Com a Dra. Hionara Pimentel, Arcos ganha sua Delegacia da Mulher

Dra. Hionara Araújo Pimentel, titular da Delegacia de Polícia de Iguatama, foi recém nomeada para tratar das questões ligadas à violência doméstica contra a mulher e vulneráveis em Arcos. 

Com a Dra. Hionara Pimentel, Arcos ganha sua Delegacia da Mulher

Ela nasceu em Rubiataba (GO) e, com seis anos de idade, chegou em Arcos e se considera arcoense. O Jornal CCO entrevistou a Dra. Hionara para apresenta-la aos leitores do Jornal Correio Centro Oeste. Conversamos com a delegada, em seu gabinete, na 22ª Delegacia de Polícia Civil de Arcos.

Hionara estudou na Escola Municipal Julieta Ribeiro da Fonseca, Escola Estadual Yolanda Jovino Vaz, Escola Estadual Dona Berenice de Magalhães Pinto e no Instituto Pedagógico Arcoense (INPA). Cursou Direito, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Minas/Arcos), graduando-se em 2008. Na sequência, fez dois cursos de pós-graduação, em Direito Constitucional e em Processo Penal e Direito Penal.

Depois de ter trabalhado, por quase 5 anos, como oficial de apoio, na Comarca de Arcos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Hionara ingressou nos quadros da Polícia Civil do Estado, em 2019, sendo designada para a Regional de Patos de Minas. Ela conta: “Pedi remoção para Iguatama, justamente pelo fato de estar longe de casa”. Assim, a delegada assumiu como titular da Delegacia de Polícia de Iguatama e devido à grande demanda no que se refere à questão da violência doméstica, veio para Arcos, contribuir com o trabalho do Dr. Patrick Carvalho e Silva, titular da delegacia arcoense.

Ela estará em Arcos às terças e às quintas-feiras e os outros três dias no município vizinho. Ela esclareceu que irá trabalhar com a questão a violência doméstica contra a mulher e de vulneráveis em contexto geral: idosos, crianças e adolescentes em situação de risco. “Cheguei em meados de novembro e não tem nem trinta dias que estou na cidade”. Ela destacou que a demanda em Arcos é maior do que a de Iguatama, com um volume criminal maior, demandando mais trabalho e, com isso, a partir de 2024, ela passará a trabalhar três dias em Arcos e dois em Iguatama.

Da sua pasta, ela esclarece, fazem parte mais duas escrivãs de polícia que permanecerão em Arcos. “Temos condições de prestar um melhor atendimento à população, sobretudo às mulheres, com um atendimento especializado e humanizado”.

Tratamento humanizado

A nova delegada explica: “Sabemos da dificuldade para a mulher tomar a iniciativa de denunciar o agressor”. Segundo ela, embora não haja números precisos, a subnotificação nos casos de violência contra a mulher é muito grande e, justamente isso acontece por causa dessa dificuldade de dar o primeiro passo. “A mulher, quando decide procurar a delegacia, fala: ‘já aconteceu outras vezes, mas eu nunca tomei providências’ ou ainda ‘eu já fui violentada outras vezes, mas é a primeira vez que estou vindo aqui’” – relatou.

Considerando este cenário, Hionara explicou que o atendimento mais humanizado que será oferecido às mulheres se materializa no acolhimento da mulher que tomou a iniciativa de procurar a Polícia Civil, seja para formalizar um pedido de medida protetiva, seja para buscar esclarecimentos. Ela disse que a escrivã e a estagiária já estão oferecendo uma escuta mais qualificada voltada à mulher que vivencia uma situação de violência. “No prédio novo, pretendemos instalar a Delegacia da Mulher em espaço separado do atendimento normal, justamente para evitar a revitimização da mulher, ao chegar em um ambiente que está cheio, gerando um desconforto para a mulher”.

Centro de Referência da Mulher

A delegada disse que Arcos ainda não tem institucionalizado o seu Centro de Referência da Mulher, embora a maioria das cidades já tenha. Mas, ressaltou: “Na verdade, já existe uma rede (de proteção), mas, não está devidamente articulada”. Ela afirmou que é necessário construir políticas públicas, reunindo esforços de assistência social e de órgãos interessados dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público, no sentido de dar acolhimento necessário. Dentre essas ações, ela exemplificou com a instalação de uma Casa de Acolhimento da Mulher, tal qual acontece com a casa de acolhimento voltada aos menores.

Hionara, que veio da ‘Regional’ de Patos de Minas, deu como exemplo a ‘Rede Patos’ que já está articulada, oferecendo de fato e um acolhimento efetivo e humanizado às mulheres diante das situações de violência. Lá, segundo ela, os procedimentos já estão pré-definidos, para que seja possível oferecer o melhor acolhimento. Este é um dos planos da delegada: buscar articular esta união de esforços.

Orientação básica

“Hoje, podemos falar que Arcos tem uma Delegacia da Mulher e há uma escrivã e uma estagiária para orientar as mulheres sobre as questões da violência”. Ela falou que a questão da violência é um tema que deve ser debatido amplamente pela sociedade para que seja ‘extirpado’ do meio social.

“A primeira providência que a mulher deve tomar é procurar a delegacia. Ela até pode registrar a ocorrência, apenas pela delegacia virtual. Mas, é imprescindível que ela venha até a delegacia para que ela seja devidamente orientada”.

Situação em Arcos

Atualmente, há em torno de 600 procedimentos relativos à violência doméstica contra a mulher. Ela comentou que é difícil precisar um número, pois os registros são diários. Além do que, por ainda estar em fase de transição, este cenário só será concluído no ano que vem.

Dra. Hionara encerrou a entrevista dizendo: "A violência não merece o silêncio da vítima. Por isso, a mulher não deve se calar. A Polícia Civil em Arcos estará ao lado das mulheres que buscarem nossa ajuda e nossa força”.