‘Recados do Coração’ publicados em jornais arcoense nas décadas de 1980, 1990 e 1930

‘Recados do Coração’ publicados em jornais arcoense nas décadas de 1980, 1990 e 1930
Foto: Arquivo Jornal CCO

Terça-feira (12 de junho) é Dia dos Namorados, o que motivou a equipe do CCO a relembrar e republicar alguns “Recadinhos do Coração” que foram impressos em várias edições do Correio de Negócios no final década de 1980 até o início da década de 1990. 

O caderno de anúncios em geral foi uma publicação semanal que depois se expandiu com a produção de notícias de Arcos e região, dando origem ao Correio Centro-Oeste – jornalismo de qualidade em Arcos há mais de 33 anos.


Veja alguns exemplos de Recadinhos que foram publicados em edições de 1989 e 1990.

Para Carla (Táxi) – Quero te ver no salão dançante do Tio Patinhas sábado... (Chaveirinho).

Para Cacá (Tio João) – Você é uma gracinha, sabia? Pena que não olha pra mim! Beijos!!! (Raio de Luar).

Esses dois acima foram publicados na Edição nº 04 do Correio de Negócios (16 a 23.08.1990).

Para Rogéria Arantes – R. Major Valeriano Macedo. Você é a loira mais fofa e linda que existe. Te curto demais! (Admirador Secreto) - Edição nº 05 - 15 a 21.08.89.

Para Santos (PM) – Arcos – Este Jornal diz que tudo o que não nos serve mais deve ser anunciado no Correio de Negócios. Tenho um coração solitário sobrando... Quer pra você?? (Mel) - Edição nº 03 – 01 a 07/08/89.


À procura de namorado ou namorada 

Esses anúncios também eram publicados no Correio de Negócios em Arcos. Veja dois deles: 

“Loura” desquitada procura fazendeiro viúvo ou desquitado

Sagitariana, de boa aparência, loura, amante de tudo o que é belo, deseja corresponder com senhor responsável, respeitável, para um namoro sincero. Elisa – Iguatama.


Edição nº 05 – 15 a 21.08.89

Cinquentão simpático procura companhia 

Aquariano, cinquentão, simpático e inteligente, amante da natureza e divorciado está à procura de uma mulher em idênticas condições para construírem, juntos, uma vida feliz e autêntica. As interessadas poderão escrever para a avenida Laura Andrade (...) - Edição nº 03 – 01 a 07/08/89.


Talvez a geração atual de jovens tenha dificuldade em entender o que levava aquela geração de 1980 e 1990 a publicar, em um jornal, mensagens românticas para um garoto ou uma garota. Isso também era comum em emissoras de rádio. Na época, escrever cartas em papéis decorados e perfumados, remetidos à namorada ou namorado – ou mesmo à pessoa com quem se pretendia iniciar um namoro – era um hábito comum, afinal, falar ao telefone custava caro e não existia Internet. Ao postar a carta pelo serviço de Correios, se fosse para outra cidade, demorava, às vezes, mais de uma semana para chegar. O jornal Correio de Negócios circulava semanalmente em Arcos e em algumas cidades da região. Portanto, era outra opção para garantir que sua mensagem fosse lida pela pessoa amada.    


Década de 1930 – Mensagens publicadas no jornal arcoense “O Arco da Velha”

Em Arcos, o hábito de publicar “recadinhos apaixonados” em jornais impressos surgiu bem antes da década de 1980. O Jornal Arco da Velha (Edição n° 8, de 29 de outubro de 1933) fez uma publicação interessante sobre comportamento feminino e masculino. O redator, que se identificava como “Zé Ninguém”, fez as seguintes perguntas: O que os rapazes pensam das moças? O que as moças pensam dos rapazes? Ao lermos as respostas, verificamos que os rapazes da época eram mais românticos. Já as moças, com todo seu “empoderamento” já naquela época, eram mais críticas e hilárias.


Veja uma parte da publicação do Jornal Arco da Velha (outubro de 1933):

O que os rapazes pensam das moças

Publicamos, a seguir, algumas respostas que conseguimos obter sobre o que os rapazes pensam das moças. Ei-las:

“As moças são a causa da minha existência; porque se elas desaparecessem, eu me enforcaria” – Sidnei

“Uma flor que não deve ser colhida para não perder o encanto e o aroma”. – Jarbas

“Uma Joia caríssima que ainda não adquiri por falta de numerários”. – Sílvio

“Que são o que são e não o que parecem ser”. – Araújo.

“O maior adorno para uma casa e a minha menor preocupação”. – Totônio

“Uma relíquia de indefinível valor, que deve ser guardada com o maior carinho para não se estragar”. – Bandico

“A única coisa que me dá ânimo para enfrentar o trabalho com coragem”. – Dolfico

 “Um sonho que nos embala e do qual não devemos despertar para a realidade”. – Zelara

“A divindade da minha maior devoção”. – Chiquito

“Uma porta sempre aberta para nos conduzir ao purgatório... do casamento”. – Lamberti


O que as moças pensam dos rapazes? (Também da publicação de 1933 do jornal arcoense O Arco da Velha) 

A propósito dessa interrogação, feita por nós em último número deste jornalzinho, recebemos grande número de respostas, enviadas pelas gentis senhoritas, as quais, prazerosamente, aqui reproduzimos. A todas que tiveram a delicadeza de nos atender, a nossa sincera gratidão. Eis as respostas:

 “Um verdadeiro néctar; o resto, água de torneira”. – Rosita

“Passatempo adorável e inofensivo em mãos experimentadas”. – Sinhá

“Eu os considero balas: ora de mel, ora de fuzil”. – Lourdes

“Mendigos a quem atendemos por caridade”. – Iza

“Uma coisinha que substitui meus miolos por gasolina em chamas e troca meu coração por um carvão aceso”. – Luci

“Animais muito curiosos de que eu quero adquirir um para estudos”. – Iberita

 “Oceano revolto e traiçoeiro: Eu, o quero muito: ele lá e eu aqui pelas alterosas”. – Alice

“Entes de quem tudo adquirimos a troco de um sorriso”. – Adélia

“Pássaros ariscos que só com muito jeito conseguimos prendê-los e domesticar”. – Zilda

 “Criaturas paradoxais, capazes de todo bem e de todo o mal”. – Marieta

 “A pedra filosofal das moças”. – Candinha

 “Não entendo essas figuras enigmáticas”. – América

“Precisava tantos adjetivos bombasticamente doces para defini-los, que não me atrevo”. – Noraldina

“Droga amargosa que a gente toma para não morrer... solteira”. – Dalca

“Boas criaturas. Entretanto, desconhecem a sinceridade”. – Léa