Vereador sugere que prefeito de Arcos surpreenda fazendo ‘saúde de excelência’

Ronaldo Ribeiro pede que o prefeito pare de controlar os repasses para a Santa Casa com “conta-gotas”

Vereador sugere que prefeito de Arcos surpreenda fazendo ‘saúde de excelência’

“Parece que o Município, Tiago, pisa na garganta da Santa Casa o máximo que dá conta e fica entregando de conta-gotas. [...] Você disse que tem a questão orçamentária, mas Saúde, se ela não for prioridade, não funciona. Tirando questão eleitoral, leve esse recado ao prefeito. Se ele quer pensar uma saúde melhor em Arcos, não faça conta-gotas, que repasse o valor necessário [...]. Estamos com superávit. [...]. Que ele [o prefeito] surpreenda fazendo aquilo que a população espera, uma saúde de excelência. [...] Se for necessário, a Santa Casa devolve [o que não gastou]. [...] Não existe saúde em Arcos sem a Santa Casa. É o único hospital que nós temos. Hospital São José tem o nome de hospital, mas não é hospital, você e a população sabem que não é. [...]”.
O comentário foi feito pelo vereador Ronaldo Ribeiro em diálogo com o secretário municipal de Saúde, Tiago Carvalho, na reunião da Câmara de Arcos do dia 1º de abril. O vereador considerou a importância de repasses integrais, no valor necessário para a garantia da excelência no atendimento à população, evitando desgastes.
Ronaldo também falou que a Santa Casa tem que ser atrativa para os profissionais de saúde, ou seja, são necessários incentivos para que tenham interesse em trabalhar naquela unidade. “É necessário remunerar bem esse pessoal; e nesse ponto entra a Prefeitura”.

 
Durante o diálogo com o vereador, o secretário de Saúde discordou que os repasses sejam feitos a “conta-gotas”. “Vejo a construção de uma parceria que está sendo criada no Município com a Santa Casa hoje, que nunca se viu antes na história do Município. Eu desafio, aqui, a gente puxar orçamento de alguma administração anterior que passou tanto recurso para a Santa Casa como nós estamos passando”. 
Tiago Carvalho reconheceu que a Santa Casa é peça fundamental, importante e vinculada ao Município, sendo a unidade de internação. Ele informou que o Governo do Estado e o Ministério da Saúde já estão indicando que hospitais que não se sustentarem serão municipalizados. Também disse: “Hoje, o Município quase que tem dois hospitais municipais dentro da cidade, porque tem o ‘São José’ com recursos 100% do Município, praticamente, e tem a Santa Casa que a gente tem que colocar dinheiro, senão fecha”.

Dinheiro investido na UTI Covid (março de 2021 a março de 2022) e destino dos equipamentos 

O gestor administrativo e financeiro da Santa Casa, Carlos Magno, informou, na Câmara, que para o enfrentamento da Covid na época da pandemia, o Município de Arcos transferiu R$ 4,9 milhões (R$ 4.950.000,00) para a Santa Casa. Ele especificou as aplicações. Em equipamentos, foi investido R$ 1,7 milhão.  Quanto a recursos do Estado e da União, para a mesma finalidade naquela época, foram designados R$ 5,2 milhões (R$ 5.257.589,51).
O custeio mensal é elevado. Na pandemia, foi programado um valor de 776 mil/mês para manutenção. Na época, em decorrência da “lei da oferta e procura”, houve inflação nos preços de itens hospitalares. Carlos Magno exemplificou que medicamento que custava R$ 1,00 teve preço reajustado para R$ 10,00.
Sobre os equipamentos adquiridos para a unidade de terapia intensiva naquela época, Carlos Magno assegurou que os mesmos não ficaram “encaixotados” indevidamente, conforme já foi comentado na cidade. “Estou aqui há um ano e seis meses mais ou menos. Uma das primeiras ações que a gente fez foi um inventário dos equipamentos da época do Covid. Tenho tudo documentado e está no processo”. Ele relatou que foram inventariados 271 itens. Desses, 210 estão em uso dentro da Santa Casa; 33 estão sob guarda (backup), devido à necessidade de plano de contingência em caso de quebra do equipamento principal (por exemplo: monitor multiparâmetros e bomba de infusão); 13 foram emprestados para o Pronto Atendimento Municipal São José, para atender à necessidade dos usuários, com o devido Termo de Empréstimo (assinado em 23/12/2022) com registro fotográfico dos itens e destinação. 
Dos 271, houve 15 baixas por obsolescência, ou seja, eles estragaram, a exemplo dos colhões pneumáticos. Quanto aos itens que estão guardados, uma empresa presta serviço de manutenção preventiva e corretiva. 
Carlos Magno assumiu o cargo em outubro de 2022, no início da fase de intervenção judicial.

Vereador Ronaldo Ribeiro disse que a Santa Casa tem que ser atrativa para os profissionais de saúde, para que tenham interesse em trabalhar lá. “É necessário remunerar bem esse pessoal; e nesse ponto entra a Prefeitura” – disse.