Joaquim Braz: uma vida de trabalho, amor pela família e pela música

Joaquim Braz é o entrevistado da série Gente Nossa, que apresenta arcoenses de nascimento ou de coração que têm uma história de vida diferenciada em Arcos

Joaquim Braz: uma vida de trabalho, amor pela família e pela música
Joaquim Braz (foto: Jornal CCO)

Joaquim Braz de Oliveira, Joaquim Braz, Joaquim da Gaita ou Quinca da Gaita são a mesma simpática pessoa. “Aqui no bairro ‘Cipó-pau’, é ‘Quinca da Gaita’” – afirma Joaquim. Ele explica que até os anos 80, o bairro que hoje é chamado de ‘Brasília’, era conhecido com ‘Cipó-pau’, devido à grande quantidade da planta que existia naquela área. “Mas, se falasse que aqui era “Cipó-pau”, naquela época, dava morte”. Ele nasceu, no ‘Cipó-pau’, no dia 28 de setembro 1955.

Joaquim, desde seu nascimento, mora na rua Chiquinha Rodrigues Raimunda. “Este quarteirão era todo do meu pai e eu nasci logo ali na esquina de cima, onde hoje é a Mercearia do Gilberto”. Desde 1978, quando se casou com Vera Lúcia Borges de Oliveira (falecida em 2004), reside em sua casa na esquina com a rua Joaquim Murtinho.


Ele é o mais velho de uma família com cinco filhos: Joaquim Braz, Nival Braz, Joana D’Arc, Nilva e o Nilvane (‘China’). Todos filhos de Elídia Braz de Oliveira e de Ernesto Vital de Oliveira (‘Nelson’). Joaquim conta: “Minha vó queria que meu pai se chamasse ‘Nelson’. Ao chegar na igreja, o padre disse que não havia nenhum santo com o nome de Nelson e determinou: ‘Vai se chamar Ernesto’”. Ele explica que só está no registro, ninguém o conhecia por Ernesto, sempre foi ‘Seu Nelson’ para todas as pessoas. Os próprios filhos o chamavam de Nelson.

De seu casamento, Joaquim teve dois filhos: Carlos e Lucas. Do mais velho (Carlos), um neto ‘Carlinhos’; e Lucas, dois netos: Laura e o mais jovem da família, Felipe, nascido na última Quarta-feira de Cinzas.

Joaquim conta que se casou novamente com Ana Cláudia da Silva, que têm quatro netos: “Com os meus três, temos sete netos”. Uniram-se em 27 de setembro de 2013 e, passados quase 11 anos de convívio, pretendem oficializar a união em breve.

Os estudos e o trabalho

“Estudei no ‘Comercial Arcoense’, depois no ‘Berenice’ e, finalmente, fiz magistério. Sou professor diplomado de 1ª a 5ª série. Mas, nunca exerci, pois quando me formei, já trabalhava como apontador na ‘Almeida’” (a empresa que iniciou a obra de infraestrutura da Companhia Siderúrgica Nacional, CSN, em Arcos). Isto foi em 1975, quando comecei a trabalhar” – contou Joaquim.

Em 1977, ele começou sua trajetória na CSN, também como apontador de fiscalização. Depois foi auxiliar administrativo, técnico de mão-de-obra e analista de administração de pessoal. “O cargo de analista só era dado a quem tivesse terceiro grau. Eu não tinha e, por reconhecimento, me promoveram assim mesmo” – contou Joaquim.

Ele se aposentou em 2010 e não mais trabalhou por que, segundo ele a aposentadoria privada da CSN garante o futuro, dentro do padrão conquistado durante e período de trabalho. “Hoje, eu sou conselheiro eleito, por quatro vezes, para o Conselho Deliberativo da CBS Previdência Privada”.

A música

“A música, ela que abriu tudo na minha vida”. Ele conta que, com 12 anos, começou a tocar gaita. Todos o chamavam como “o menino da gaita”. Ele relembra de que tocava em boteco e ganhava guaraná.

Joaquim lembra de que, na época, arrancava toco para vender e queimar em fogão a lenha. “Eu e um amigo (o Nilzan, que tinha uma carroça) íamos, após a aula, arrancar tocos que vendíamos por 30 cruzeiros, pagávamos a despesa e dividíamos”.

Um dia, dois amigos meus, Mauro Gomide (violonista) e Zé Badaró (baixista) me convidaram para tocar um casamento. “Arrumaram roupa, arrumaram tudo para eu poder ir. Fui, me levaram pra festa, eu bebi cerveja que nunca tinha bebido e até me levaram em casa e me deram 30 cruzeiros. Peguei dinheiro e decidi que iria investir ‘nesse negócio de música’”.

 Coral da igreja Nossa Senhora do Carmo (anos 70)

Com 14 ou 15 anos, ele passou a viver da música e, além da gaita, passou a tocar violão, sempre como autodidata.

“Daí criamos a banda ‘Hering Som’, numa alusão à marca da gaita que ganhou de presente do então presidente do Rotary Club, ao ser convidado para tocar, pela primeira vez em um jantar.

Hering Som no Chapéu de Palha (Joaquim ao lado do baterista)


Segundo Joaquim, o grupo tocava em churrascarias, festinhas, em bares, dentre os quais, o Chapéu de Palha e o Gamelão, até que Olegário Amorim (líder da banda) teve que ir embora para estudar e a banda acabou.

Tocando contrabaixo, atrás do baterista, à direita - banda JC7 de Lagoa da Prata (1973)

Ele conta que, então, foi para Lagoa da Prata tocar com a banda JC7. A banda era boa, com bons músicos e instrumentos e tocava em várias cidades, até que um problema de saúde atingiu um colega e ele refletiu, chegando à conclusão de que continuar na música, como profissão, não teria futuro.

“Mas, continuei tocando em casamentos e entrei para o grupo Seresta”. Ele conta que, foi naquele momento, abriu-se a possibilidade de trabalhar na ‘Almeida’.

 Joaquim à direita atrás, encostado na caixa de som (anos 90)

Mas, como seguiu tocando em casamentos, ele adquiriu um órgão (1985), comprou um teclado e, em determinados momentos, embora não fosse possível viver da música profissional, boa parte do sustento vinha da música, especialmente na época da privatização da CSN. “Toquei casamento até 2003”.

Joaquim diz que, nunca mais tocou profissionalmente, mas como em outros momentos, não afasta a ideia de se reunir com seus amigos para fazer música, certamente, além de curtir a família, é o que lhe faz mais bem.

Ele ainda destacou que vai ao Nordeste três vezes por ano para rever e fazer música entre amigos, mas, que lá permanece por volta de três dias.

Atualmente, Joaquim, com 68 anos e que muito cuidado com sua saúde, pode ser visto, diariamente, caminhando pelas ruas da cidade, sempre com um de seus mais de 20 chapéus. Mas, esta já é outra história.

Joaquim contou muitos outros casos de sua vida à reportagem do CCO e, certamente, outros tantos teria para contar, tais como o fato de ser o atual presidente da Sociedade Vencer. Joaquim assumiu o cargo em janeiro deste ano. O musical e simpático ‘Quinca da Gaita’, arcoense, sem dúvida, é Gente Nossa!

Fotos: arquivo pessoal do entrevistado

Reportagem: Nando Noronha