Jesus Cristo e o comunismo: existe alguma conexão?
Do nascimento à crucificação e ressurreição, a história de Jesus foi repleta de acontecimentos extraordinários, bastante conhecidos por todos os cristãos. O Menino, que nasceu para ser um rei, chegou ao mundo em um estábulo; seu primeiro berço foi um cocho de animais. Ele se tornaria a “personalidade” central do mundo, dividindo a história da humanidade em “Antes de Cristo” e “Depois de Cristo”.
Jesus nasceu na Galileia, região Norte da Palestina, onde Nazaré era uma das principais cidades naquela época. A Virgem Maria e José viviam em Nazaré. Quando Maria estava grávida, prestes a dar à luz ao Messias, eles foram a Belém, responder ao censo.
Com o nascimento de Jesus, o rei Herodes, que conhecia as profecias, ordenou que todos os meninos de até 2 anos fossem executados em Belém e naquela região. Ele temia que o novo rei tomasse seu trono. José foi alertado em sonho por Deus e fugiu para o Egito com Maria e o bebê Jesus, retornando a Nazaré somente após o falecimento de Herodes. Do nascimento à morte, Jesus foi perseguido. Viveu e sofreu, verdadeiramente.
“Há uma verdade de fé da igreja de que Jesus é plenamente humano e plenamente divino. Não é uma realidade tão palpável para entendermos, mas Deus, na totalidade de sua revelação, se tornou gente”, explicou o padre Paulo César Rodrigues, em entrevista ao Jornal CCO, na época em que ele era responsável pela paróquia Santo Antônio em Arcos.
O padre acrescentou: “Desde a criação do mundo, houve esse fio cronológico de tempo, de história, em que Deus quis falar com seu povo. Essa plenitude se dá em Jesus Cristo, que revela a divindade a partir da sua humanidade. Jesus viveu tudo, exceto o pecado”.
O Menino Jesus foi alfabetizado e tinha o costume de escrever na areia. Um dos relatos marcantes da Bíblia é Seu encontro com os doutores da lei no templo, aos 12 anos de idade, quando já tinha conhecimento para dialogar com aqueles que eram considerados sábios.
Os relatos da vida pública de Jesus, já adulto, referem-se ao período de 30 aos 33 anos, idade em que foi crucificado. Acredita-se que Jesus tenha sido um itinerante na região de Nazaré. “Jesus foi um itinerante, mas não ia muito longe, porque as condições não eram favoráveis. Viveu na região de Nazaré, na Galileia”, relatou o padre.
Jesus era judeu e sua família cumpria com as tradições. Um desses costumes era ir a Jerusalém, no templo, apresentar o primeiro filho nascido homem e fazer uma oferta. Uma prova de que José e Maria não tinham muitos recursos financeiros é que eles ofertaram um par de rolinhas. Os ricos ofereciam grandes animais.
Dos 13 aos 30 anos, Jesus estaria trabalhando e cuidando de Sua mãe
“E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lucas, 2,52)
Dos 13 aos 30 anos, Jesus estaria trabalhando para prover o lar, porque José teria morrido. As viúvas, naquela época, ficavam desamparadas e tinham que viver como mendigas. Acredita-se que Ele tenha assumido a responsabilidade pelas despesas de casa, com seu trabalho de carpinteiro. “Jesus estava vivendo, fazendo amigos, cuidando da Sua mãe. Se José morreu mesmo muito cedo, como diz a tradição, Jesus estava lutando para ganhar o pão de cada dia para sustentar a Sua mãe, porque as viúvas ficavam desprovidas”, descreveu padre Paulo Rodrigues.
O papel da Virgem Maria também foi abordado pelo padre. “Não podemos pensar na Virgem Maria como uma mulher frágil. O que ela viveu e experimentou revela fortaleza e coragem”.
“Jesus comunista”
Intelectuais da linha marxista, assim como outros adeptos do comunismo, costumam dizer que “Jesus foi comunista”. Em entrevista ao Jornal CCO, Padre Paulo César Rodrigues argumentou: “Eu não diria que Jesus foi um comunista. Depende também daquilo que se considera como comunismo. Se formos olhar a ação de Jesus, corremos um risco bem forte de identificá-lo como ‘comunista’, porque Ele quer o bem comum, a partilha; mas Jesus não quer a invasão, não quer a violência, não quer a luta e o poder da espada. Não podemos usar o Evangelho ou o próprio Cristo para uma luta de interesses pessoais, políticos, sociais”.
Padre Paulo Rodrigues acredita que Jesus atuou politicamente, no sentido nobre da palavra, desenvolvendo ações libertadoras e de inclusão, por exemplo, quando cura o leproso para que ele possa voltar ao convívio com a comunidade. “A ação de Jesus foi libertadora, totalmente política. Não estou me referindo à política partidária, mas à política na sua essência, na arte de governar, na arte de querer o bem, na arte da partilha, na arte da sociedade mais justa, mais fraterna, mais igualitária. Quando Jesus cura o leproso, estava dando oportunidade a ele de, novamente, pertencer à sociedade, à comunidade, à sua família, porque ele estava “jogado fora”. Essa ação de Jesus é de libertação, de inserção”, concluiu.
“Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz” - Isaías 9:6.