Mara Couto, uma arcoense há cinco anos na Inglaterra

Da Inglaterra, Mara Couto escreve sobre sua mudança de vida, há 5 anos, quando mudou-se com sua família para a cidade de Bracknell, no sudeste inglês

Mara Couto, uma arcoense há cinco anos na Inglaterra
Samuel, Heitor, Manuela e Mara com a Bridge Tower (Torre da Ponte sobre o rio Tâmisa)

Os mineiros são dos brasileiros que mais viajam pelo mundo. Pelo menos isso é o que muita gente fala. Inclusive, uma reportagem do Fantástico já mencionou este dado, anos atrás, ao apresentar os brasileiros que vão tentar vida melhor em outros países. Inspirado nesta ideia, o Jornal CCO passa a produzir e publicar matérias apresentando aspectos de outros países no relato dos arcoenses que lá estão vivendo, definitiva ou temporariamente: arcoenses que estão pelo mundo.


Na Inglaterra

Londres

A primeira arcoense que vai contar sobre isso para os leitores conectados no Portal do Jornal CCO é Mara Nunes Nogueira Couto, de 34 anos, pedagoga, que trabalha no departamento de Educação Especial de uma escola primária, a Jennet’s Park Primary School, em Bracknell na Inglaterra.

Castelo de Warwick

Mara é filha do casal arcoense Mário Nogueira e Patrícia Nunes. Ela é casada e vive com seu esposo, o belo-horizontino Samuel Braga de Oliveira Couto, de 43 anos, que é engenheiro aeronáutico, no cargo de supervisor de qualidade, na British Airways. O casal tem dois filhos Heitor (8 anos) e Manuela (7 anos).

Londres: Big Ben ao fundo

Eles vivem na cidade de Bracknell, no sudeste do país, na região de Berkshire. Ela conta que Samuel já tinha cidadania europeia e estava à procura de novas oportunidades de trabalho. Ela explica que a cidade tem pouco mais de 110 mil habitantes, é muito arborizada, tem lindos parques e fica a 20 quilômetros do Castelo de Windsor e há 40 minutos de Londres.

Castelo de Windsor

Mara conta: “Os primeiros choques que eu senti foi a barreira com a nova língua e o clima. Todos sabem da fama do Reino Unido, muita chuva e neblina no inverno”. Sobre o clima, ela diz que é bem diferente do Brasil. “Eu adoro clima mais frio, mas não gosto de céu cinza, e muitas vezes temos dias nublados. No inverno temos, dias curtos e noites longas e, agora que estamos no verão, o sol se põe depois das 21h, amanhecendo antes das 5 horas.

Vale a pena lembrar que a Inglaterra é um país da Europa. A Grã-Bretanha é uma ilha que reúne Inglaterra, Escócia e País de Gales. O Reino Unido é um agrupamento político que une os países da Grã-Bretanha, a Irlanda do Norte e várias pequenas ilhas.


Planejamento foi importante

Mara diz que a ida para a Inglaterra foi bem planejada. “Samuel veio alguns meses antes e quando chegamos, já tínhamos nossa casa bem preparada para começar a nova vida. Pensávamos que não seria um processo tão complicado, mas somente no cotidiano é que vamos encontrando os desafios”.  O planejamento não resolveu tudo e ela explica, dizendo que tudo se torna novo, por ser diferente das referências e experiências anteriores: o modelo de casa, a escola das crianças, as comidas, o sistema de saúde, a condução do veículo na “contra mão”, entre outras coisas que surgem a cada dia no novo lugar. 

Ela diz que, muitas vezes, essas diferenças parecem ser de difícil superação. “Porém, quando entendemos que toda essa adaptação faz parte do processo e temos um objetivo definido, acaba ficando mais tranquilo”. 

Ela fala da boa combinação que, em sua opinião, só é encontrada no Brasil: um povo hospitaleiro e feliz, comida boa e clima bom. No entanto, ela destaca: “Em relação aos principais fatores positivos, percebemos, no dia a dia, que temos: mais segurança, uma ótima educação gratuita e inúmeras facilidades, incluindo o lazer e a cultura”. Ela exemplifica, dizendo que há ótimos museus gratuitos, muitos parques com paisagens lindas e adaptados para crianças, com diferentes atrações.


Com o Brasil no coração

“Saudade, esse sentimento que faz morada na vida de expatriados”. Ela diz que seu maior questionamento em todas às vezes que pensam na distância da terra natal é a saudade da família. Ela diz que também sente saudades das comidas. “Embora seja fácil encontrar muitos produtos brasileiros na Inglaterra, não tem o pão de queijo da minha mãe, nem a rosquinha e o biscoito da minha vó”. Ela também diz que sente falta dos amigos e de um bom encontro de família.

Eles já retornaram quatro vezes ao Brasil. “Sempre que chegamos, sentimos vontade de ficar, mas também gostamos muito de voltar para a nossa casa aqui”. Ela afirma que os cinco anos que lá estão têm sido uma experiência maravilhosa para o casal e para os filhos. Afirma também que gosta muito da Inglaterra e têm grandes amigos brasileiros por lá.

Mara diz: “Nossos planos de curto e médio prazo, atualmente, são continuar por aqui ou em algum outro país. A longo prazo, talvez voltarmos para o Brasil ou também iremos para outro país”. Ela prevê que após a aposentadoria, eles retornem ao Brasil ou se mudem para um país ao sul do continente europeu, mas, na expectativa de que os pais possam morar perto deles. 


A diferente realidade inglesa

Mara conta que a Inglaterra é um país rico e que, atualmente, apesar de enfrentarem uma inflação bem alta, tudo parece que estar caminhando bem para os próximos meses e anos. “Não há uma desigualdade social tão grande. É um país que sempre tem muitas oportunidades de trabalho e isso contribui muito”. Eles observam na escola onde ela trabalha, que a comunidade é formada por crianças de diferentes nacionalidades e que no bairro há vizinhos com diferentes profissões. Segundo ela, como o governo disponibiliza diversos benefícios que parecem ser bem eficientes, na cidade onde vivem não há pedintes, embora ela já tenha visto alguns em Londres.


Educação e saúde são destaque

A caminho da escola - Bracknell

Ela constata que toda a população usa o sistema público de educação e de saúde públicos. “O sistema de educação é muito bom, eficiente e bem supervisionado. As escolas têm ótimas estruturas e recursos, também não precisamos comprar material escolar”. Ela relata que lá aulas das escolas primárias (equivalente à educação infantil e ensino fundamental I) acontecem das 9h da manhã às 3h da tarde. Ela conta que as séries, na escola primária, são divididas em 1º e 2º anos (Key Stage 1) e 3º ao 6º ano (Key Stage 2).

Mara esclarece que a avaliação da educação infantil é feita para crianças com idade entre 4 e 5 anos, sobre critérios como a linguagem, comunicação, alfabetização e matemática. Ela detalha que acima dos 5 anos, as crianças são avaliadas diariamente, não há provas/testes com datas marcadas e os pais recebem um relatório com o desempenho da criança em determinados períodos e ao final das etapas Key Stage 1 e 2.

Mara explica que, a cada seis semanas, há uma pausa no trabalho. Esta pausa pode ser de uma semana ou mais quando é tempo de alguma comemoração, tal como: Natal e Páscoa. Segundo ela, ano letivo começa em setembro e termina no meio de julho.

Passeio: falésias brancas da cidade de Dover (fundo à esquerda)

Mara avalia que o sistema de saúde é muito bom e que sempre foram muito bem atendidos. Ela afirma que, apesar de se adaptarem bem, o sistema de saúde é diferente do Brasil em algumas questões: “Por exemplo, temos o médico da família que cuida de todos e somente se for preciso ele encaminhará para um especialista. Mesmo que você tenha um plano privado, é necessário o encaminhamento do médico do sistema público”. Ela diz ainda que toda criança é muito bem cuidada. Independentemente da condição socioeconômica, todos têm os mesmos direitos, conclui. 

Mara finaliza: “Gostaria de agradecer o convite do CCO. Foi um prazer dividir um pouco da nossa aventura de expatriados. Um abraço aos meus queridos conterrâneos”.

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Atenção: se você conhece algum arcoense que esteja vivendo em outro país, por favor, entre em contato conosco, pelo telefone (37) 3351-1946 ou envie uma mensagem para o e-mail portalcco@gmail.com.br