Mística Literária: O Pálido Olho Azul, a investigação poética

Mística Literária: O Pálido Olho Azul, a investigação poética

O Pálido Olho Azul é um livro de investigação criado pelo ilustre escritor Louis Bayard. A narrativa cuida de assassinatos sombrios com a retirada de determinados órgãos; vingança; rituais; religião; e poesia. O que mais chama atenção é o fato de que uma das chaves da investigação é um poema de Edgar Allan Poe e que ele é um dos personagens do livro. 

O principal cenário da trama é a Academia Militar de West Point, eis que o cadete Leroy Fry é encontrado morto sem coração. Para investigar esse crime, o superintendente Sylvanus Thayer contrata os serviços de um detetive já aposentado e bastante eficiente chamado Augustus Landor. Buscando aprofundar a investigação, o Sr. Landor solicita a ajuda do cadete e poeta Edgar Allan Poe. 

Cumpre esclarecer que de fato Edgar Allan Poe foi cadete por um breve período na Academia Militar de West Point. Todavia, sua ajuda na mencionada investigação é fictícia, bem como os assassinatos. Apenas alguns nomes de pessoais reais foram utilizados, uma vez que o autor usou dados históricos da época para dar maior vivacidade ao enredo. 

A trama tem uma grande reviravolta, pois inicialmente tudo indica uma certa resolução. Entretanto, quando menos se espera, tudo o que o leitor consolidou como devidamente investigado cai por terra. Além disso, o mistério proporciona grandes reflexões sobre o poder da vingança e como determinada doença era tratada com cunho religioso e rituais, em virtude da falta de estudos e medicamentos. 

Cumpre expor trecho da poesia com acróstico (1) contido nessa obra, já que foi uma das chaves para que Edgar Allan Poe entendesse melhor esse mistério: 

Em meio aos esplendores dos bosques circassianos, 

Em um riacho escondido salpicado com o firmamento,

Em uma lua partida e escondida e encoberta pelo firmamento, 

As donzelas suaves de Atenas se expressaram 

Sussurrando obediências e acanhamento. 

Lá encontrei Leonore, sozinha e delicada

No abraço de uma nuvem lacerada em prantos. 

Muito atormentado, não pude senão abandonar-me 

À donzela com o pálido olho azul 

Ao demônio com o pálido olho azul. 

O autor foi muito inteligente ao incluir Edgar Allan Poe como personagem, eis que assim conseguiu incluir um brilho poético e também expor alguns fatos reais da vida dele para que o leitor conhecesse melhor sua origem. Ademais, é muito inusitado, pois Edgar é considerado inventor do gênero de ficção policial, e teve a chance de agir como investigador ajudante nessa obra. 

Por fim, tem-se que esse grande livro inspirou o filme homônimo – lançado em 2022 – que foi protagonizado pelo talentoso ator Christian Bale (disponível na plataforma da Netflix).

Leia o livro e depois assista o filme para comparar e desvendar esse poético mistério!

(1) Composição poética na qual certas letras de cada verso, quando lidas em outra direção e sentido, formam uma palavra ou frase. O acróstico é revelado apenas na versão em inglês.