O CONSOLO DE DEUS (PARTE 2)

Identidade Presbiteriana: confira a reflexão.

O CONSOLO DE DEUS (PARTE 2)

No Salmo 23.4 há uma definição prática do significado da fé, onde o salmista diz “ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo”. A fé verdadeira e bíblica é uma confiança real em Deus, é amor e dependência em Deus, é uma fé que se fortalece em momentos de angústia e sofrimento. A verdadeira fé bíblica nos leva a acreditar e dizer “ainda que andemos pelo vale da sombra da morte, não temeremos mal nenhum, porque sabemos que Deus está conosco”. Nesses dias sombrios e obscuros que estamos vivendo neste mundo, em nossa caminhada rumo ao Paraíso Celestial, devemos lembrar que todo cristão irá passar pelo vale da sombra da morte. 

O Salmo 23 foi escrito pelo rei Davi, que se utiliza da metáfora do pastor que cuida de suas ovelhas para descrever o cuidado pessoal de Deus para com o seu povo pactual, ou seja, aqueles que fazem parte da “Aliança com Deus”. A Igreja Presbiteriana do Brasil adota a expressão “Teologia Reformada Aliancista”, que basicamente se fundamenta na tríade “Reino, Pacto e Mediador”, que percorrem toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse. A Teologia da Aliança nasceu da constatação de que o Deus Soberano, Todo-poderoso e Criador dos céus e terra relaciona-se com o seu povo por meio de Alianças. O que temos no salmo 23, portanto, é a descrição da jornada de um rebanho em direção ao aprisco sob os cuidados do seu pastor. 

Nessa jornada o bom pastor provê repouso em pastos verdes, descanso em águas tranquilas, restauração das forças de sua alma cansada e direção segura pelo caminho da justiça (vs. 1-3). Entretanto, a jornada não é sem obstáculos. No caminho é necessário passar pelo vale. O vale é uma área baixa, cercada por montanhas ou colinas. No vale, a sombra das montanhas dissipa a luz, tirando das ovelhas toda visão e senso de direção. O vale, portanto, é o ponto onde as ovelhas ficam mais desorientadas e vulneráveis aos predadores. Por isso, na cultura bíblica o vale é figura de uma condição de angústia, humilhação, sofrimento e solidão. O vale é um lugar terrível como a morte, um lugar sem saída, um caminho sombrio por onde ninguém neste mundo gostaria de passar. No seu livro “O Peregrino”, John Bunyan diz que no caminho do cristão rumo a cidade celestial existe um vale, que aliás, é muito parecido com o vale do Salmo 23. O vale por ser um lugar solitário, escuro, amedrontador, um lugar de dúvidas, medos, incertezas e tentações, normalmente pensamos que o olhar gracioso de Deus se retirou e nos sentimos completamente perdidos e derrotados. 

De fato, todos passam pelo vale, mas o que fará toda a diferença é com quem estamos caminhando, quem está nos guiando através do vale. Davi diz que o SENHOR Deus é o seu Pastor, ele fazia parte do rebanho de Deus, e mesmo no vale da sombra da morte, há comunhão com Deus, sendo possível encontrar paz, segurança e consolo, pois, como diz o salmista Davi, Deus o Supremo Pastor “está comigo”, lembre-se, Deus é tudo o que precisamos para suportar e vencer as dificuldades nesse mundo. 

REV. ÉDER HENRIQUE

(Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil em Arcos)