DIABETES TIPO 2: quando os medicamentos perdem a eficácia

Confira o artigo do Dr. Tarcísio Silva, em sua coluna de Saúde, abordando mais um aspecto sobre o Diabetes

DIABETES TIPO 2: quando os medicamentos perdem a eficácia
Dr. Tarcísio Narcísio Silva, colunista de Saúde do Jornal CCO

Para o tratamento do diabetes tipo 2, onde o paciente inicialmente ainda produz insulina, existem vários medicamentos disponíveis, cada um com uma forma diferente de ação. Apesar dos avanços recentes, com medicações modernas, muitos pacientes acabam perdendo o controle do diabetes por falta de resposta aos medicamentos orais. Isso é chamado de falência aos medicamentos orais. Os pacientes se queixam que mesmo fazendo dieta adequada, exercícios físicos e usando os medicamentos regularmente, a glicose não fica controlada. Essa falência pode acontecer poucos meses ou muitos anos após o início dos medicamentos orais. Quando isso acontece, o paciente passa a necessitar de injeções de insulina diariamente para controlar o diabetes.


Quais as causas dessa falência?

O diabetes não tem uma única causa. Pode ser provocado por falta de produção de insulina, falta de resposta do organismo à ação da insulina (chamada resistência insulínica), produção aumentada de hormônios que prejudicam a ação da insulina, diminuição da utilização de glicose pelos músculos, aumento da produção de glicose pelo fígado, aumento da reabsorção de glicose filtrada na urina, etc. Alguns pacientes têm apenas um, outros pacientes têm vários desses mecanismos levando ao diabetes.

Existem pacientes que apresentam uma boa resposta no início com um tratamento, mas depois passa a não conseguir mais um controle adequado porque sua medicação trata apenas uma das causas de seu diabetes.

Outra questão importante é o fato de que o diabetes é uma doença progressiva. A grande maioria dos pacientes diabéticos tipo 2 vai, com o tempo, deixar de produzir insulina e passar a ter necessidade de injeções diárias de insulina. A região do pâncreas chamada ilhota é responsável pela produção de insulina e vai sendo substituída por gordura. A velocidade com que isso ocorre varia de pessoa para pessoa e é possível retardar esse processo, permitindo que o corpo reaja por mais tempo aos medicamentos orais. 


Como prevenir ou retardar essa falência?

· O passo principal é levar a sério o tratamento desde o diagnóstico do diabetes. Estudos comprovam que quanto mais rápido o paciente conseguir um bom controle, mais tempo seu pâncreas conseguirá produzir insulina de forma correta e mais tempo seu organismo conseguirá manter uma boa resposta com o mínimo de medicações. Isso é chamado “MEMÓRIA METABÓLICA”: nosso corpo se acostuma com o bom controle da glicose e passa a ajudar a manter esse bom controle através de mudanças no metabolismo.

· Ter sempre em mente que a medicação ajuda, mas não é a parte principal do tratamento. Bons hábitos como alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares, evitar bebidas alcoólicas, abandonar tabagismo, controlar o estresse, buscar uma boa noite de sono e evitar automedicação são fundamentais.

· Usar corretamente a medicação para o diabetes: pacientes rebeldes, que não respeitam os horários e doses prescritas perdem rapidamente a capacidade de reagirem bem aos medicamentos. Isso aumenta a chance de virem a precisar usar insulina em pouco tempo.

· Realizar controles clínico-laboratoriais periodicamente: isso ajuda a saber qual mecanismo está prejudicando o bom controle do diabetes, permitindo ao médico especialista associar ou trocar a medicação da forma correta.