Gente Nossa: Dona Aulsênia Leão Vidal fala sobre a importância de afeto e pulso firme na educação
Elegância, seriedade, afeto, disciplina. Essas palavras definem “Dona Aulsênia”, assim conhecida pelos ex-alunos da escola estadual “Dona Berenice de Magalhães Pinto” e também do colégio “Dom Belchior” em Arcos.
Aulsênia Nogueira Leão Vidal está com 77 anos. Ao lado do marido, Venceslau Garcia Vidal, de 79 anos, ela recebeu o Portal CCO na manhã de 16 de agosto.
Família reunida no aniversário de 75 anos de Dona Aulsênia Leão
O casal é arcoense. Dona Aulsênia morou em Formiga, tendo estudado no tradicional Colégio Santa Terezinha e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFI/FUOM), hoje Unifor (Universidade de Formiga). Graduou-se em Estudos Sociais, com habilitação em Geografia.
Dedicou-se à educação ao longo de 50 anos. Lecionou as disciplinas História e Geografia, foi diretora da escola “Berenice” ao longo de 16 anos e, em outra época, diretora do extinto Colégio Dom Belchior.
Na rede municipal de ensino, também deu sua contribuição, tendo assumido a Secretaria Municipal de Educação em duas gestões: 2009 a 2012 e 18 de agosto de 2014 a 2016. Ela disse que priorizou o trabalho nas creches, por considerar de fundamental importância a formação das crianças, a dedicação a elas desde a primeira infância. “As crianças precisam de apoio e muitas vezes não têm esse apoio na família”, comentou, ao justificar sua prioridade, acrescentando: “Educação foi minha paixão”.
“[...] Temos que demonstrar, para nossos alunos, amor e valorização [...]”
Dona Aulsênia comentou que ao longo de sua carreira como educadora, os professores tinham mais apoio dos pais, o que contribuía para a qualidade do processo educacional. “Hoje os pais deixam a educação mais à vontade. Os filhos fazem o que querem. Nós não permitíamos isso”, afirmou.
Ela falou sobre a importância de educar com afeto e pulso firme. “Primeiramente, temos que demonstrar, para nossos alunos, amor e valorização. Temos que olhar nos olhos, vendo, dentro deles, a vontade de crescer. A gente tem que valorizar isso. Quantas vezes a gente vê um menino tão solto à sorte... temos que dar valor àquilo que é realmente de valor”, salientou.
Para ela, a valorização do aluno é um fator de motivação que garantirá um retorno positivo. Ainda nesse contexto, opinou que a reprovação “não leva a nada”. “Acho que a reprovação não melhora. O que melhora é um trabalho bem-feito, porque o aluno reprovado ficava rebelde; eu via isso muito. Tem que dar valor naquilo que ele aprendeu, naquilo que ele é capaz. É preciso mostrar pra ele os seus valores, porque, muitas vezes, a criança sente-se desvalorizada e, a partir daí, não tem incentivo para nada”.
Para Dona Aulsênia, é com afeto, pulso firme e disciplina que se conquista o respeito dos alunos, alcançando resultados.
Para o aprendizado, “não há caminho melhor que a leitura”
O acesso aos conteúdos educacionais por meio da Internet, em qualquer local e horário, sem necessidade de ir até uma biblioteca – como faziam os estudantes até por volta do início da década de 1990 – tem inúmeras vantagens, como, por exemplo, as videoaulas. As narrativas com recursos audiovisuais são atraentes, até mesmo pelo dinamismo. Mas será que são suficientes para a garantia do aprendizado? Ou as aulas expositivas, com o professor explicando a matéria em sala de aula, esclarecendo dúvidas e aplicando exercícios e tarefas para casa ainda são importantes?
“Eu sou do tempo em que ler é o melhor caminho. Não há um caminho melhor que o conhecimento através da leitura. É a leitura, a pesquisa, que levam realmente ao conhecimento. A escrita também é muito importante para fixar”, orienta.
“Copiar e colar” digitalmente também “não é uma boa alternativa”, diz a educadora.
Personalidades na educação de Arcos
Dona Aulsênia citou educadores que foram importantes no desenvolvimento da educação em Arcos: Josefina Bastista Terra de Moura e Lázara Teixeira de Sousa (ambas já homenageadas no Jornal CCO), assim como os ex-prefeitos Plácido Ribeiro Vaz e Hilda Borges de Andrade e o atual prefeito, Claudenir José de Melo. O marido de Dona Aulsênia, Venceslau, acrescentou o nome do ex-prefeito Paulo Marques de Oliveira.
No vídeo, ela também citou Conceição Ferreira Leite, referindo-se a ela como uma Mestra.
A família
Dona Aulsênia e Venceslau têm três filhos: Fabrini, de 45 anos, médico; Silmara (46), advogada; Alberto, 40, auditor. Por enquanto, o casal tem quatro netos: Geovana (4 anos), João Felipe (8), Alícea (6) e Sofia (12).
O marido de Dona Aulsênia foi produtor rural e, depois, passou a trabalhar como auxiliar de administração escolar. Trabalhou na escola estadual “Dona Berenice” e no Colégio Dom Belchior ao longo de 18 anos e também na escola estadual Vila Boa Vista, durante um ano. Ele acompanhou de perto a carreira de educadora da esposa e contou um fato curioso: “Os alunos sabiam quando ela estava chegando...(risos)”. Assista ao vídeo:
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