ONG encaminha projeto de castração de animais ao Executivo municipal

Assessor da Prefeitura diz que a atual administração vai analisar a viabilidade de implantação

ONG encaminha projeto de castração de animais ao Executivo municipal

A Organização Não Governamental (ONG) Sociedade Amigos de Arcos (SaArcos) encaminhou o projeto de criação de um ‘Centro de Bem-Estar Animal’ para o prefeito de Arcos, Claudenir José de Melo, no último dia 2. O projeto tem o objetivo de reduzir o número de animais de rua, por meio da castração e do incentivo à adoção. A ONG solicita apoio ao Governo Municipal, com a doação de um local onde os trabalhos possam ser realizados.

A presidente da SaArcos, Marilene Soraggi, conta que o projeto surgiu como iniciativa para diminuir a superpopulação de animais abandonados na cidade. “A gente (membros da ONG) se sensibilizou de ver os animais abandonados nas ruas, aumentando a superpopulação de cães e gatos. A melhor solução é a castração de animais abandonados e de animais de pessoas carentes que queiram que os animais delas não se reproduzam”, explica.

Um dos problemas causados pelos animais de rua é eles revirarem as lixeiras. “Quando os animais estão abandonados, eles vão até o lixo para poderem procurar alimento. Com toda razão, porque para eles sobreviverem, têm que se alimentar. É igual quando um ser humano está com fome e vai à procura de comida, como ir a uma casa pedir alimento”, comenta Marilene Soraggi.

Além da castração dos animais de rua, o projeto inclui o incentivo à adoção. “O ser humano não para de desrespeitar os animais e seguem os abandonando. Então a gente quer, com o projeto, evitar isso. O ideal para o animal é ter um lar com pessoas que gostem dele, por isso que o projeto tem o intuito de encaminhar os animais de rua, já estéreis, para a adoção”.

A SaArcos pede que a Prefeitura doe um local para que a ONG possa realizar o projeto. “A gente não está pedindo canil. O que a gente quer é um espaço, que pode ser uma doação de um local que já existe ou uma construção de um local que tenha, aproximadamente, três ou quatro cômodos para serem realizados os atendimentos aos animais que estão doentes ou mutilados e também as castrações”, explica Marilene Soraggi. 

A previsão da ONG é que a média de castrações seja de 10 animais por semana. “O espaço que a gente quer suportaria até dez cães por semana. O lugar vai ter o local para a assepsia, para a castração e para a recuperação de animais doentes ou mutilados. Também haverá um espaço para abrigar o cão ou gato que vai sair do centro direto para adoção. Caso o animal não seja adotado, ele vai ser devolvido ao seu lugar de origem, o que não será abandono, porque os membros da ONG vão cuidar deles”, fala a ambientalista.

A ONG espera que veterinários sejam parceiros da iniciativa em Arcos. “A gente espera que tenhamos apoio de médicos veterinários e também esperamos apoio da Prefeitura nessa parte. É um trabalho lindo e temos que ter mais respeito pelos animais. Se eles nas ruas são um problema, temos que resovê-lo com amor, evitando a morte deles”, enfatiza.


Bem-estar animal

A presiente da SaArcos explica a escolha do nome do projeto. “O nome (Centro de Bem-Estar Animal) é devido ao fato de a maioria das cidades batizarem os locais para animais como centro de controle de zoonozes e quase todos eles fazem o sacrifício de bichos, o que a nossa ONG é contra. Esse nome (Zoonose) liga diretamente o animal à doença e o nosso objetivo é castrar e doar os animais, por isso decidimos por Centro de Bem-estar Animal”, ressalta.


Animais podem ajudar a curar depressão

Marilene Soraggi conta que médicos indicam a adoção de animais para ajudar no tratamento de doenças psicológicas. “Recebo muitas pessoas que estão com depressão e que me procuram querendo adotar um animal, porque o médico indicou para ajudar no tratamento. Também vêm idosos que procuram os bichos para companhia”.

Aumento na subvenção

No dia 1º deste mês, Marilene Soraggi encaminhou um requererimento para a Prefeitura e para a Câmara Municipal de Arcos, solicitando o aumento da subvenção de R$ 2 mil para R$ 6 mil por ano. Ela diz que o valor da atual ajuda não é suficiente para que a ONG realize os trabalhos, devido aos gastos com alimentação, higiene, medicação, vacinação e atendimento veterinário. 

A reportagem do CCO perguntou ao assessor de comunicação da Prefeitura, Márcio Ferreira, qual a posição do município sobre o projeto apresentado pela ONG. Ele diz que o Governo Municipal recebeu o projeto e vai analisar a viabilidade de implantação.

Márcio Ferreira pede que a população não abandone animais de rua. “A respeito dos animais abandonados nas ruas pelas pessoas, a população deve evitar essa prática. As pessoas que desejarem ter um animal de estimação devem avaliar as responsabilidades, cuidados e custos de se manter um animal. Assim, evitando o arrependimento e, por consequência, o abandono do animal na cidade”.

Sobre o pedido de aumento da subvenção recebida pela ONG, o assessor diz que o projeto está na Câmara de Vereadores para votação.

A lei Federal 9.605/98 considera como crime o abandono e maus tratos a animais. O Artigo 32 dessa lei diz que “"praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos" tem pena de três meses a um ano de prisão e multa”. Em caso de morte do animal, a pena pode ser acrescida de 1/3.

São considerados maus-tratos: abandonar, espancar, envenenar, não dar comida diariamente, manter preso em corrente, local sujo ou pequeno demais os animais domésticos, dentre outras práticas.

Matéria publicada no jornal CCO, edição de 14 de fevereiro de 2010