Fabricação de blocos, artesanato e funções internas são rotina de trabalho para os 44 recuperandos da APAC

Atividades produtiva dos recuperandos garantem renda extra para a APAC e para as famílias dos apenados

Fabricação de blocos, artesanato e funções internas são rotina de trabalho para os 44 recuperandos da APAC
Fabricação de blocos, artesanato e funções internas são rotina de trabalho para os 44 recuperandos da APAC

Recentemente o portal do Jornal CCO (jornalcco.com.br) republicou, em sua seção Túnel do Tempo, a matéria “Recuperandos da APAC de Arcos fabricam blocos para a construção civil” (publicada no jornal CCO, edição de 28 de fevereiro de 2010). A matéria pode ser acessada em: https://www.jornalcco.com.br/recuperandos-da-apac-de-arcos-fabricam-blocos-para-a-construcao-civil

Bruno Coutinho, encarregado financeiro da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Arcos, entrou em contato para atualizar as informações, dando conta de que, atualmente, a fábrica de blocos de concreto tem maquinário novo, com capacidade de produzir até 1.500 blocos por dia. Bruno diz que a máquina foi adquirida com recursos destinados pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais em Arcos e que está em funcionamento, há aproximadamente, dois anos. 

Bruno Coutinho - Encerregado Financeira da APAC


Trabalho é importante, mas não prioritário

No entanto, a produção é menor do que a capacidade, pois, segundo Bruno, os recuperandos não podem trabalhar oito horas por dia, pois têm outras atividades.

A Supervisora de Oficinas da instituição, a pedagoga Élem Cristina Pereira, que trabalha na APAC há quase dois anos, diz que a produção média mensal gira em torno de 8 mil blocos. Ela explica: “Os recuperandos não trabalham todo o dia na fábrica, devido às aulas diárias, palestras e outras atividades”. 

Bruno reforça, detalhando que o trabalho é uma das atividades, é muito importante, mas não é prioritária.  “O prioritário, por exemplo, é o estudo. Ele diz que, na APAC, todos os recuperandos devem estudar. Além disso, todos participam dos horários destinados a religiosidade, às palestras e aos momentos de valorização da vida”.

Élem Cristina Pereira - Supervisora de Oficinas


Os dois regimes trabalham

Élem detalha o cotidiano dos recuperandos: “A rotina de trabalho dos regimes é separada, mas todos acordam as 06 horas, organizam suas camas, participam do ato [religioso], preparam o café da manhã e às 08 horas começam suas atividades”.

Para o regime semiaberto, os recuperandos além de serem os responsáveis pela fábrica de blocos e na confecção de sacolas, trabalham na portaria, na manutenção, na faxina e na horta que, atualmente, está desativada por conta das obras de ampliação, que deverão iniciar em breve.

Os recuperandos do regime fechado, além das oficinas de artesanato e de marcenaria, têm a responsabilidade de zelar pela parte interna da instituição e cuidar da alimentação. Ela diz que a produção de artesanato alcança 200 peças por mês.

“As funções são passadas aos recuperandos por mim, em consenso com o encarregado de Segurança e o presidente do Conselho de Sinceridade e Solidariedade (C.S.S.). As funções são: porteiro, galeria, folguista, cozinheiro e faxineiro” – relata.


Resultado do trabalho é compartilhado

Segundo o encarregado financeiro, os recursos recebidos com a venda do que é produzido é dividido entre a APAC e os recuperandos. Do que é produzido, depois de descontado o valor gasto na compra dos insumos para a produção, o lucro é dividido para complementar a manutenção da entidade e outra parte vai para os recuperandos. Quase que todos os recuperandos enviam seu ganho para auxiliar no sustento de suas famílias. “Embora a participação do Estado e da Administração Municipal sejam significativas e indispensáveis, não cobrem toda as despesas com a manutenção da entidade que totalizam R$ 90 mil ao mês”, esclarece Bruno.

Na produção dos blocos, que são vendidos para terceiros, do total, são abatidos os gastos com a compra dos materiais destinados à produção e à manutenção do maquinário. Do lucro, 60% vão para a manutenção da APAC e 40% são divididos entre os recuperandos que trabalharam na produção. “Individualmente não é um valor tão expressivo, mas muito contribui para as famílias deles que, na maioria são famílias muito humildes, de recursos limitados” – afirma o encarregado.

Ele destacou: “Quando iniciarem as obras de construção do novo prédio, os blocos serão utilizados para esta finalidade, reduzindo os custos da obra. Os trabalhos deverão iniciar entre novembro e dezembro”.

O artesanato e a marcenaria, segundo Bruno são bem aceitos no mercado de Arcos, pela qualidade e beleza. “Vendemos as peças em uma banca na Feira do Produtor Rural (‘Feirinha’) e anunciamos pelas redes sociais da APAC/Arcos.

Outros recursos também entram na APAC graças a um convênio com a empresa Cimento Nacional, pelo qual os recuperandos confeccionam sacolas (sacaria) para o cimento. Segundo a supervisora, no último mês foram produzidas 900 sacolas, mas, a quantidade depende da demanda.


Recursos para o novo prédio

Bruno diz que, numa primeira etapa, já estão acertados R$ 400 mil, que serão repassados pela Prefeitura de Arcos, em outubro ou novembro. “Os recursos já foram aprovados pela Câmara de Vereadores e dependem somente de questões burocráticas” – afirmou. Segundo ele, outros R$ 400 mil estariam acordados com a Administração Municipal para o próximo ano.

Como as novas instalações estão orçadas em R$ 1,8 milhão, os demais recursos já estão sendo tratados pela administração junto ao Judiciário mineiro e a cidades vizinhas, que também são eventuais usuárias da APAC de Arcos. Bruno diz que há muitas promessas sérias e que ele acredita que a APAC conseguirá não só os recursos para toda a obra, como também para as adequações necessárias nas atuais instalações.