Sr. Roberto Rodrigues: vida dedicada à família, ao trabalho e à religiosidade

Sr. Roberto Rodrigues: vida dedicada à família, ao trabalho e à religiosidade

“Hoje a gente trabalha a mesma coisa, mas nossos direitos acabaram. Piorou muito! A gente não é mais dono da propriedade; antes a gente era dono e fazia o que precisava. Hoje não pode. Se fizer, é multado. A gente não está mandando no que é nosso”.

Roberto Rodrigues de Souza vai fazer 98 anos agora em julho. Mora na zona rural, região conhecida como Córrego das Almas. A casa é a mesma onde moravam seus pais.

É produtor rural “desde sempre”. Mesmo com quase 100 anos, ainda gosta de trabalhar. “Nós produzimos o que precisa. Eu ajudo os ‘meninos’ [filhos dele], planto uma rocinha para despesa (...); eu empurro e eles vão”, diz, sorrindo.

Ele conta que nunca contrataram empregados. “A família era grande. Meu pai tinha 15 filhos. Plantávamos milho, feijão... o que precisasse aqui na roça”.

Perguntamos se houve melhorias para os produtores rurais ao longo das últimas décadas. A resposta foi negativa, em virtude das leis ambientais rígidas que dificultam o trabalho no campo. “Hoje a gente trabalha a mesma coisa, mas nossos direitos acabaram. Piorou muito! A gente não é mais dono da propriedade; antes a gente era dono e fazia o que precisava. Hoje não pode. Se fizer, é multado. A gente não está mandando no que é nosso”.

Ao falar da família, nos contou que a esposa, Desirée Rodrigues de Sousa, faleceu em 2013. Disse que foi um casamento de 65 anos sem que sequer falassem mais alto um com o outro. O casal teve oito filhos: Maria, Geraldo, Roberto, Marcos, Sueli, Aparecida, Azor e José Márcio. 

Sr. Roberto acorda às 5 horas, mas levanta lá pelas 6, porque gosta de rezar, com os padres e as irmãs. Depois, é hora de comer quitandas fritas ou assadas no café da manhã. No almoço, come o que tiver. Gosta de tudo, especialmente da carne de porco. Eles criam porcos na propriedade. 

A saúde está em dia e ele conta, com orgulho, que nunca foi internado. É acompanhado pelo Dr. Cleudir Guimarães. 

Para distração, faz negócios: trocar e vender gado e porcos. Também anda a cavalo. “Pra velho, o melhor negócio é andar a cavalo... porque chega as juntas todas no lugar”, dá a dica. 


Saudades

Ao perguntarmos do que ele sente saudades, respondeu logo: “Tenho saudades de quando a gente tinha mais liberdade dentro do que é nosso. Cortava uma madeira... plantava, colhia (...) hoje a gente não pode (...)”.

A palavra mais usada ao longo da entrevista foi liberdade. Sr. Roberto realmente não se conforma com as restrições ambientais que, segundo ele, acabam interferindo na propriedade privada.


Igreja dos Reis Magos (Santos Reis) a poucos metros de casa

Foi o Sr. Roberto que doou o terreno para a construção da Igreja dos Reis Magos. “Eu que doei o terreno pra fazer, porque eu não conhecia uma igreja de Santos Reis na minha vida...”.

Depois de nosso bate-papo, perguntamos:

- O senhor é feliz? A resposta: “Graças a Deus! Não me falta nada!”.

- E o que mais o senhor gostaria de falar?

“Eu gosto de falar demais é em Deus. Sem Deus não somos nada, minha filha!”, concluiu, com um olhar de ternura.