Hanseníase: Brasil tem mais de 90% dos novos casos registrados nas Américas

Em Arcos, duas pessoas estão em tratamento

Hanseníase: Brasil tem mais de 90% dos novos casos registrados nas Américas
Foto: Semioblog Humanitas

Em matéria publicada no Portal do Ministério da Saúde, no dia 30 de janeiro, destacou-se que o Brasil tem mais de 90% dos novos casos de hanseníase registrados nas Américas.

Atualmente, duas pessoas estão tratando contra hanseníase em Arcos. A enfermeira Fernanda Santos, coordenadora da Vigilância em Saúde no Município, relatou alguns dados ao CCO para a produção desta matéria.

Ela informou que o tratamento medicamentoso pode ser realizado de duas formas: com dose mensal, supervisionada pelo profissional médico dermatologista que acompanha os pacientes em tratamento; ou com autoadministração, variando de acordo com a classificação da doença e recomendação do Ministério da Saúde. Curativos e reabilitação também são ofertados quando necessário. 

No ano de 2023 ainda não há registros de novos casos da doença em Arcos e também não houve registros em 2022. Em 2021 foram feitos três registros. Em 2020 não houve registros. 

Algumas pessoas com hanseníase, diante da dificuldade de conseguirem um emprego, geralmente moram em colônias e saem quando desejam. Em alguns casos, ficam assentadas nas calçadas de alguns pontos comerciais pedindo esmolas para se alimentarem.  Em Arcos, cenas como essa eram mais frequentes no passado, há mais de 15 anos aproximadamente. Atualmente, são situações raras, mas não inexistentes. 

Ao identificarmos uma pessoa, entramos em contato com a Secretaria Municipal de Saúde, perguntamos se a unidade tem conhecimento e o que pode ser feito em situações como essa, para fornecer os medicamentos e o material para os curativos.   

A enfermeira Fernanda Santos respondeu que o setor da Vigilância em Saúde desconhece o caso mencionado, mas acrescentou que não descarta a hipótese de que o paciente seja acompanhado pela Unidade de Saúde de referência. “Ressalto que a afirmativa de que paciente tem Hanseníase deve ser melhor averiguada, visto que este já pode ter tido a doença em algum momento, ter realizado tratamento e possuir apenas sequelas”. Nesse caso, não há risco de transmissão da doença. 

Fernanda também informou que o setor irá averiguar o fato junto à Rede de Atenção à Saúde (RAS), implantada recentemente no município. “Caso necessário, o usuário será encaminhado aos setores e órgãos competentes para que possamos ofertar ao mesmo, maior qualidade de vida e consequentemente melhor condição de saúde”, respondeu.

É importante informar que, conforme consta em publicação da Prefeitura de Betim feita em novembro de 2021, no final da década de 1980 houve uma mudança da política nacional em relação às 33 colônias existentes no Brasil e os pacientes receberam alta. Desde 1995, o tratamento é oferecido por meio do SUS. Em 2021, a Colônia Santa Isabel, em Betim, completou 90 anos de história. 

Brasil está na lista de países prioritários no combate à doença

O Portal do Ministério da Saúde destacou, no dia 30 de janeiro, que, segundo a Organização Mundial da Saúde, as Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) causam entre 500 mil e 1 milhão de óbitos anualmente. Exemplos de DTNs: Hanseníase, febre chikungunya, esquistossomose, doença de Chagas, leishmanioses, raiva.

Nosso país integra a lista de 23 países prioritários no combate à doença

De acordo com a publicação, as Doenças Tropicais Negligenciadas são causadas por agentes infecciosos ou parasitas. Afetam, principalmente, as populações mais vulneráveis. A estimativa do Ministério da Saúde é que as DTNs representam ameaça para mais de 1,7 bilhão de pessoas no mundo, de comunidades mais pobres e marginalizadas. 

“Doenças que cegam, incapacitam e desfiguram, atingindo não apenas a saúde física e mental, como também as chances de convívio social”, escreve o jornalista Fran Martins, que assina a matéria do MS.

Busca Ativa

Ainda de acordo com a publicação do Ministério da Saúde, a Pasta da Saúde, juntamente aos estados e municípios, realiza ações de prevenção e controle das Doenças Tropicais Negligenciadas. Projetos de capacitação com profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) e estratégias de busca ativa de casos suspeitos nas comunidades estão entre as estratégias adotadas, assim como a atualização dos sistemas de informação sobre as doenças.

Para o combate à hanseníase, o Ministério da Saúde desenvolveu a Estratégia Nacional para Enfrentamento da Hanseníase, envolvendo estados e municípios.

O Dia de Luta contra as Doenças Tropicais Negligenciadas, 30 de janeiro, foi criado em 2019, por uma resolução da Assembleia Mundial da Saúde. Todos são convocados a se unirem “para enfrentar as desigualdades que causam essas enfermidades”. Em 2023, a campanha traz o tema “Act Now. Act Together. Invest in Neglected Tropical Diseases”, que, em português, significa "Aja agora. Aja junto. Invista nas Doenças Tropicais Negligenciadas". A proposta é “buscar o fortalecimento das intervenções e a promoção dos serviços de saúde equitativos para todos”.