Mais de 20% da população arcoense tem algum tipo de deficiência

Dados mostram que 23.98% da população local é portadora de algum grau de necessidade especial – seja motora, visual, auditiva ou intelectual

Mais de 20% da população arcoense tem algum tipo de deficiência
Segundo um portador de necessidades especiais, apesar de o município oferecer locais adaptados para deficiente, ainda há muito o que melhorar, principalmente em relação às calçadas, que são irregulares.

Matéria publicada no jornal CCO, edição de 02 de dezembro de 2012

Amanhã, 3, será celebrado o Dia Internacional do Portador de Deficiência Física. A data foi instituída pela Assembleia Geral da ONU, com o objetivo de conscientizar a população mundial e comprometer autoridades a executarem programas de ação que modifiquem as circunstâncias de vida das pessoas portadoras de deficiência em todo o mundo.

De acordo com o site do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, a pessoa portadora de deficiência física (PPD)  é aquela que apresenta perda ou anormalidade de uma estrutura ou função fisiológica ou anatômica, que se manifesta por meio de amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral e deformidade congênita ou adquirida de membros.                     

Segundo dados do Censo 2010, feito pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o município de Arcos tem 8.777 pessoas com algum tipo de deficiência motora, visual, intelectual ou auditiva. Desse total, 51.78% têm algum grau de deficiência visual. Ainda dentro desse grupo, 30 pessoas não conseguem ver de modo algum, 1.010 têm grande dificuldade e 3.525 têm alguma dificuldade. Dentro desse grupo as mulheres são maioria, representando 54,10% do total (2.211 moram na zona urbana e 259 na zona rural), e 1.811 são homens residentes na zona urbana e 264 na zona rural.

A segunda deficiência permanente mais declarada é a auditiva. Dados mostram que 39.55% da população tem algum tipo de deficiência auditiva, o equivalente a 3.472 pessoas; 1.233 têm alguma dificuldade; 453 têm grande dificuldade e 50 pessoas não conseguem ouvir de modo algum. Desse total, homens são a maioria, representando 26.46 % do grupo (118 vivem na zona rural e 801 vivem na zona urbana), e 69 são mulheres residentes na zona rural e 750 na zona urbana. 

A deficiência motora atinge 24.14% da população arcoense, o equivalente a 2.119 pessoas, sendo que 708 têm grande dificuldade com a deficiência, 113 não conseguem de forma alguma  e 1.298 tem alguma dificuldade. Desse total, mulheres também são a maioria, com 61.01%  (1.179 são mulheres e vivem na zona urbana, enquanto 114 vivem na zona rural), e 54 são homens residentes na zona rural e 753 na zona urbana.

Por último, 4.06% da população (357 pessoas) tem deficiência mental/intelectual. Nessa categoria, homens são a maioria e representam mais da metade (59.38% - 212), residentes apenas na zona urbana. Em relação ao sexo feminino, 13 vivem na zona rural, enquanto 133 vivem na zona urbana.  


Portadores de necessidades especiais no mercado de trabalho 

Ainda de acordo com dados do Censo 2010, das pessoas portadoras de alguma das deficiências citadas, 1.404 são homens e a maioria dos que estão empregados (equivalente a 202 pessoas) estão em idade entre 45 e 49 anos; e a minoria (77 pessoas) têm idade entre 15 e 19 anos. Do sexo feminino, 2.498 mulheres trabalham e 169 delas estão na idade entre 55 e 59 anos; e a minoria (19 pessoas), entre 15 e 19 anos.

A pesquisa mostra também que no grupo de deficientes que não conseguem de modo algum, 23 pessoas com problemas auditivos trabalham e têm rendimento de mais de meio a um salário mínimo; 19 pessoas com deficiência motora recebem mais de meio a um salário mínimo; com deficiência visual, 10 pessoas têm rendimento de mais de dois a três salários mínimos e sete recebem mais de um a dois salários mínimos. 


Pouca acessibilidade

Em dezembro de 2004, a Lei de Acessibilidade (Decreto 5.296/04) estabeleceu normas gerais e critérios básicos no país para melhorar a acessibilidade.  A legislação é  ampla e abrangente, e tem incentivado as cidades a se tornarem mais acessíveis, como por exemplo, fornecer rampas de acesso e vagas em empresas. 

O servidor público Venâncio Félix de Carvalho é portador de retinose pigmentar – uma moléstia de origem genética que leva à degeneração da retina. Ele conta que a doença faz com que ele tenha visão noturna reduzida, campo visual estreito e perca a visão gradativamente. Venâncio ressalta que a acessibilidade em Arcos ainda é muito deficitária. 

Para que a situação melhore, ele orienta que é necessário  maior conscientização de todos. O servidor público conta que é difícil andar pelos passeios irregulares e estreitos da cidade. Outras dificuldades encontradas por Venâncio são as diversas rampas de garagem, telefones públicos e o lixo que as pessoas deixam nas calçadas. “Às vezes as pessoas não têm consciência e deixam lixo e outras coisas no chão. As pessoas de interior também são muito fechadas, acredito que elas em geral tenham que ter mais paciência. Se as pessoas fechassem os olhos e tentassem andar pelos passeios, entenderiam”, diz.