Bairros de Arcos: moradores reclamam por atenção da Administração Municipal

Os bairros Calcita, Santa Efigênia, Nossa Senhora Aparecida e São Geraldo estão separados do Centro e das demais regiões da cidade pela BR-354

Bairros de Arcos: moradores reclamam por atenção da Administração Municipal
Estação Elevatória de Esgoto: placa informava que a Estação Elevatória de Esgoto estaria em processo de desativação (foto: Jornal CCO)

Dando continuidade à Série Bairros de Arcos, foi a vez de o Jornal CCO visitar os bairros Calcita, Santa Efigênia, Nossa Senhora Aparecida e São Geraldo. Na verdade, os quatro bairros estão interligados e só quem mora lá é que sabe, com segurança, identificar em qual deles está, pois não há placas de identificação ou sinalização que indiquem a localização.


Lotes de uma fazenda

Aparecida de Fátima Rodrigues Rabelo, de 68 anos, é viúva de Francisco Antônio Rabelo (mais conhecido como ‘Chico Pio’ ou ‘Chico Leiteiro’) e, até março passado, residia no Calcita, quando se mudou para morar com sua filha, no bairro Santo Antônio. É ela quem conta sobre a origem dos bairros. “Ali estão todas as minhas raízes, desde que casei” – afirmou Aparecida, ao contar que morava na roça, junto ao Calcita.

“Foi um loteamento pequeno que iniciou no final dos anos 60. Em 1971, quando eu me casei, tinha quatro casas no bairro”. Ela lembra de que ali era a fazenda de Chico Bonifácio, onde ele plantava abacaxis. Ela conta que o bairro Santa Efigênia veio por volta de 85 e o bairro Nossa Senhora Aparecida, veio em seguida. Todos nas terras de Chico Bonifácio. “Já o bairro São Geraldo está nas terras que eram da família de meu marido e é novo”.

O crescimento daquela região, seu deu com a entrada do Prefeito Paulo Marques, entre 1977 e 1983. “No início do mandato, eu e mais quatro pessoas fomos ao prefeito e pedimos uma escola. Pois precisávamos levar os meninos, ou no ’Maricota’ ou em outra escola que ficava na fábrica de cimento perto do ‘Pulo do Gato’. Pedimos e ele construiu a Escola Municipal José Bonifácio”.


Sociedade Vencer

“Com 30 e poucos anos eu tive um câncer. Tinha seis filhos para criar. Fiquei na luta por 10 anos. Deus me deu a chance de viver e eu entendi que precisaria fazer alguma coisa em gratificação a Deus pelo milagre da minha vida”. Ela conta que em 2002, a Sociedade Vencer foi registrada oficialmente e a sede foi construída entre 2010 e 2011 no bairro Santa Efigênia. 

“Em 2012, com meu marido adoentado, eu me afastei da Sociedade Vencer para dar atenção a ele”.

Aparecida foi vereadora de Arcos de 2017 a 2020 e se afastou da política. “Fui com a intenção de fazer uma grande melhoria, mas, percebi que meu serviço voluntário rendia mais em prol das pessoas”. 


De professora a comerciante

O CCO conversou com Nísia Sabrina (36 anos) que, junto com seu esposo Gleyson, é proprietária do Comercial Santa Terezinha, uma loja de materiais de construção. Ela conta que seu esposo passou a infância no Calcita e que, quando casaram, resolveram morar ali. “Nós moramos, atualmente, na comunidade da Boca da Mata de Cima, que faz fundos com os bairros”.

Ela recorda de quando foi professora e deu aulas na creche e na escola que atendem os bairros: escola José Bonifácio e a Creche Municipal Pablo Victor de Sousa Lima. “Meus alunos, agora, são meus clientes e tenho enorme carinho por eles e pela comunidade”.

Nísia disse que nos bairros têm padarias, mercados, açougues, bares, lancherias e uma farmácia. “Falta mesmo é um sacolão” – afirma.

Nísia reclama que não tem uma praça, um lugar apropriado para o lazer para a meninada. Outro problema é a falta de câmeras do sistema “Olho Vivo” e da passarela para atravessar a BR-354. “Graças a Deus, parece que agora vai. Já houve licitação e vão começar a construir em breve”.

Nísia também aponta a falta e má conservação de calçadas, ficando difícil para quem usa carrinho de bebê, para idoso e cadeirantes. 

“O lixo é recolhido normalmente. Mas, o bairro estava sujo. Na semana passada, falamos com o prefeito. Ele disse que mandaria limpar e estão limpando”. De fato, enquanto o CCO conversava com Nísia, o serviço de limpeza da prefeitura estava passando pelos bairros.

Sobre o esgoto, ela reclamou de um problema que existe numa estação de esgoto abaixo da rua José Vilela e indicou a moradora Karine, que mora junto ao local e poderia falar mais sobre essa situação.

Mau cheiro há 16 anos

Karine Rodrigues, diarista e dona de casa que mora com seu esposo e dois filhos, conta que o problema do mau cheiro é que vaza esgoto da caixa, ficando exposto a céu aberto, e a prefeitura não dá manutenção periódica. Para virem fazer a limpeza, é preciso ligar com insistência. 

“Na época do calor, ninguém aguenta, não. Mas, o problema maior são os escorpiões, eles saem da caixa [de esgoto] e entram pela garagem” – diz, contando que até já tiveram coleção de escorpiões no vidro”.

Na reunião que fizeram com o prefeito, Karine disse que solicitaram o asfaltamento dois trechos de ruas, manutenção nos inúmeros buracos. Sobre a Estação Elevatória de Esgoto do Bairro Calcita, informava que a estação estaria em processo de desativação.

O esposo de Karine, Roberto dos Santos, que é pintor, lembra: “Eu morava no Olaria e quando casamos, eu vim para cá, em 2007. De lá pra cá, até agora nada aconteceu de melhorias no bairro, enquanto que em outros bairros muita coisa aconteceu”. Ele está descrente que alguém possa resolver o problema da estação de esgoto, pelo tempo que o problema está instalado. Ele critica também sobre a segurança do bairro: “Você vem aqui à noite, é malandragem pura”. Ele conta que para passar com criança, é preciso escolher a rua de entrada no bairro, para evitar constrangimentos com a prostituição e as drogas, especialmente junto à rodovia. 

Ele também demonstrou contrariedade com a proposta de abrir uma ligação do bairro com a estrada da Boca da Mata (MG-170), devido à insegurança resultante da possível passagem de caminhões.