Motociclistas da fé: 72 motociclistas em romaria à “Aparecida”

A fé sobre duas rodas, rumo à 'Aparecida'

Motociclistas da fé: 72 motociclistas em romaria à “Aparecida”
Motociclistas da fé em 'Aparecida', à frente Viviane e Elsinho

A 5ª Romaria Motociclistas da Fé, organizada pelo casal formiguense Viviane Caetana Martins da Silva, de 43 anos, e Elson Alves Ramos (Elsinho) de 51 anos, partiu do Terminal Rodoviário de Formiga, às 5h20 da sexta-feira, 23/06, com destino à Aparecida do Norte (SP). É mais uma romaria à Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida. 

Viviane concedeu entrevista ao Jornal CCO, contando sobre essa viagem de fé, ao santuário da Padroeira do Brasil. Ela complementa, explicando que os ‘Guardiões de Maria’ é um grupo de motociclistas de sua família. É este grupo que vem organizando a romaria anualmente, desde 2017, sob a liderança do casal.

Os viajantes e a viagem

Viviane conta: “Fomos 133 pessoas, em 72 motos, três carros de apoio, com uma carretinha, caso alguma moto estragasse. Ainda tivemos a companhia de mais 4 carros”. Ela relata a romaria foi integrada por: 60 motos de Formiga e sete de Arcos. De Sete Lagoas, Santa Luzia, Belo Horizonte, Pains e Córrego Fundo, uma moto representando cada cidade.

Equipe de apoio, com Viviena e Elsinho à frente

Viviane lembra que na primeira edição da romaria, em 2017, participaram 37 motos e 77 participantes. Depois, no ano seguinte 2018, 43 motos; em 2019, foram 57; e, no ano passado (2022), 79 motos. Ela lembra, com tristeza que em 2019 e 2020, a romaria não foi realizada devido à pandemia. “Ano passado, nossas camisas foram nas cores preta e verde, pois estávamos de luto pelas perdas que tivemos na pandemia e verde pela esperança de dias melhores”.

Motociclistas da fé em 'Aparecida' (2019)

Neste ano, as camisetas foram azuis para os homens e rosa para as mulheres. Ela explica: “A cor azul representa o manto sagrado de Nossa Senhora Aparecida que traz ao homem a segurança, os detalhes em laranja representam a descontração, a alegria de estar servido ‘Maria’, e a gola em branco simboliza a paz. Para as mulheres, a cor rosa traz a feminilidade, os detalhes em branco, novamente a representam a paz e a gola na cor preta, a segurança de estar na garupa de nossos maridos”.

Na ida, o grupo fez paradas em Perdões (Crossville); na praça de pedágio; abasteceram em Cambuquira; outra parada em Pouso Alto; e, na serra, divisa com São Paulo, para a entrega das pulseiras de acesso ao hotel. 

Na volta o grupo fez paradas em: uma imagem da Santa, que fica no alto da serra; outra para o abastecimento; almoçaram em Três Corações; outra parada na praça de pedágio; novamente no Crossville em Perdões, chegando a Formiga, onde o grupo se dispersou, às 14 horas do domingo (25/06).

No Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida do Norte (SP), todo o grupo, participou da celebração da Santa Missa, no sábado às 18 horas. “Alguns integrantes participaram como ministros da eucaristia e os demais fizeram parte do coral”.

Histórias da Romaria

Viviane conta que são muitas histórias de fé, nessas cinco romarias a ‘Aparecida’ e afirma que, especialmente se ouvidos de cada um deles, emocionam.

Gente de muita fé

Segundo ela, a primeira história interessante, aconteceu já na primeira romaria, em 2017, quando havia 98 inscritos, com previsão de saída no sábado para retornar no domingo (‘bate-e-volta’). Ela relata que às vésperas da viagem choveu muito e no grupo alguns começaram a questionar, sugerindo o cancelamento da viagem. “No almoço, ao me ver chorando muito, minha mãe, com a mão sobre meu ombro, disse: ‘O que você tiver de propósito Nossa Senhora vai te abençoar. Siga e apenas confie’. 

Viviane conta que, às 4 horas, quando começaram a se preparar para sair com 77 pessoas dos 98 inscritos, em 37 motos, estava garoando e iniciaram o percurso de 400 quilômetros. De nublado tornou-se ensolarado. Segundo ela, aqueles que ficaram para trás, se questionaram sobre a passagem do evangelho que nos diz dos ‘homens de pouca fé’. “Fomos, passeamos e voltamos, sem uma gota sequer de chuva sobre nós. Eles que ficaram demonstraram pouca fé e nós fomos de muita fé” – relatou com evidente emoção.

Ovelha desgarrada

Tenho um ‘irmão-motociclista’ que hoje é ministro da Eucaristia e muito atuante em sua paróquia. Ela conta que ele afirma ter sido uma ‘ovelha desgarrada’ e que foi arrebatado pela romaria. Disse ela que, ao ver as demonstrações de fé ao longo da viagem, sentiu-se ‘tocado’.

Confessar e comungar

Um casal com mais de 45 anos de casados, nunca havia ido a Aparecida do Norte de moto, somente em ônibus e, no ano passado, participaram dos Motociclistas da Fé. Viviane conta que a esposa rezou dois rosários, durante a ida, pedindo que Nossa Senhora tocasse o coração do marido dela, pois há mais de 40 anos, ele não confessava, nem comungava. Também emocionada, Viviane conta: “No sábado pela manhã, o marido convidou a esposa e falou que iria confessar e comungar”.

“São histórias de pessoas que nos emocionam e nos deixam muito felizes, pois é muito gratificante para quem organiza” – diz a organizadora.

Esta é mais uma romaria à Catedral Basílica Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida do Norte (São Paulo). Uma história de emoção e fé.

Fotos: Viviane Silva (arquivo pessoal)

Matéria: Nando Noronha