Moradores do bairro Mangabeiras reclamam da infestação de caramujos africanos

Moradores do bairro Mangabeiras reclamam da infestação de caramujos africanos
Vermes encontrados no caramujo africano podem causar doenças graves, como sérios problemas abdominais que podem provocar perfurações no intestino e até a morte por hemorragia

Próximo a residências localizadas nas imediações da rede ferroviária, no bairro Mangabeiras, há uma infestação de caramujos africanos (conhecidos como caramujos "gigantes"). A informação foi passada ao CCO pelo motorista Adalberto Alves Beirigo, na manhã da última quinta feira (7). 

Em visita ao local, na rua 'Capitão José Apolinário', a reportagem do CCO constatou que a presença desses moluscos está preocupando integrantes da comunidade.

Adalberto Beirigo disse ao CCO que ligou para a Prefeitura na última quinta-feira, 7, e o auxiliar de fiscal Dhyego Silva sugeriu que ele queimasse os caramujos. Não satisfeito com a sugestão, Adalberto diz que o problema poderia ser resolvido de outra maneira: "Se funcionários da Prefeitura viessem ao bairro e limpassem com a máquina, os bichos sairiam todos". 

Segundo outra moradora, Marlene Soares de Oliveira, há aproximadamente cinco meses o presidente da associação comunitária do bairro reclamou na Prefeitura sobre o mesmo problema. Marlene diz que na ocasião, "funcionários foram até o bairro, fizeram a limpeza e falaram que aquele trabalho era a única coisa que eles podiam fazer".

A dona de casa relata: "No último dia que choveu havia tantos caramujos na rua, que não tinha jeito nem de passar". A reportagem do CCO constatou a presença dos caramujos na rede ferroviária, em lotes residenciais e em pedaços de madeira, onde havia dezenas de filhotes.

Morador do bairro mostra uma tábua onde estão filhotes dos caramujos

Outro morador do bairro, o armador José Antônio Vieira, afirma que na casa da filha os caramujos sobem nas paredes. Ele também diz: "O rapaz da Prefeitura afirmou que aqui não tem recurso e a cidade está toda infestada. Não tem jeito de acabar."

Adalberto Beirigo afirma que se o problema não foi resolvido, ele reunirá a comunidade para fazer um abaixo-assinado direcionado ao Governo Municipal, solicitando a limpeza dos lotes. 


Representantes dos setores  de Posturas e Epidemiologia se manifestam

A reportagem do CCO conversou com o auxiliar de fiscal da Prefeitura, Dhyego Silva, na última quinta-feira. Ele confirmou ter recebido o telefonema de um morador do bairro Mangabeiras. "O mesmo perguntou o que nós poderíamos fazer. Sendo assim, ele foi orientado por mim e também o encaminhei ao setor de Epidemiologia". 

O CCO também conversou com o coordenador da Vigilância Epidemiológica, Geraldo Moura. Ele diz que não existe nenhum programa específico do município em relação ao combate de caramujos africanos, mas orienta que esse molusco pode ter bactéria que transmite doença. Até então, não há registro de casos na região. 

Geraldo Moura orienta que os próprios moradores podem fazer o recolhimento dos moluscos, em uma lata, tomando os cuidados necessários, e incinerar; e as crianças não devem ter contado, sendo mantidas distantes dos locais onde eles estão. Ao retirá-los, é importante usar luvas, para que não haja contato. 

Sobre a limpeza dos lotes, ele concorda que é importante, lembrando que fiscais da Prefeitura podem comparecer ao local e notificar os proprietários dos lotes para que façam a limpeza. 


Riscos para a saúde

Segundo informações publicadas no site Terra, o caramujo africano é vetor de doenças graves pelo fato de hospedar dois tipos de vermes. O Angiostrongylus costaricensi é causador de sérios problemas abdominais que podem provocar perfurações no intestino e até a morte por hemorragia. O outro verme é o Angiostrongylos cantonensis, principal causador da angiostrongilíase meningoencefálica humana, que tem como sintomas dor de cabeça forte e constante, rigidez da nuca e distúrbios do sistema nervoso. O simples toque na "gosma" que ele solta pode causar doenças. Por isso, a recomendação é a de que as pessoas não recolham caramujos sem luvas em hipótese alguma.


Matéria publicada no jornal CCO, edição de 10 de abril de 2011