Deficiência de crescimento em crianças e adolescentes

Confira o artigo de Saúde do Dr. Tarcísio Silva, publicado na edição 2247, deste final de semana, abordando a questão do crescimento de crianças e adolescentes

Deficiência de crescimento em crianças e adolescentes

Um dos primeiros sinais de que algo não vai bem com a saúde de uma criança é a diminuição da velocidade de crescimento. Às vezes esta é a primeira alteração que aparece na criança quando uma doença séria está começando, como: anemias, infecções e problemas hormonais.

Acompanhar o quanto a criança está crescendo permite detectar várias doenças na fase inicial. Além disso, existe uma pressão social muito grande para que as crianças se tornem adultos altos. Ter uma boa estatura na vida adulta é uma preocupação de pais e até mesmo das crianças. Detectar e tratar problemas que podem prejudicar o crescimento das crianças permite que uma boa altura seja atingida. Quanto mais cedo se detectar tais problemas, melhores os resultados.

1- Quando os pais devem suspeitar que o filho apresenta problemas com o crescimento?

Existem três situações em que se suspeita de problemas:
1º: criança muito baixa em relação às crianças da mesma idade
2º: criança muito baixa em relação ao padrão de altura da família
3º: diminuição importante da velocidade de crescimento

2- Quais as causas de baixa estatura?

Várias condições podem alterar o crescimento normal da criança e do adolescente. Problemas hormonais como deficiência na produção de hormônio de crescimento (GH), tireoide, testosterona e estradiol, doenças do fígado e rins, anemias, reumatismos, verminoses, falta de vitaminas, desnutrição, problemas psicológicos (estresse, ansiedade, depressão), alergias e várias outras doenças. Alguns casos se devem a problemas genéticos e hereditários.

Diversas medicações podem provocar amadurecimento precoce da cartilagem do crescimento, fazendo o crescimento parar antes da época correta.

Durante a gravidez, o uso de bebidas alcoólicas e cigarro, pela mãe, podem comprometer seriamente o crescimento do feto e prejudicar o crescimento da criança após o nascimento, às vezes de forma irreversível.

3- Como é o tratamento?

O tratamento correto é realizado de acordo com a causa da baixa estatura. Quanto mais cedo iniciado o tratamento, menor o prejuízo da altura.
Para todos os casos, são orientadas atividades físicas regulares pela criança e alimentação balanceada. Algumas crianças podem precisar de suplementos alimentares e de vitaminas. As crianças com baixa produção de hormônios deverão receber reposição hormonal adequada.

Nas crianças com baixa produção do Hormônio de Crescimento (GH), o tratamento consiste na administração deste hormônio na forma injetável, geralmente em doses diárias.

4- Crianças sem deficiência de Hormônio de Crescimento podem usá-lo para ganhar mais altura?

O hormônio de crescimento (GH) normalmente é utilizado apenas quando se comprova que a criança não o produz em quantidades suficientes. Também é utilizado em algumas crianças com problemas genéticos e crianças que tiveram algum problema durante a vida dentro do útero, na fase fetal. Seu uso tem sido testado em várias outras situações e parece ser seguro, mas ainda falta comprovação científica.

O Governo brasileiro fornece gratuitamente o GH para o tratamento de crianças em que foi comprovada a baixa produção de GH.

5 - Existe tratamento cirúrgico para a baixa estatura?

Existe cirurgia que permite alongamento dos ossos. O paciente precisa ser submetido a várias sessões de cirurgia e utilizar aparelhos de fixação nos ossos. É um tratamento demorado e caro, mas vários pacientes se dizem recompensados no final.

6 - É possível prevenir problemas com o crescimento das crianças?

Sim, e deve começar no momento em que a mãe engravidar. A gestante deve realizar o Pré-Natal regularmente, receber os suplementos de vitaminas que lhe for indicado, alimentar-se e exercitar-se de forma adequada. Estão proibidos uso de bebidas alcoólicas e tabagismo.

Até os 6 meses de idade a criança deve receber exclusivamente leite materno, evitando-se outros alimentos, inclusive água. O uso de medicações durante a infância deve ser prescrito por médicos, evitando-se a automedicação. A vacinação deve estar sempre em dia e a prática de esportes precisa ser incentivada desde cedo. Recomenda-se acompanhamento médico periódico para avaliar o crescimento e desenvolvimento da criança. O atraso no tratamento pode prejudicar a altura na vida adulta.