Coronel José Ribeiro, 1º prefeito de Arcos, teria sido descendente de conde

O coronel financiou a emancipação política e administrativa de Arcos, segundo relato de um bisneto dele

Coronel José Ribeiro, 1º prefeito de Arcos, teria sido descendente de conde

(Readaptação de matéria publicada pelo Jornal CCO impresso em 27/05/2017) – Coronel José Ribeiro do Vale, o primeiro prefeito de Arcos, ficou à frente do Município por aproximadamente seis meses (gestão 28/12/1938 a 06/1939). 

De acordo com registros do livro História de Arcos, de Lázaro Barreto (publicação editada em 1992, página 110), José Ribeiro nasceu em 1860 (em Nazareno) e faleceu em 1950.Veio para Arcos em 1890. Era filho de Ana Ribeiro de Carvalho e Joaquim Ribeiro de Carvalho. Casou-se com Leopoldina Amélia de Carvalho e tiveram os filhos: Joaquim, Isabel, Corina, Esmeraldina, Eurides, Antônio, Julieta, João, Cornélio, Artur e Francisco.
Na mesma fonte de pesquisa citada [pág. 110], está relatado que ele era fazendeiro e exercia grande influência política e social; e ainda: “Ao que tudo indica, era descendente do conde Ribeiro do Vale, figura de destaque no Império” - período que se estendeu de 1822 a 1889.
A principal atuação do Coronel José Ribeiro do Vale na Administração Municipal em Arcos foi estabelecer relações políticas e administrativas na fase emancipatória.  Também construiu obras públicas, inclusive duas pontes em Garças de Minas (então área do Município) .
O CCO entrevistou um bisneto dele: o engenheiro e comerciante Antônio Victor Ribeiro de Oliveira, filho de Dona Leopoldina Ribeiro de Oliveira (Dona Zita) e de Paulo Marques de Oliveira. Ele falou sobre as contribuições da família dele ao Município. Contou que seu bisavô, Cel. José Ribeiro do Vale, financiou a emancipação política e administrativa de Arcos: “Tinha que passar certa quantia para o Governo e foi ele quem deu o dinheiro para elevar a cidade a uma condição de Município”. A emancipação aconteceu em 17 de dezembro de 1938.
Cel. José Ribeiro morou no casarão localizado na rua Sagrado Coração de Jesus, região central de Arcos, cuja obra foi concluída em 1924. 
Em 1924, o Município de Arcos ainda não havia sido criado e a região estava vinculada a Formiga, mas já existiam, aqui, as seguintes atividades econômicas: curtume (tratamento do couro de animais), engenhos de aguardente e rapadura, caieira (forno para calcinação de cal), moinho e engenho de serra – conforme consta no livro História de Arcos, de Lázaro Barreto.


A importância do Coronel José Ribeiro do Vale na emancipação de Arcos

[...] Arcos nasceu andrajoso em berço de ouro. As suas vestes, porém, se transformam aos poucos em indumentária de fino gosto que lhe permitirá, dentro em breve, mostrar-se nos salões aristocráticos. [...]” – Jornal A Voz de Arcos/1940.

No “Museu do Enéias”, o CCO teve acesso à edição do Jornal A Voz de Arcos – Ano I, 1º de janeiro de 1940, que noticiava o primeiro aniversário de Arcos. Leia alguns trechos:
“[...] A data de hoje assinala o início de uma nova era. Era de vida, de progresso, de liberdade, tão ansiosamente esperada pelos filhos deste bendito torrão de Minas, e, portanto, o maior acontecimento na vida administrativa de Arcos.[...]
[...] Ainda no berço, como um lactante, Arcos antevê o seu promissor destino. [...]
[...] Arcos – pode-se dizer – nasceu andrajoso em berço de ouro. As suas vestes, porém, se transformam aos poucos em indumentária de fino gosto que lhe permitirá, dentro em breve, mostrar-se nos salões aristocráticos.
Para tanto, lhe não faltou um José Ribeiro do Vale, cujo nome jamais se apagará da memória daqueles que bem sabem compreender a grandeza do seu esforço, o seu trabalho contínuo de longos anos em proveito da emancipação da nossa terra.
Competindo-lhe a ação, temos à frente de nossa administração a pessoa não menos digna e operosa do Dr. João Vaz Sobrinho [...]”.
Quinze dias depois, circulava outra edição do mesmo jornal, noticiando que o aniversário da cidade havia sido comemorado com a inauguração da iluminação pública de Garças.
O diretor e proprietário do Jornal A Voz de Arcos era José Geraldo da Silva.

Indústria e comércio em 1940 - Arcos

De acordo com um documento de 1940, feito para a instalação da Comarca em Arcos, na época o município era movido pelas seguintes atividades econômicas: mais de 100 engenhos de cana, utilizados para moagem para a fabricação de aguardente e rapadura; três fábricas de manteiga; fábricas de móveis, farinha de milho, banha, cal, selarias, olarias; indústria manual de interessantes objetos e trabalho em chifre. Também contava com tipografias, sapatarias e alfaiataria.
Pesquisa, entrevista, redação e readaptação da matéria: Jornalista Rita Miranda