Confraria dos Surdos em Arcos tem projeto para diagnóstico e prevenção da surdez

Os autores idealizam a construção de um Centro de Referência em Surdez em Arcos; o Município conta com apenas um fonoaudiólogo que atende nas 12 Unidades Básicas de Saúde (UBSs)

Confraria dos Surdos em Arcos tem projeto para diagnóstico e prevenção da surdez
Coordenadora da Confraria e intérprete de Libras, Paula Sandra; Sérgio Augusto (professor de Libras da Confraria), Rejane Luísa Rodrigues (assistente social) - foto: Jornal CCO

Desde março de 2015, Arcos conta com a atuação da Confraria dos Surdos, instituição sem fins lucrativos que tem o objetivo de promover a inclusão social e melhoria da qualidade de vida das pessoas surdas e/ou deficientes auditivas (D.As) e de seus familiares.

A professora Paula Sandra Goulart, intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), dedica-se à causa há longa data e, atualmente, é coordenadora administrativa da Confraria. Na expectativa de melhorar a assistência a esse público, ela idealizou o projeto “Diagnóstico e Prevenção da Surdez nas Crianças da Rede Municipal de Ensino em Arcos”. O trabalho foi elaborado em 2022, pela equipe técnica da Confraria.
A equipe tem a esperança de que seja construído, em Arcos, um Centro de Referência em Surdez, afinal, apenas um fonoaudiólogo atende nas 12 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do Município. Na proposta também é relatado que a Confraria dos Surdos já se deparou com questões delicadas e tristes. Leia uma história relatada ao CCO e publicada em dezembro de 2022: https://www.jornalcco.com.br/dificuldade-para-registrar-pedido-de-aparelho-auditivo-em-arcos.

Número de moradores de Arcos com deficiência auditiva e surdez

A falta de informação é preocupante e dificulta para que se possa mensurar e alcançar todos que precisam de assistência. Conforme consta no projeto da Confraria dos Surdos, não se sabe nem mesmo o número de pessoas em Arcos que têm deficiência auditiva (D.A.) e ou surdez, ou seja, não há um cadastro atualizado. Os autores do projeto relatam que, em 2022, “por inúmeras vezes”, tentaram obter, junto à Secretaria Municipal de Saúde, esse quantitativo das pessoas cadastradas nas UBSs, porém, “nem as unidades de saúde têm esses dados”, conforme foi relatado no texto.

Também consta, no projeto, que no Censo do IBGE realizado em 2010, 1.710 pessoas em Arcos informaram que tinham algum problema auditivo. Ontem, dia 29 de abril, o CCO apurou que ainda não há informações atualizadas sobre esse quantitativo referentes ao último Censo. 
Ao representar as pessoas com D.A e/ou surdas de Arcos, a Confraria – que conta com profissionais de fonoaudiologia, assistência social e psicologia – propôs o projeto “com vistas a conscientizar as famílias sobre os cuidados com a saúde auditiva e lhes oferecer direcionamentos aos serviços necessários em caso de diagnóstico positivo, evitando, assim, perdas irreparáveis para as crianças em idade escolar”.

Objetivos do projeto
  
O objetivo geral do projeto é adquirir equipamentos, materiais e profissionais para executar ação diagnóstica e preventiva de saúde auditiva nas crianças matriculadas nas creches e escolas da rede pública municipal, com posterior encaminhamento para tratamento e acompanhamento ainda na primeira infância, evitando, assim, prejuízo educacional e emocional para elas e seus familiares.

Quanto aos objetivos específicos, são os seguintes: prestar serviços de promoção e prevenção da saúde auditiva; realizar atendimentos multidisciplinares (assistência social, fonoaudiologia e psicologia); oferecer apoio às creches, escolas e às famílias; orientar as famílias com crianças com D.A. e/ou surdas sobre os serviços essenciais a que têm direito; evitar os prejuízos na comunicação, educação e desenvolvimento humano das crianças surdas; conscientizar os profissionais da educação e as famílias sobre as questões que envolvem a saúde auditiva e a surdez; levar os serviços prestados pela Confraria de Surdos para perto da Comunidade.

Assistência seria nas dependências das creches/escolas municipais

A proposta é que o projeto aconteça nas dependências das creches/escolas municipais, de acordo com planejamento entre a Secretaria Municipal de Educação e Confraria dos Surdos. A expectativa é de atender uma unidade escolar a cada semana.

Para execução do projeto é necessário o trabalho de uma equipe multidisciplinar composta por profissionais de assistência social, psicologia, fonoaudiologia e coordenador (todos cedidos pela Confraria dos Surdos).

Depois de realizados os exames, os responsáveis receberiam as orientações sobre a necessidade ou não de um tratamento, dependendo do diagnóstico.

A Confraria é capacitada para oferecer as devidas orientações e, dentro de suas condições, o suporte para iniciar o tratamento. Não cabe à Confraria o fornecimento de aparelhos auditivos e/ou implantes cocleares.

O principal objetivo é auxiliar no diagnóstico precoce da surdez e nos cuidados que essa exige.

No projeto é informada a relação de todos os materiais e equipamentos necessários para a concretização, inclusive com orçamento (realizado em 2022).  

Segundo Paula Sandra, a ideia inicial é atender às crianças da rede municipal de ensino. Se for concretizado, posteriormente poderia ser ampliado o atendimento à população em geral.  “Arcos conta com apenas um profissional de fonoaudiologia na rede pública de saúde, para atender a toda população (mais de 40 mil habitantes). É apenas um profissional para atender às demandas de todas as unidades de saúde do Município. Com isso, grande parte da população fica sem acesso ao serviço”, comenta Paula Sandra.

O projeto mencionado nesta matéria é apenas uma idealização. Ainda não há um investidor.

Governo Municipal

O CCO aguarda informações da Secretaria Municipal de Saúde sobre o porquê da dificuldade em contratar fonoaudiólogos.  Se a questão é a falta desses especialistas no mercado, como já foi dito informalmente, talvez uma melhor remuneração pudesse atrair esses profissionais. O CCO também aguarda informação sobre o cadastro de pessoas com deficiência auditiva em Arcos. Perguntamos, ainda, para quais municípios são feitos encaminhamentos para realização de exames audiométricos. Enviamos as perguntas ontem à tarde (29 de abril), às 14h09, por whatsApp. Fomos informados que o secretário de Saúde estava em reunião. Não conseguimos contato com ele. Assim que tivermos acesso a essas informações, iremos atualizar esta matéria ou produzir outra sobre o tema.