira Leal afirma que o “Sabão Naná” apresenta um índice de pH (Potencial Hidrogeniônico) que atende aos padrões estabelecidos pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Ele também informa que fez uma comparação do sabão produzido por dona Nair com produtos de outras marcas de sabão em pó comercializadas no mercado. O resultado o surpreendeu. “O pH constante de 10,3 do “Sabão Naná” da dona Nair  é perfeito. Além de uma limpeza profunda, perfuma e não estraga as mãos”, avalia.   

O fato do sabão sempre manter o mesmo índice de pH também causou surpresa ao químico, em razão da pequena empresária não possuir o aparelho para medir o índice de pH. Fundamentado nessa avaliação, ele faz a propaganda: “O ‘Sabão Naná’ da dona Nair é incrível! Sempre mantendo o pH de 10,3. Quando perguntei se ela tinha peagâmetro, fiquei mais surpreso ainda. Só perguntei como ela aprendeu a fórmula e ela me respondeu que ‘era obra do Divino  Espírito Santo’, do qual ela é  devota”. 

Empresa é registrada no Conselho Regional de Química

Juscélio Leal -- que além de químico é advogado e  estudante de engenharia ambiental -- ficou como químico responsável pela empresa e fabricação do “Sabão Naná”. Ele fez o registro da empresa no Conselho Regional de Química e obteve o registro e a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) sem cobrar honorários como químico.

‘Vou despoluir o ambiente duas vezes, com o uso do óleo reciclável e com a reutilização dos litros descartáveis’, diz a pequena empresária

Dona Nair conta que sua intenção não é apenas artesanal, mas sonha em montar uma fábrica para gerar empregos e produzir um material que contribua com o meio ambiente.  “Vou despoluir o ambiente duas vezes, com o uso do óleo reciclável e com a reutilização dos litros descartáveis”, ressalta. 

Como adquirir o  ‘Sabão Naná’

O preço do quilo do sabão será R$ 5 reais, mas dona Nair vai precisar de caixas e embalagens para o produto. A reportagem do CCO entrou em contato com a publicitária Gracielle Paixão, que se comoveu com a história de dona Nair e se comprometeu em ajudá-las na produção da logomarca. 

Se você quer experimentar o “Sabão Naná”, pode adquiri-lo no endereço: Rua Major Valeriano Macedo, 419. Mais informações pelo telefone: 3351 2081.

“O ‘Sabão Naná’ da dona Nair é incrível! Sempre mantendo o pH de 10,3. Quando perguntei se ela tinha peagâmetro, fiquei mais surpreso ainda. Só perguntei como ela aprendeu a fórmula e ela me respondeu que ‘era obra do Divino  Espírito Santo’, do qual ela é  devota”, diz o químico Juscélio Leal

Matéria publicada no jornal CCO, edição de 10 de fevereiro de 2011.