Recuperandos da APAC/Arcos produzem sementes de macaúba para reflorestamento
Educação é prioridade, mas recuperandos trabalham produzindo tijolos, artesanato, sementes e sacaria, entre outras atividades internas

A Associação de Proteção e Assistência ao Condenado de Arcos (APAC/Arcos) tem em suas diretrizes oferecer a oportunidade de o apenado desenvolver sua espiritualidade, seu conhecimento e sua capacidade de trabalho em atividades laborais de artesanato, fabricação de tijolos, confecção de sacaria e sementes de macaúba para reflorestamento.
“Trabalho é importante, mas não prioritário” – segundo o encarregado financeiro, Bruno Coutinho, explicou que os recuperandos não podem trabalhar oito horas por dia, pois têm outras atividades.
Bruno afirma que o estudo é prioridade. Ele diz que, na APAC, todos os recuperandos devem estudar. Além disso, todos participam das atividades voltadas à formação pessoal, religiosidade e espiritualidade. São basicamente palestras e aos momentos de valorização da vida, com a participação de voluntários.
Educação é prioridade
Segundo o presidente da APAC, o engenheiro Nelson Assis Filho, o Estado fornecerá os professores para o ensino regular. Inicialmente, o ‘Fundamental’ e, logo que possível, as séries do Ensino Médio. Haverá uma ‘filial’ da Escola Estadual Dona Maricota Pinto” na APAC, que já funcionará nas salas existentes, a partir de fevereiro de 2025.
Todos trabalham
A rotina de trabalho dos regimes é separada, mas todos acordam as 06 horas, organizam suas camas, participam do ato [religioso], preparam o café da manhã e às 08 horas começam suas atividades.
Para o regime semiaberto, os recuperandos além de serem os responsáveis pela fábrica de blocos e na confecção de sacolas, trabalham na portaria, na manutenção, na faxina e na horta que, atualmente, está desativada por conta das obras de ampliação, que deverão iniciar em breve.
Resultado do trabalho é compartilhado
Segundo o encarregado financeiro, os recursos recebidos com a venda do que é produzido é dividido entre a APAC e os recuperandos. Do que é produzido, depois de descontado o valor gasto na compra dos insumos para a produção, o lucro é dividido para complementar a manutenção da entidade e outra parte vai para os recuperandos. Quase que todos os recuperandos enviam seu ganho para auxiliar no sustento de suas famílias. “Embora a participação do Estado e da Administração Municipal sejam significativas e indispensáveis, não cobrem toda as despesas com a manutenção da entidade que totalizam R$ 90 mil ao mês”, esclarece Bruno.
Produção de tijolos
Na produção dos blocos, que são vendidos para terceiros, do total, são abatidos os gastos com a compra dos materiais destinados à produção e à manutenção do maquinário. Do lucro, 60% vão para a manutenção da APAC e 40% são divididos entre os recuperandos que trabalharam na produção. “Individualmente não é um valor tão expressivo, mas muito contribui para as famílias deles que, na maioria são famílias muito humildes, de recursos limitados” – afirma o encarregado.
A APAC produz 1.500 blocos ao dia.
Artesanato e marcenaria
O artesanato e a marcenaria, produzidos pelos recuperandos do regime fechado são bem aceitos no mercado de Arcos, pela qualidade e beleza. “Vendemos as peças em uma banca na Feira do Produtor Rural (‘Feirinha’) e anunciamos pelas redes sociais da APAC/Arcos”.
Os recuperandos do regime fechado, além das oficinas de artesanato e de marcenaria. A produção de artesanato alcança 200 peças por mês.
Sacaria
Outros recursos também entram na APAC graças a um convênio com a empresa Cimento Nacional, pelo qual os recuperandos confeccionam sacolas (sacaria) para o cimento. Segundo a supervisora, no último mês foram produzidas 900 sacolas, mas, a quantidade depende da demanda.
Sementes de macaúba
Nelson conta: “Nós temos uma parceria com a INOCAS – Soluções em Meio Ambiente. A gente quebra o coquinho de macaúba, tira a semente para fazer reflorestamento”. Ele explica que os coquinhos são entregues pela INOCAS, à APAC. Lá, eles são descascados pelos recuperandos e as sementes são retiradas pela empresa para servirem de mudas destinadas ao reflorestamento em áreas degradadas brasileiras.
Conforme o site da empresa, a INOCAS tem por missão transformar a macaúba na principal fonte de óleos vegetais do mundo. Para tanto, a meta resgatar 30 mil hectares de pastagens brasileiras degradadas, transformando-as em áreas produtivas, até 2030.
Os recuperandos produzem seis quilos de sementes por dia.
Além da APAC/Arcos a APAC/Patos de Minas também participa do projeto da INOCAS.