Região precisa de mais atenção do poder público, segundo moradora

Série Bairros: Hilda Borges e Nova Morada II

Região precisa de mais atenção do poder público, segundo moradora

Fácil acesso, ruas amplas e boa infraestrutura. Bairro de trabalhadores, em sua maioria!

A assistência à saúde é feita pela Unidade Básica de Saúde (UBS) do Nova Morada I, que fica ao lado da instituição de ensino mais próxima para os moradores:  escola municipal ‘Olinda Veloso’. 

A obra do Centro de Educação Infantil que atenderá à região está em fase final de construção, também nas proximidades da escola. 

O CCO esteve no bairro na tarde de terça-feira (14), quando conversamos com a dona de casa Kelli Aparecida Silva e Carvalho (45), que é estudante de pedagogia e assistência social. Ela mora com a família na avenida Joaquim Rodrigues Veloso. Está lá desde 2009 e tem se empenhado na busca de melhorias para a comunidade. 

Casas populares – Kelli disse que a iniciativa do projeto de habitação na região teria sido do ex-prefeito Plácido Vaz em sua última gestão [2005 a 2008]. Relatou que, inicialmente, o loteamento foi cedido para a COHAB [Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais], para a construção de casas populares de valor menor. Depois, foram construídas as casas financiadas pela Caixa, com valor maior (Nova Morada II). Em seguida, foi desenvolvido o Residencial Hilda Borges de Andrade, também com casas populares do programa Minha Casa - Minha Vida.  “Primeiro, aqui teve o nome de Nova Morada II, que foram as casas da COHAB e da Caixa, feitas entre 2005 e 2006. Depois, só em 2016 que veio o ‘Hilda Borges’. É uma junção de bairros. O Nova Morada II fica no centro do ‘Hilda Borges’, que foi separado em duas partes: aqui onde estamos [avenida Joaquim Rodrigues Veloso] e na parte de cima onde vai para o Lixão e para Águas do Paraíso”.

Ao especificar a delimitação, ela disse que o Residencial Hilda Borges de Andrade começa antes do Nova Morada II. Tem duas sequências: uma na divisão com o presídio e outra saindo para a comunidade rural São Domingos.

O que tem de bom?

“Aqui é fresco, arejado. Não tem violência, é um bairro tranquilo, familiar, todo mundo conhece todo mundo e ajuda todo mundo. As agentes de saúde são prestativas, o PSF (Programa de Saúde da Família) está sempre atento”. 

Têm acesso não muito distante à escola municipal de ensino fundamental (“Olinda Veloso”) e do Centro de Educação Infantil que está sendo construído.

“Aqui é o lugar onde eles vêm e abandonam animais”

Kelli foi enfática ao dizer: “Aqui é um bairro muito discriminado. Toda vez que vêm políticos na minha porta pedir voto, eu sempre repito isso. Vou à Prefeitura, vou à Câmara e estou sempre batendo na mesma tecla: este bairro é muito discriminado em todos os sentidos”. 

Um fato que incomoda e prejudica a comunidade é que já houve situações em que moradores saíram do centro para ir jogar lixo lá, inclusive animais. “Ficamos muito chateados. Aqui é o lugar onde eles vêm e abandonam animais”.

Sobre a conquista do centro de educação infantil (creche), que está em fase final de construção, ela ressaltou que foi uma reivindicação dos moradores que levou muito tempo para ser atendida (mais de 15 anos, considerando que o bairro Nova Morada II surgiu por volta de 2006). As crianças são assistidas em unidades distantes, como por exemplo nos bairros São Vicente e Bom Retiro (Os Pequeninos de Deus). O número de vagas nas creches da cidade não está atendendo a toda demanda. 

Falta um espaço de lazer para as crianças, que poderia ser um parquinho em uma área verde. Ela sugere que seja construído ao lado do Centro Comunitário. 

Os jovens que gostam de praticar esportes iam até a quadra situada ao lado da escola “Olinda Veloso”, no bairro Nova Morada I, que atualmente não apresenta condições para ser frequentada. “Olha o estado da quadra [...]. Está toda comprometida; e na Academia, tem mato!”, faz as queixas.

Transporte coletivo – o acesso ao serviço de transporte coletivo também estava deixando a desejar, no início, segundo Kelli. Depois de reclamações, “foram providenciados uns seis pontos”. No entanto, ela explica que os horários não permitem que os usuários retornem logo para casa depois de irem ao centro.

Coleta de lixo – A coleta de lixo é feita regularmente, mas nossa entrevistada acredita que o ideal, para toda a cidade, é a coleta diária. “Acredito que uma coleta de lixo diária iria solucionar muitos problemas. As pessoas não iam ficar com lixo em casa e nem colocar [nas calçadas] antes do dia de recolhimento”. 

Sem entregas pelos Correios – A moradora afirmou que as entregas de correspondências e compras que dependem do serviço dos Correios não é feita no Residencial Hilda Borges. “Passam na porta, mas não entregam nada, mesmo sendo tudo legalizado. Alegam que o problema é do Governo Federal”. 

Falta de abastecimento de água na região – “A falta de água foi um dilema para todos nós. Eram três, quatro a cinco vezes na semana sem água. Na entrada deste mandado do prefeito [2021], ficamos janeiro inteiro sem água, mesmo com chuva. [...] Muitos moradores chegavam do trabalho e não tinha água em casa [...]; acontecia também nos fins de semana”, relata e fala das providências que foram tomadas em busca de uma solução”.

Segundo ela, faltava água também no presídio e na APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) e fizeram rebelião. Moradores do Nova Morada II também se manifestaram, “fechando a rua” e impedindo a passagem de veículos em direção à zona rural. Quando ocorriam esses protestos, o abastecimento voltava à normalidade por uma semana ou 15 dias; depois, o problema persistia. Foi quando Kelli se reuniu com alguns moradores e decidirem registrar denúncia no Ministério Público (MP) e na imprensa local e regional. Com a ação do MP, que exigiu providências, a situação está bem melhor. “Não parou de faltar água, mas está faltando menos. Hoje falta uma vez na semana, é tolerável”, conta. 

“Sonho que tenha, aqui, um comércio digno dos moradores, com preços acessíveis”

Na região tem três mercearias, segundo Kelli, todas no bairro Nova Morada II, mas os proprietários não têm conseguido manter preços mais baixos. 

Também não há padaria, nem farmácia e nem açougue nas proximidades. 

“Sonho que tenha, aqui, um comércio digno dos moradores, com preços acessíveis. Não estou criticando, estou dizendo que poderia ter um comércio com preços acessíveis”. 

Em busca de preços mais baixos, precisam ir aos hipermercados do centro. “Para tudo, os moradores têm que descer [para o centro]. Se tivesse mais horários de lotação, como no Oto Maia e Floresta, seria melhor, para as pessoas poderem voltar mais rápido”, sugeriu. 

“Eu queria muito que o poder público olhasse por este bairro”

Ela continuou falando sobre a importância de uma atenção maior do poder público, incluindo Prefeitura e Câmara. “Façam o que puderem! Aqui tem muitas pessoas em situação de vulnerabilidade. As pessoas têm muitas necessidades”.

A moradora fez questão de informar que o atual secretário municipal de Saúde, Tiago Carvalho, quando estava na Secretaria de Governo demonstrou interesse em ajudar. Ia providenciar lixeiras comunitárias e outros projetos, mas ele foi para a Secretaria de Saúde.

Ela cita, ainda, os vereadores Ronaldo Ribeiro e Laerte Mateus, que também ajudaram na busca de solução para o problema do desabastecimento de água. 

Centro Comunitário – no local é feita a distribuição de cesta verde, acontecem reuniões do PSF e são ministradas aulas de capoeira (pelo professor Elton, da Casa de Cultura). 

É também nesse espaço que é servida a sopa, duas vezes na semana, pelos voluntários do projeto de iniciativa do ex-vereador Dalvo Macedo. 

Nesta semana iniciaram a Roda de Conversa, com a psicóloga do PSF. É um projeto piloto.

“O CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), sediado no bairro Brasília, se interessou pelo bairro porque viu que aqui tem uma demanda grande; estão trazendo um projeto de artesanato que vai começar dia 23”, contou.  

Necessidades da cidade de Arcos 

Kelli observa que a população de Arcos precisa de mais um hipermercado, para atender melhor aos consumidores, inclusive com preços menores.

Atenta à importância do acesso à cultura, falou da necessidade de melhorias no prédio da Casa de Cultura. “Vou lutar pela Casa de Cultura. Estou me preparando para isso, porque ela está abandonada. [...] Tem goteira... quando chove fica lá o balde mais de uma semana, as prateleiras da área infantil estão caindo, os carpetes estão muito velhos – quem tem rinite não pode nem chegar perto. [...]. Fizeram uma reforma no teatro e pararam. Cadê a renovação dos livros?”.

Kelli espera que os políticos da cidade e também empreendedores estejam mais atentos às demandas da região do Nova Morada II e Hilda Borges de Andrade.  

A senhora que nomeia o bairro: Popularmente conhecida como a “Prefeita dos Pobres”, Hilda Borges de Andrade esteve à frente do Executivo Municipal em duas gestões: 1989 a 1992 e 1997 a 2000. Foi responsável por iniciativas de grande relevância para o Município, a exemplo da instalação da PUC em Arcos.