Batizado do filho de casal escravizado em de Arcos

Batizado do filho de casal escravizado em de Arcos

 Embora sejam poucos os registros oficiais quanto ao papel dos indígenas e dos escravos na região, acredita-se que a localidade fosse mesmo propícia para o assentamento de tribos indígenas. O livro “História de Arcos” (de Lázaro Barreto) relata que, em 1978, um grupo de arqueólogos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) coletou em território arcoense grande quantidade de material atribuído aos índios. Foram ferramentas, armas e vasilhames de cerâmica comuns à tradição indígena.

Em relação aos escravos africanos, evidências apontam a existência de um quilombo (local de refúgio para escravos fugidos) nos arredores arcoenses. O local, conhecido como Corumbá, foi destruído em 1760 durante expedição ordenada pelo governador Gomes Freire de Almeida. Na época, centenas de negros foram dizimados. 


Um batizado

Segundo registro de “Livro de Assentos de Batizados da Paróquia de Arcos”, em 1861 um pequeno escravo foi batizado na então “Matriz de Nossa Senhora do Carmo dos Arcos”. Trecho do relato foi reproduzido no livro História de Arcos. Confira:

“Aos vinte e hum de março de mil oitocentos e secenta e hum (...), batizei solenemente o Benedito inocente, nascido a cinco de março, filho legítimo de Benedito africano e Mariana carioca, escravos do capitão Custódio da Silva Guimarães. Foram padrinhos: Modesto Lucas dos Santos e José Francisco Soares.

1º de março de 1861, o vigário Joaquim de Souza Oliveira”.


“Tribos dizimadas, grupos escravizados. Alguns livros de História bem que tentaram, mas não conseguiram amenizar a verdade: índios e escravos foram povos vitimados pela ânsia colonizadora européia durante séculos. O resultado disso é uma grande contradição na cultura dos dias de hoje. Apesar de as populações de origem indígena, africana e mestiça serem majoritárias no País, prevaleceram as instituições, a língua, os costumes e os mecanismos de ordenação sócio-econômica do dominador”, explica Lázaro Barreto no livro “História de Arcos”. No entanto, mesmo com essa dominação européia, índios e negros escravizados deixaram suas marcas na história do país. Em Arcos não seria diferente.