Um pouco da história do bairro Bom Retiro, antigo ‘Brejo’

A localidade que já foi conhecida como ‘Brejo’ é o bairro ‘Bom Retiro’, situado entre as avenidas ‘Magalhães Pinto’ e ‘João Vaz Sobrinho’, nas proximidades do ‘São Vicente’ e ‘Santo Antônio’. 

Desde o final da década de 1980, o ponto de referência é a instituição Os Pequeninos de Deus, dirigida pelo padre arcoense Luciano Gontijo Pires, localizada quase no final da rua João XXIII/cruzamento com “Vera Cruz”. 

Dentre as oito ruas que fazem parte do bairro estão:  Rua dos Pampas, Rua Vera Cruz, Rua 13 de maio, Rua Bom Pastor (segundo Padre Luciano).

De acordo com informações obtidas pelo CCO no Cartório de Imóveis, o terreno pertencia a Jarbas Ferreira Pires (pai do padre Luciano Pires) e foi registrado em 29 de outubro de 1976 como o nome “Bairro do Bom Retiro”, portanto, há mais de 46 anos. Também relataram que outro loteamento na localidade foi registrado por Marlúcio Antônio Alves, em 10 de dezembro de 1991, com o nome Bairro Bom Retiro.

Uma funcionária do Cartório informou que o “Bom Retiro” é legalizado. Quanto ao bairro São Vicente (região do Lar Pousada dos Berto), nem todas as partes são legalizadas. 

A chácara da família de Jarbas Ferreira Pires

Padre Luciano Gontijo Pires é um dos seis filhos do casal arcoense Rosa Gontijo Pires e Jarbas Ferreira Pires. Ele foi escrivão, tabelião, filólogo e escritor; ela foi normalista e dona de casa.

De acordo com artigo publicado no Jornal Os Pequeninos, editado por Padre Luciano, o local que se tornou bairro Bom Retiro era a chácara da família. O pai dele teve a ideia de lotear três alqueires e a iniciativa de legalização do loteamento, inclusive assumindo todos os gastos. “[...] Às vezes havia uma política emperrada, mesquinha, que mais atrapalhava do que ajudava”, escreveu padre Luciano, referindo-se ao contexto daquela época.  Então, Sr. Jarbas fez a planta e a registrou. Com as aberturas de ruas, o proprietário vendeu e doou lotes, iniciando-se as construções de moradias.

 “O bairro Bom Retiro, inicialmente com suas casas de pau a pique, na medida em que vai se urbanizando e recebendo pouco a pouco melhoramentos de infraestrutura, vai deixando de ser o ‘brejo’, termo que não se usa mais. [...] Hoje, já quase densamente povoado, vai substituindo antigas e simples casas por sobrados ou até mesmo prédios. Podemos considerá-lo um bairro dormitório, de trabalhadores [...]”, escreveu padre Luciano, em um dos seus artigos, onde também enfatizou que o desenvolvimento, que tem sido paulatino, se deve, sobretudo, ao empenho dos seus moradores.

“Padre Luciano veio pra cá e morava em uma casinha de chão. [...] Ele era novinho! Depois começou a construção da creche”

Na tarde de terça-feira (31 de janeiro), o CCO esteve na rua João XXIII, nas proximidades da sede da instituição “Os Pequeninos de Deus”, onde conversamos com a moradora Zenilda Nogueira Alves, 62 anos, uma das pessoas que colaborou voluntariamente e também foi funcionária remunerada na então creche. Ela disse que quando o padre chegou, havia apenas o terreno. “Padre Luciano veio pra cá e morava em uma casinha de chão. [...] Ele era novinho! Depois começou a construção da creche”. 

O padre contou com a colaboração de várias pessoas da comunidade desde o início da construção. “Deus abençoou e foi feita a creche, com a maior dificuldade, mas foi!”. Com o prédio pronto, a instituição passou a acolher as crianças para que as mães e os pais pudessem trabalhar – e também para que os pequenos tivessem alimentação adequada. 

Aparecida de Oliveira Andrade, 78 anos, moradora da rua Vera Cruz, foi outra colaboradora. Ela citou alguns nomes e depois resumiu: “Toda a comunidade ajudou... era tanta gente!”.

As duas confirmam que a instituição “Os Pequeninos de Deus” transformou a história da comunidade, porque, antes, as dificuldades na criação dos filhos eram maiores.

Necessidades do bairro – As duas entrevistadas não têm queixas quanto ao bairro. Fizeram apenas algumas observações. Zenilda pede ao Governo Municipal que providencie lixeiras para serem colocadas em alguns pontos.  Também sugere a contratação de mais um médico para a Unidade Básica de Saúde que atende aos moradores da região, onde a demanda é muito grande. Aparecida fala da necessidade de melhoria na capina das ruas.   

Padre Luciano estudou em Harvard (nos Estados Unidos)

Luciano foi ordenado padre pela Arquidiocese de São Paulo, em 1978. Nos seus primeiros anos de sacerdócio, fundou um Centro Social na capital, a fim de acolher crianças de rua. Depois de algum tempo, foi para os Estados Unidos, onde ficou por aproximadamente cinco anos, estudando e trabalhando.

Ao retornar a Arcos, optou por permanecer aqui e fundou a Sociedade Pequeninos de Deus, em 14 de maio de 1989. A primeira obra foi a creche, pioneira no município, que chegou a atender mais de 200 crianças. Foi construída no terreno do bairro Bom Retiro que padre Luciano recebeu como herança de família. Ele cumpre sua missão em Arcos há aproximadamente 34 anos: um trabalho de cunho social, educativo, de promoção humana, religioso e cultural. 

É graduado em Sociologia pela PUC em Campinas; Teologia, pela PUC em São Paulo; pós-graduado em Teologia em Harvard (nos Estados Unidos), que é uma das instituições educacionais mais conceituadas do mundo; e pós-graduado na área de Sociologia na USP (Universidade de São Paulo). Fala quatro línguas: inglês, francês, italiano e espanhol. 

A serviço da população

A construção de três pavimentos – sede e ‘Casa Mãe Os Pequeninos’ – tem 2.000 m2. Atualmente, está com aproximadamente 10 criança no Berçário (de 5 meses a 3 ou 4 anos idade), que ficam na instituição de 7h30 às 16h.  

O terceiro andar é um amplo salão para diferentes atividades, a exemplo de almoços com renda destinada à instituição, celebrações, cursos, encontros, reuniões, festas, recreações, convenções e shows. 

Na instituição também tem uma biblioteca, produzem o jornal Os Pequeninos, realizam retiros espirituais e estudos bíblicos teológicos. O Bazar da Pechincha é outra importante ação. 

Uma igreja ampla e arejada, com missas de terça a domingo

A ‘Casa Mãe’ conta, ainda, com uma ampla casa de oração: “Igreja Bom Pastor e Maria Mãe de Deus”, que foi construída numa área superior a 1.700 m² e está em fase de acabamento. A obra é sustentada por oito grandes colunas. A imagem de Nossa Senhora Mãe de Deus e de seu Filho Jesus, a primeira em Arcos, foi colocada no alto da cúpula no dia 11 de agosto de 2018. Tem mais de três metros de altura.

As missas são celebradas de terça a sábado às 16h30 e aos domingos em dois horários: 10h30 às 16h30.

Apoio da população e do poder público

A população contribui com trabalhos voluntários e doações em dinheiro; a Prefeitura repassa um valor paga pagamento das funcionárias. 

Se você quer ajudar, o telefone da instituição é: (37) 3351-3074. Ligue para obter outras informações.